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19 lugares para conhecer e entender mais de história negra - publicado 30 de Novembro de 2018, Raphael Evangelista - Equipe BuzzFeed, Brasil

Do Quilombo dos Palmares até o bairro do Harlem, tem muita coisa espalhada por aí para quem precisa saber mais sobre o passado, presente e futuro.

1. Cais do Valongo, no Rio de Janeiro (RJ).

Instagram: @bogoricin_prime
O Cais do Valongo está localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, na antiga área portuária. Hoje o local é um sítio arqueológico, mas já foi um espaço construído para receber africanos escravizados. Estima-se que ele recebeu mais de 900 mil pessoas durante o século XIX. É um dos lugares historicamente mais importantes sobre a chegada de escravos africanos na América do Sul e nele foram encontrados muitos vestígios e peças dessa época dolorosa. Ele é reconhecido como patrimônio mundial e cultural pela UNESCO. Você pode saber mais sobre o Cais do Valongo aqui.

2. Quilombo do Campinho, em Paraty (RJ).

Instagram: @roohcoutto
Localizado na região de Paraty (RJ), o Quilombo do Campinho é uma comunidade quilombola que abriga dezenas famílias que vivem de plantio, artesanato, oficinas e do seu famosíssimo restaurante, que já foi premiado por várias publicações sobre gastronomia graças a seu cardápio que traz comidas simples e pratos passados de geração para geração. Além desse atrativo culinário, o passeio também apresenta rodas de histórias, apresentações de dança e oficinas de artesanato. Conheça mais sobre o Quilombo do Campinho.

3. Pelourinho, em Salvador (BA).

Instagram: @leoishii
Que o Pelô é um cartão postal todo mundo sabe, mas vale sempre lembrar da importância histórica que o local abriga. O bairro ao redor do largo tem diversos pontos a serem explorados e por isso é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade – ainda que a história por lá nem sempre foi muito feliz: o pelourinho era uma forma de punição utilizada em praça pública onde negros eram amarrados e chicoteados. Outro ponto próximo que também tem uma ligação histórica dessa época é o Mercado Modelo, cujo prédio ainda mantém o porão onde funcionava a senzala.

4. Museu Afro-Brasileiro, em Salvador (BA).

Instagram: @lorenlacre
Localizado na região central do centro histórico de Salvador, o museu abriga um acervo de mais de 1100 peças de cultura africana e afro-brasileira como máscaras, esculturas, tecidos, cerâmicas, adornos, instrumentos musicais e também objetos de origem brasileira, relacionados à religião afro-brasileira na Bahia, suas divindades e sacerdotes. O principal objetivo deste museu é manter a divulgação e preservação de matrizes culturais e ele é um dos poucos do Brasil cujo acervo é voltado para a história negra.

5. Forte de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador (BA).

Instagram: @odanferreira
Conhecido também como Forte da Capoeira, é uma construção do século XVII que já serviu de prisão em vários momentos da história do Brasil, hoje é um espaço cultural e praticamente um museu sobre a Capoeira. Além de uma bela vista da capital baiana, também apresenta muito sobre o estilo de luta gingada que chegou ao país pelos africanos. Tem oficinas de capoeira e outras ações de caráter social e educativo para a comunidade.

6. Igreja Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador (BA).

Instagram: @baianidadenago
A igreja, famosa pelas fitinhas coloridas na porta, possui uma vasta riqueza histórica. Lá começou-se a homenagear o Senhor do Bonfim em 1745 quando a imagem foi trazida após uma promessa de um capitão que sobreviveu a uma tempestade. O ritual da Lavagem das escadarias da igreja veio desta época quando os escravos eram obrigados a lavar o templo para a festa celebrada no segundo domingo após o Dia de Reis. Paralelamente, os negros começaram a reverenciar Oxalá, pai de todos os orixás e o que era apenas um cortejo católico até a Colina Sagrada passou a ser marcado por muita dança em nome de Oxalá, o que provocou a proibição da lavagem da igreja, em 1889, pelo arcebispo da Bahia. Com o passar do tempo, a Lavagem do Bonfim voltou a acontecer juntamente com a festa, que foi tombada como patrimônio imaterial da humanidade.

7. Feira de São Joaquim, Salvador (BA).

Instagram: @victorbrasileiro_
A feira teve origem na atividade de descendentes de africanos escravizados que se instalaram na região para o comércio – e por falta de opções acabaram morando no local. Virou um ponto turístico da cidade de Salvador e era conhecida anteriormente como "Feira de Águas de Meninos", mas em 1964 um incêndio a destruiu completamente e deu origem à feira de "São Joaquim". Estudiosos da época acreditam que o incêndio não tenha sido acidental.
Ela é especialmente famosa pelos artesanatos de barro, produtos para rituais de candomblé, alguidares, cuscuzeiros, potes produzido no recôncavo baiano e especiarias.
Resistência é uma das palavras chaves dessa feira que sobrevive ao tempo, especulações imobiliárias e segue lutando pela manutenção de suas tradições.

