Completar sessenta e dois anos de idade, dentro do período de uma pandemia avassaladora, não é nada fácil!
Milhões de pessoas contaminadas, milhares de mortos, sem que exista uma vacina, um medicamento testado, que tenha a capacidade de curar aos adoentados.
Em algumas cidades, já está caracterizada uma crise no sistema de saúde, faltam inclusive espaço suficiente para possibilitar um enterro digno para as pessoas.
As autoridades da saúde classificam como grupo de risco, aos idosos, hipertensos, diabéticos e portadores de doenças crônicas, a morte se torna uma vizinha temida por todos!
Os desencontros governamentais desnudam ainda mais a fragilidade social do país, escancarando a falta de compromisso com a parcela mais vulnerável da população.
O empresariado, respaldado pelo governo, explicita desavergonhadamente, a sua preocupação em preservar o CNPJ de suas empresas, em detrimento da vida, e dos milhões de CPFs cancelados, em decorrência de morte provocada pelo coronavírus.
O agravamento da situação contribui para que em algum momento, em determinadas regiões do país, se haja a necessidade de escolher quem terá acesso ao respiradouro mecânico, o jovem promissor, ou o velho, doente, aposentado, com um quadro de várias doenças que, além de tudo isto, causa prejuízos constantes para o INSS e para o SUS.
Completar sessenta e dois anos de idade, neste cenário de terror, numa perspectiva de piora, não é nada agradável!
Mas pensando bem, poderia ser pior...!
Eu poderia estar na fila de um posto de atendimento, com muita dificuldade para respirar, aguardando uma vaga para ser entubado e continuar sobrevivendo um pouco mais, no meio do caos em que atolaram o nosso país!
Mesmo se pudéssemos nos abraçar, beijar os nossos filhos, pegar os nossos netos no colo, restariam pouquíssimos motivos para comemorações.
Quem dera, com o fim da pandemia, também ocorresse o fim da sem-vergonhice.
O problema é que neste caso, não existe vacina que resolva.
Seja bem
vindo a realidade!
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