Processo de afastamento de Bolsonaro do poder poderá ser rápido - Por Sylvio Costa Em 21 mar, 2020 - CONGRESSO EM FOCO
Repercutiu em Brasília a edição excepcionalmente liberada na quinta-feira (e não na sexta, como de costume) do Farol Político, um dos serviços premium produzidos pelo Congresso em Foco para assinantes. Fontes bem informadas sobre os rumos da crise política atestam que, na mesma direção em que apontou nossa análise, os cenários mais prováveis de evolução da presente catástrofe sanitária são mesmo de afastamento – informal ou formal – do presidente Jair Bolsonaro.
O monitoramento nas mídias sociais, em geral mais sensível às inversões de tendência que as pesquisas de opinião, indica acelerado encolhimento de Bolsonaro em um território que ele sempre dominou, o Twitter. Politicamente, o presidente também se isola cada vez mais, sobretudo após o conflito diplomático com a China. Representantes do agronegócio, do Congresso, da área militar e de vários setores empresariais se dirigiram diretamente ao governo chinês, ignorando a autoridade presidencial, para pedir desculpas em nome da nação.
Não é, obviamente, um movimento ideológico. É um movimento com objetivos comerciais, feito para preservar o principal importador de bens brasileiros, numa situação em que a própria China enfrenta consequências economicamente desastrosas da pandemia do coronavírus, que acumula até este momento 11,4 mil mortes e mais de 270 mil casos confirmados no mundo.
Para políticos e outras fontes de informação ouvidas em Brasília, a manifestação do embaixador chinês no país pode ter sido uma tentativa de apressar a resolução da crise brasileira e encontrar um interlocutor confiável com o país. Reforça essa suspeita a informação, veiculada pelo jornal Valor Econômico, de que Bolsonaro tentou, mas não conseguiu ser atendido ao telefone pelo presidente chinês Xi Jinping. O vice Hamilton Mourão, habitualmente discreto e que mantém boas relações com o Legislativo, o Judiciário e os setores empresariais, caberia bem nesse figurino.> A Papuda pede socorro
A hipótese dada hoje como mais provável é o afastamento de Bolsonaro para tratamento de saúde, já que ele próprio tem colaborado para ampliar as suspeitas de estar infectado. Outra possibilidade seria uma espécie de “parlamentarismo branco”, no qual se aprofundaria uma realidade que já se nota hoje, na qual o Congresso – sob a liderança de Rodrigo Maia, principalmente – amplia o seu papel na elaboração e aprovação de políticas públicas. A prioridade de todos é o enfrentamento eficaz da crise sanitária causada pelo coronavírus 2 e a mitigação dos seus efeitos nos campos econômico e social.
Menos provável, embora conte com crescente simpatia popular, seria a deflagração de um novo processo de impeachment, algo por sua natureza intrínseca demorado e traumático. Opõem-se à ideia Maia, Lula e todos os governadores pré-candidatos a presidente, que estão interessados em concluir antes o mandato.
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