Pular para o conteúdo principal

Vazamento no Facebook: o que novo escândalo revela sobre práticas da empresa - POR: BBC BRASIL

 

Logo do FacebookDocumentos vazados parecem revelar descontentamento de funcionários

O Facebook enfrentou nos últimos dias uma série de acusações sobre seu funcionamento interno, após revelações do jornal americano Wall Street Journal e de outros veículos.

Muitas das informações vêm de próprios documentos internos do Facebook, sugerindo que pessoas de dentro da empresa estão vazando informações para a imprensa.

Os documentos representam bastante trabalho para governos e reguladores, que terão de analisar tudo que foi revelado e considerar quais medidas tomar, se forem cabíveis.

O Facebook se defendeu de todas as acusações feitas na imprensa.

Aqui estão cinco informações que foram reveladas nos últimos dias:im do Talvez também te interesse

Celebridades foram tratadas de forma diferente pelo Facebook

Trump

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Políticos e usuários de alto nível do Facebook eram submetidos a regras diferentes sobre o conteúdo que podem postar, segundo Wall Street Journal

De acordo com reportagem do Wall Street Journal, muitas celebridades, políticos e usuários de alto nível do Facebook eram submetidos a regras diferentes sobre o conteúdo que podem postar, em um sistema conhecido como XCheck (verificação cruzada).

Uma das celebridades citadas pelo jornal americano foi o jogador de futebol Neymar.

"Em 2019, foi permitido que o astro do futebol internacional Neymar mostrasse fotos de uma mulher nua, que o acusou de estupro, para dezenas de milhões de fãs antes que o conteúdo fosse removido pelo Facebook."

As regras do Facebook estipulam que as fotos de nudez não autorizadas devem ser excluídas, e que as pessoas que as publicam devem ter suas contas excluídas. Mas a conta de Neymar não foi excluída. Um porta-voz de Neymar disse ao Wall Street Journal que o atleta segue as regras do Facebook e não comentou o caso em mais detalhes.

O Facebook admitiu que as críticas à maneira como implementou seu sistema de verificação cruzada são "justas" — mas disse que o sistema foi projetado para criar "uma etapa adicional" quando o conteúdo postado exige maior compreensão.

"Isso pode incluir ativistas que estão alertando para casos de violência ou jornalistas fazendo reportagens em zonas de conflito", diz o Facebook.

O Facebook afirma que muitos documentos citados pelo Wall Street Journal continham "informações desatualizadas e costuradas juntas para criar uma narrativa que encobre o ponto mais importante: o próprio Facebook identificou os problemas com verificação cruzada e vem trabalhando para resolvê-los".

Apesar da nota, o próprio Conselho de Supervisão (Oversight Board) do Facebook, que a empresa criou para tomar decisões sobre moderação de conteúdo considerado complexo, exigiu mais transparência.

Em um post em um blog esta semana, o Conselho disse que as divulgações "atraíram atenção renovada para a maneira aparentemente inconsistente como a empresa toma decisões".

O Conselho pediu uma explicação detalhada de como funciona o sistema de verificação cruzada e alertou que a falta de clareza pode contribuir para a percepção de que o Facebook foi "indevidamente influenciado por considerações políticas e comerciais".

Desde que começou seu trabalho investigando como o Facebook modera o conteúdo, o Conselho de Supervisão, financiado pelo Facebook, fez 70 recomendações sobre como a empresa deve melhorar suas políticas. Agora, o Conselho criou uma equipe para avaliar como a rede social implementa essas recomendações.

A resposta do Facebook às preocupações dos funcionários sobre o tráfico de pessoas foi muitas vezes 'fraca'

Anúncios online para trabalhadores domésticos
Legenda da foto,

A BBC descobriu que mulheres foram compradas e vendidas ilegalmente como trabalhadoras domésticas

Os documentos relatados pelo Wall Street Journal também sugeriam que os funcionários do Facebook frequentemente alertavam para cartéis de drogas e traficantes de pessoas presentes na plataforma, mas que a resposta da empresa foi "fraca".

Em novembro de 2019, a BBC News Arabic, serviço de notícias em árabe da BBC, fez uma reportagem chamando atenção para a compra e venda de trabalhadoras domésticas no Instagram.

De acordo com documentos internos, o Facebook já tinha conhecimento do assunto. O Wall Street Journal relatou que o Facebook tomou apenas pequenas medidas, até que a Apple ameaçou remover seus produtos de sua App Store.

Em sua defesa, o Facebook disse ter uma "estratégia abrangente" para manter as pessoas seguras, incluindo "equipes globais com pessoas fluentes em idiomas locais cobrindo mais de 50 línguas, recursos educacionais e parcerias com especialistas locais e verificadores terceirizados".

Os críticos alertam que o Facebook não tem meios para moderar todo o conteúdo de sua plataforma e proteger seus 2,8 bilhões de usuários.

David Kirkpatrick, autor do livro O Efeito Facebook, disse à BBC que achava que o Facebook não tinha motivação "para fazer nada para reparar danos" que acontecem fora dos EUA.

"Eles fizeram muitas coisas, incluindo a contratação de dezenas de milhares de revisores de conteúdo", disse ele.

"Mas uma estatística que me chamou atenção nas reportagens do Wall Street Journal foi que, apesar de todo o trabalho deles contra desinformação em 2020, apenas 13% disso aconteceu fora dos EUA. Para um serviço que está 90% fora dos EUA — e que teve um impacto enorme, de forma muito negativa, na política de países como Filipinas, Polônia, Brasil, Hungria, Turquia — eles não estão fazendo nada para remediar tudo isso."

