23 das fotos mais icônicas da história da música - publicado 27 de Setembro de 2019, 2:10 p.m. Gabriel H. Sanchez Gabriel H. Sanchez BuzzFeed News Photo Essay Editor
"Eles sabiam que Jim tiraria uma excelente foto deles – e não apenas deles como grandes heróis no palco, mas também dos momentos mais calmos após o fim do show."
Poucos fotógrafos tiveram uma vida e uma carreira tão histórica quanto Jim Marshall. Suas fotos não apenas retrataram alguns dos artistas mais influentes do século 20, mas também estabeleceram um novo nível de intimidade na relação entre artistas e os fotojornalistas que documentam suas carreiras.
Algumas das fotos mais icônicas de artistas como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Beatles e Bob Dylan, para citar apenas alguns, foram tiradas pelas lentes da câmera de Marshall. Sua capacidade de mostrar que esses músicos lendários também eram seres humanos normais, aliada ao seu dom singular de estar no local certo na hora certa, o consagrou como um dos fotógrafos musicais mais procurados de sua época. Seja uma foto do lendário Miles Davis ou apenas das crianças do bairro brincando nas ruas, Marshall conseguia retratar o momento com uma humanidade impressionante.
Marshall morreu aos 74 anos em 2010, deixando seu arquivo inteiro, com milhões de fotografias e negativos, para Amelia Davis, que trabalhou durante anos como sua assistente pessoal. Neste ano, um novo documentário sobre sua vida e o livro Jim Marshall: Show Me the Picture (Jim Marshall: Mostre-me a Foto, em tradução livre) contarão a jornada do fotógrafo por alguns dos eventos culturais mais marcantes do século 20.
Neste post, Amelia Davis fala com o BuzzFeed News sobre o legado de Marshall e compartilha conosco algumas de suas fotos mais icônicas.
Onde Jim Marshall começou sua carreira e como ele teve acesso a tantas pessoas influentes?
Amelia Davis: Jim comprou sua primeira câmera, uma Leica, em 1959. Naquela época, a geração Beat se reunia para ouvir jazz no bairro de North Beach, em San Francisco. Jim ficava vagando por lá e começou a tirar fotos, retratando os grandes nomes do jazz como Miles Davis e John Coltrane. Dali, Jim mudou-se para Nova York em 1962 e começou a tirar muita fotografia de rua, mas também passou a ter acesso aos grandes nomes do jazz da cidade por causa de sua relação com John Coltrane.
E é por isso que ele se destaca dentre os vários fotógrafos musicais daquela época. Muitos daqueles fotógrafos estavam ali só para retratar a banda – digamos que Jimi Hendrix estava fazendo um show de graça em Panhandle, o fotógrafo tirava a foto e, quando o show acabava, ia embora. E Jim não era assim. Quando o show acabava, ele continuava fotografando. Ele seguia a multidão e os artistas pelas ruas e pela vizinhança.
AD: Jim era contraditório, com certeza. Ou você o amava ou o odiava, não havia meio termo. E Jim também sentia-se assim com o resto do mundo. As pessoas costumavam dizer que, se Jim gostasse de alguém, ele se jogaria na frente de uma bala pela pessoa – mas, se não gostasse, era ele quem daria o tiro!
Quando o assunto era fotografia, ele era muito sério e um verdadeiro especialista. Ele era autodidata, mas era tão bom naquilo que nunca precisou ficar mexendo com o fotômetro e o equipamento. Ele chegava no local, já sabia o que fazer para ajustar a câmera e tirava a foto na hora. Quando você olha uma das fotos dele, não se sente como um voyeur – você se sente como um participante daquilo.
Essa é a magia do Jim, e é por isso que esses músicos, políticos, celebridades e até mesmo as pessoas "normais" sentiam-se muito à vontade com ele. Eles sabiam que Jim tiraria uma excelente foto deles – e não apenas deles como grandes heróis no palco, mas também dos momentos mais calmos após o fim do show. Jim também era capaz de retratar o lado humano deles.
E é por isso que eles abriam suas portas e confiavam nele – e Jim nunca traiu essa confiança. Porque, sabe, se você tem esse tipo de acesso como fotógrafo, eventualmente vai pegar essas pessoas em situações comprometedoras. Jim nunca mostraria isso para o público, e eles sabiam que Jim nunca trairia sua confiança.
Quão grande é arquivo que Jim deixou para você?
AD: É um arquivo gigantesco – ele passou 50 anos fotografando. E não eram fotografias relacionadas apenas à música – há fotos sobre os movimentos de direitos civis, sobre a pobreza na América, sobre protestos. Há mais de 1 milhão de imagens só em fotos preto e branco de 35 mm, sem contar as coloridas ou de formato médio.
Às vezes pareço uma arqueóloga em uma escavação. Eu descubro novas imagens todos os dias. Eu digo para mim mesma: "Jesus, Jim! Por que você não publicou estas fotos?"
O que você espera que as pessoas continuem vendo nas fotografias de Jim?
AD: Atualmente, estamos em um ponto onde olhamos para trás e relembramos de todos aqueles momentos históricos e importantes de 50 anos atrás, mas muitos deles ainda são muito, muito relevantes hoje em dia. Por isso é tão importante para nós divulgarmos essas imagens, para que as pessoas as vejam e inspirem-se nelas. Eu quero que as pessoas possam olhar para o que passou, para esses momentos incríveis que Jim retratou, e sintam-se inspiradas a fazer a diferença registrando o mundo ao redor delas e contando suas histórias através de fotos.
Não importa o assunto – pode ser música ou protesto político. Só inspirem-se para contar uma história através das suas imagens. A fotografia é uma mídia impactante que pode expressar emoções e sentimentos muito fortes. Eu creio que isso é algo muito, muito importante. Principalmente hoje em dia.
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