O desastre ambiental que manchou nossos cartões-postais no Nordeste em 11 imagens - By Equipe HuffPost
O óleo escureceu o mar de uma das regiões mais belas do Brasil. Em algumas praias, o produto é retirado da água e reaparece dias depois.
Há dois meses, os brasileiros assistem ao maior desastre de derramamento de óleo em termos de extensão da costa. Mais de 2 mil dos quilômetros dos 8,5 mil que formam a costa brasileira foram atingidos. A mancha escurece chegou a mais de 200 praias nos nove estados do Nordeste. Praias que são alguns dos mais belos cartões-postais do País, como a dos Carneiros, em Pernambuco, e Boipeba, na Bahia, foram contaminadas por óleo.
As imagens são tristes e expõem uma realidade que ainda não tem data prevista para ser mitigada. Como já era de se esperar, o material tem causado danos graves ao meio ambiente. Na avaliação do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, o vazamento de óleo é “a maior agressão ambiental sofrida pelo nosso país em nossa história”.
Aqui estão algumas imagens que refletem o cenário atual de parte do Nordeste brasileiro:
As primeiras manchas de óleo apareceram em praias de Pernambuco e da Paraíba entre os últimos dias de agosto e os primeiros de setembro. Não se sabia a origem nem a quantidade de óleo derramado no mar. Até o momento, as informações ainda são escassas. E, justamente, essa falta de conhecimento sobre a origem do problema tem feito que o trabalho de remoção do material esbarre em entraves.
Após estudos feitos pela Petrobras, que tem dado auxílio ao Ibama, instituto do meio ambiente, foi identificado que o produto é petróleo cru. Isso significa que ele é não é derivado de óleo e seria oriundo da Venezuela, segundo informações da Petrobras.
Há algumas hipóteses em análise para identificar o que ocorreu. Navios e embarcações estrangeiras e fantasmas que passaram pela costa brasileira estão sob investigação.
Os navios piratas navegam com sistema de localização desligado, o que impede a identificação. A Venezuela é acusada de usar esse tipo de artifício para burlar o embargo dos Estados Unidos ao petróleo. O governo do país vizinho, no entanto, nega relação com o desastre em águas brasileiras.
Segundo o presidente do Ibama, Eduardo Bim, existe ainda a possibilidade de que o material tenha vazado em uma transferência de um navio para outro. “Mas temos que investigar e não descartamos nenhuma causa possível”, disse Bim, em audiência no Senado.
Uma das ações adotadas para conter o óleo foi colocar boias de contenção no mar. Há temor de que o óleo atinja especialmente o Parque Nacional de Abrolhos, na Bahia, onde ficam os principais bancos de corais do País. Lá estão espécies ameaçadas de extinção, como a Millepora, conhecida como coral-de-fogo, e raras, como a Mussismilia hispida, coral-cérebro.
O trabalho de remoção do óleo, entretanto, tem sido feito basicamente por voluntários, moradores e funcionários do Ibama. Na última semana, o governo federal decidiu integrar as Forças Armadas aos trabalhos.
De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não houve demora do governo em entrar no caso. “Todos estão trabalhando de maneira ininterrupta, desde o aparecimento da mancha no dia 2 de setembro. Não se poupou nenhum esforço”, destacou.
O ministro, porém, tem aproveitado a situação para criticar ONGs e a Venezuela, país com o qual o governo brasileiro não tem afinidade política. Salles afirmou que, na época em que houve “derramamento de óleo venezuelano”, um navio do Greenpeace estaria “navegando em águas internacionais em frente ao litoral brasileiro”.
O Greenpeace reagiu. Afirmou que acionaria a Justiça e argumentou que seu navio não tem capacidade para armazenamento de óleo.
O Greenpeace, inclusive, é uma das entidades que têm se voluntariado para ajudar na remoção do material e têm pressionado o governo brasileiro por uma atitude mais enérgica. Ao HuffPost, o coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo, detalhou as dificuldades com o óleo e os principais impactos ambientais.
“O óleo é pulverizado. Está dividido em vários pontos e não é possível vê-lo da superfície. Só dá para ver quando as menores manchas começam a chegar às praias. Elas estão chegando e continuam chegando. No Maranhão, você limpa e ele [óleo] volta. É um enorme desafio.” Segundo ele, há informações de monitoramento, mas elas não são conclusivas. Também há relatos de pescadores de que as manchas continuam se aproximando.
Quando concedeu a entrevista, na semana passada, Baitelo alertou que os voluntários começavam a sofrer os efeitos tóxicos do óleo. “Existe, porém, a questão do uso do equipamento correto. O óleo é tóxico e já há notícia de pessoas com mal-estar, enjoo. Quem depende do mar está desesperado e tem gente fazendo trabalho voluntário de qualquer forma. A gente não pode depender só do governo. É um problema que pode se arrastar por muito tempo”, disse.
No fim de semana, surgiram mais relatos de intoxicação. À Reuters, a funcionária pública Vera Lúcia Silva relatou que passou mal após coletar óleo com as mãos em sacos de plástico na praia de Itapuama, no sul do Recife. “Muita dor de cabeça, náusea e diarréia. Fui no posto [de saúde], tomei soro e melhorei, mas ainda sinto dor de cabeça.”
E o que não falta é material para ser retirado. Ainda em Pernambuco, só na semana passada foram retiradas do mar 958 toneladas de óleo. O governo federal tem pedido ajuda aos moradores da área costeira para ligar para o 185, o telefone de emergências marítimas, caso vejam óleo na praia.
A Marinha tem reafirmado que “a extensão da área afetada, a duração no tempo e as características de dispersão do óleo desse crime ambiental inédito no País exigem constante avaliação da estrutura e recursos empregados.”
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