Kirkpatrick acredita que o Facebook só "respondeu às pressões de relações públicas" nos EUA porque elas poderiam afetar o preço de suas ações.

Facebook enfrenta um grande processo de acionistas

O Facebook também está enfrentando um processo complexo de um grupo de seus próprios acionistas.

O grupo alega, entre outras coisas, que o pagamento de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 26 bilhões) do Facebook à Comissão Federal de Comércio dos EUA para resolver o escândalo de dados da Cambridge Analytica foi dessa magnitude apenas porque foi concebido para proteger Mark Zuckerberg de responsabilização pessoal.

O Facebook afirmou que não vai se manifestar sobre essa questão legal.

O Facebook tem promovido histórias positivas sobre si mesmo na plataforma?

Esta semana, o New York Times sugeriu que o Facebook havia criado uma iniciativa para injetar conteúdo pró-Facebook nos feeds de notícias das pessoas, a fim de impulsionar sua própria imagem.

O jornal disse que o Projeto Amplify foi concebido para "mostrar às pessoas histórias positivas sobre a rede social".

O Facebook disse que não houve mudanças em seus sistemas de organização do feed de notícias.

Em uma série de tuítes, o porta-voz da empresa, Joe Osborne, disse que o teste do que ele chamou de "uma unidade informativa no Facebook" foi pequeno e só aconteceu em "três cidades", com postagens claramente rotuladas como sendo provenientes da empresa.

Ele disse que a iniciativa foi "semelhante às iniciativas de responsabilidade corporativa que as pessoas veem em outras tecnologias e produtos de consumo".

O Facebook sabia que o Instagram é 'tóxico' para os adolescentes

Adolescentes fazendo selfie

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

De acordo com o Facebook, o relacionamento das pessoas com as mídias sociais é complexo

Outra revelação sobre o Facebook foi a descoberta de que a empresa havia conduzido uma pesquisa detalhada sobre como o Instagram estava afetando adolescentes, mas não compartilhou resultados que sugeriam que a plataforma é um lugar "tóxico" para muitos jovens.

De acordo com slides relatados pelo Wall Street Journal, 32% das adolescentes do sexo feminino na pesquisa disseram que quando se sentiam mal com seus corpos, o Instagram as fazia se sentir pior.

A rede Fox News informou esta semana que o informante por trás do documento vazado pretende revelar sua identidade e que vai cooperar com o Congresso.

Isso acontecendo ou não, o fato de o Facebook não ter compartilhado seus próprios estudos detalhados sobre os danos que suas plataformas causam está dando aos políticos americanos muito o que pensar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Carta das Centrais Sindicais ao Presidente Bolsonaro

“EXMO. SR. JAIR MESSIAS BOLSONARO MD. PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL BRASÍLIA – DF Senhor Presidente, As Centrais Sindicais que firmam a presente vem, respeitosamente, apresentar-se à Vossa Excelência com a disposição de construir um diálogo em benefício dos trabalhadores e do povo brasileiro. Neste diálogo representamos os trabalhadores, penalizados pelo desemprego que atinge cerca de 12,4 milhões de pessoas, 11,7% da população economicamente ativa (IBGE/PNAD, novembro de 2018) e pelo aumento da informalidade e consequente precarização do trabalho. Temos assistido ao desmonte de direitos historicamente conquistados, sendo as maiores expressões desse desmonte a reforma trabalhista de 2017, os intentos de reduzir direitos à aposentadoria decente e outros benefícios previdenciários, o congelamento da política de valorização do salário mínimo e os ataques à organização sindical, as maiores expressões deste desmonte. Preocupa-nos sobremaneira o destino da pol

19 Exemplos de publicidade social que nos fazem pensar em problemas urgentes - POR: INCRÍVEL.CLUB

Criadores de propagandas de cunho social têm um grande desafio: as pessoas precisam não apenas notar a mensagem, mas também lembrar dela. Você deve admitir que, mesmo passados vários anos, não consegue tirar da cabeça algumas peças publicitárias desse tipo, que fizeram com que passasse a enxergar determinadas situações sob uma outra ótica. Se antes as propagandas sociais abordavam tmas como a poluição do meio ambiente com plástico e o aquecimento global, hoje existem campanhas sobre os perigos do sedentarismo, os riscos que o tabagismo representa aos animais em decorrência do aumento de incêndios florestais e até sobre a importância das férias para a saúde humana. São, portanto, peças que abordam problemas atuais e familiares para muita gente. Neste post, o  Incrível.club  mostra a você o que de melhor foi criado recentemente no campo das propagandas de cunho social. Fumar não é prejudicial apenas à sua saúde, mas também aos animais que vivem em áreas que sofrem com incênd

Empresas impõem regras para jornalistas

REDE SOCIAIS Por Natalia Mazotte em 24/5/2011 Reproduzido do Jornalismo nas Américas http://knightcenter.utexas.edu/pt-br/ , 19/5/2011, título original: "Site de notícias brasileiro adota regras para o uso das redes sociais por jornalistas"; intertítulo do OI Seguindo a tendência de veículos internacionais , o site de notícias UOL divulgou aos seus jornalistas normas para o uso de redes sociais , de acordo com o blog Liberdade Digital. As recomendações se assemelham às já adotadas por empresas de notícias como Bloomberg , Washington Post e Reuters : os jornalistas devem evitar manifestações partidárias e políticas, antecipar reportagens ainda não publicadas ou divulgar bastidores da redação e emitir juízos que comprometam a independência ou prejudiquem a imagem do site. Segundo um repórter do UOL, os jornalistas estão tuitando menos desde que as diretrizes foram divulgadas . "As pessoas estão tuitando bem menos. Alguns cogitam deletar seus p