Uma milícia pró-Trump clama por uma nova guerra civil, e o Twitter não vê violação de suas regras - Ryan Broderick BuzzFeed News Reporter
Quando é que promover o extremismo violento não significa promover o extremismo violento? Quando o Twitter diz que não.
Um tuíte falando sobre uma segunda guerra civil americana escrito por uma milícia de extrema-direita dos Estados Unidos com quase 24.000 seguidores não viola os termos de serviço do Twitter.
Na noite de domingo, Donald Trump tuitou uma discussão mencionando declarações feitas pelo pastor Robert Jeffress no canal Fox News dizendo que, se o presidente dos EUA sofrer um impeachment, será o início de uma guerra civil.
A conta no Twitter pertencente à Oath Keepers, que o Southern Poverty Law Center descreve como "um dos maiores grupos radicais antigovernistas dos EUA na atualidade", publicou um tuíte citando o presidente e acrescentou: "É importante que esta discussão inteira seja lida. O termo 'guerra civil' está cada vez mais na boca da população. E não é só uma 'guerra fria civil' — é uma guerra 'quente' civil total. O fato é que patriotas consideram a esquerda como inimigos domésticos da Constituição que estão determinados a destruir a república..."
O Twitter disse ao BuzzFeed News que não comentaria sobre se os tuítes que clamam pela guerra civil violam ou não seus termos de serviço. Mas o BuzzFeed News apurou que a plataforma não tem intenção de remover o tuíte ou de tomar qualquer ação baseada em suas políticas contra a conta da organização.
Em junho, o Twitter formalizou um processo que vinha operando em segredo havia anos. Políticos que violassem os termos de serviço da empresa não seriam punidos, e seu conteúdo permaneceria no site caso atingisse um determinado grau de "interesse público". Se o conteúdo de um político não atendesse aos critérios de interesse jornalístico, seus tuítes permaneceriam no ar, mas em quarentena, precedidos de um aviso legal.
Trump, como presidente dos Estados Unidos, qualifica-se, por definição, como uma exceção de interesse público. Mas uma milícia não estaria, presumivelmente, protegida pelos mesmos critérios.
De acordo com as regras e políticas atuais do Twitter, qualquer conteúdo que promova violência, terrorismo ou extremismo violento não é permitido. "Não é permitido fazer ameaças de violência contra um indivíduo ou um grupo de pessoas", dizem os termos de serviço do Twitter. "Não é permitido ameaçar nem promover terrorismo ou extremismo violento."
Com a decisão do Twitter, parece que um grupo miliciano tuitando sobre uma "guerra 'quente' civil total" não se qualifica como promover extremismo violento.
A organização Oath Keepers foi fundada em 2009 por Stewart Rhodes, ex-paraquedista militar e ex-funcionário do deputado republicano Ron Paul. Embora a organização alegue ser um grupo apartidário de ex-militares e policiais que fizeram o juramento de "defender a Constituição contra todos os inimigos, estrangeiros e domésticos", a Liga Antidifamação e o Southern Poverty Law Center a classificam como um um grupo extremista fortemente armado.
Durante os protestos de 2014 e 2015 em Ferguson, Missouri, membros da milícia percorreram as ruas com rifles Bushmaster calibre .50. Em junho, durante uma manifestação de republicanos contra leis de mudanças climáticas, o Senado Estadual teve que ser fechado devido a uma "possível ameaça de milícia" depois que os membros da Oath Keepers chegaram para protestar.
A Oath Keepers não respondeu ao pedido para comentar, embora a conta do grupo no Twitter permanecesse ativa enquanto pessoas a acusavam de cometer traição e diziam que iriam denunciá-la à equipe de segurança do Twitter.
"Trump não está ameaçando uma guerra civil, e nem eu", a conta tuitou. "Mas a esquerda está se arriscando a criar uma. Só um fato."
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