8. Senzala do Barro Preto, em Salvador (BA).

Instagram: @richnerallan
Parte importante do turismo soteropolitano é conhecer o bairro da Liberdade, que é um dos bairros com mais presença e cultura negras da cidade. Lá em Curuzu-Liberdade fica a sede do mundialmente famoso Ilê Aiyê, o maior bloco afro do Brasil e um símbolo da luta contra o racismo no país. Visitar o local é estar diante dos costumes da cultura africana, penteados afros, muitos sorrisos, roupas étnicas, uma gastronomia incrível e um som contagiante nos dias de ensaio do bloco.

9. Museu do Recôncavo Wanderley de Pinho, Candeias (BA).

Instagram: @caboto7
O museu funciona onde existia um engenho de cana-de-açúcar. Lá estão expostos itens do período escravagista colonial, como roupas, pinturas, cerâmicas, mobiliário e ferramentas de trabalho e de tortura. São mais de 200 peças do século XVII e muita história do período para quem visita. Saiba mais sobre o museu.

10. Museu Cafuá das Mercês, em São Luís (MA)

Instagram: @mirian
Também conhecido como "Museu do Negro", ele fica localizado no bairro da Praia Grande, que era conhecido no século XIX como o bairro das grandes casas do Maranhão. O Museu é um espaço cultural destinado à preservação da memória da gigantesca presença africana do estado do Maranhão. O local era um antigo depósito de escravos construído no século XVIII para receber os negros chegados da África, conforme pode-se ver pela arquitetura sombria com pouquíssimas aberturas de luz e ventilação do prédio, marcas horríveis do período da escravidão.
É possível ver alguns objetos utilizados em rituais religiosos e uma valiosa coleção de arte africana proveniente de diversas regiões e etnias da África, a exemplo de grupos culturais como Bambara, Dogon, Senufo e outros.

11. Largo da Ordem, em Curitiba (PR)

Instagram: @linhapreta
Na região central da cidade de Curitiba, o largo chama atenção pela arquitetura clássica que foi concebida graças aos africanos que trouxeram ao Brasil algumas técnicas de construção.

12. Igreja do Rosário, em Curitiba (PR).

Instagram: @blackbird_viagem
Uma belíssima construção, anteriormente chamada de Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito, fica no Largo da Ordem e sua história conta que apenas as pessoas negras frequentavam e participavam das celebrações, pois eram proibidas de entrar na igreja dos brancos. Foi projetada e construída graças ao esforço da população negra organizada em irmandades, em 1737. Uma curiosidade: durante muito tempo ela foi maior e mais imponente que a igreja matriz - onde os negros não podiam entrar -, construída de maneira bem mais simples.

13. Estrada de Ferro, em Paranaguá (PR).

Instagram: @neyleprevost
Essa estrada de ferro liga a cidade de Paranaguá a Curitiba em um trecho de mais de 100km de extensão e foi desenhada pelos irmãos Rebouças, os primeiros engenheiros negros do Brasil. Mesmo no período da escravidão eles insistiram que a estrada fosse construída apenas por homens livres. Conheça mais sobre a história dessa estrada, que atualmente não transporta mais passageiros.

14. Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em União dos Palmares (AL).

Instagram: @blackbird_viagem
O local onde está esse parque já foi no passado cenário de uma das mais importantes histórias de resistência à escravidão: o Quilombo dos Palmares – descrito pelo site oficial como "o maior, mais duradouro e mais organizado refúgio de negros escravizados das Américas, onde reinou Zumbi dos Palmares, o herói negro assassinado em 20 de novembro de 1695, data em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra". Conheça mais sobre o parque.

15. Bairro do Harlem, em Nova Iorque (EUA).

Instagram: @blackbird_viagem
O bairro do Harlem em Nova Iorque é um verdadeiro reduto de riquezas da cultura e da história afro-americana. No bairro nasceram inúmeros movimentos e o local se consolidou como referência na luta racial pelos direitos civis nos Estados Unidos. Criou e inspirou muita coisa da moda, música, literatura e das artes em geral. Uma curiosidade sobre o Harlem é que por lá as principais ruas receberam nomes de personalidades afro-americanas como Malcom X, Martin Luther King, Jackie Robinson (primeiro jogador de beisebol afro-americano a entrar na liga profissional) e Frederick Douglass (um dos mais influentes abolicionistas dos EUA). Andar por lá é ver muitos lugares, pessoas e influências de uma cultura incrível.

16. Schomburg Shop, no Harlem em Nova Iorque (EUA).

Instagram: @schomburgshop
Uma das coisas que mais chama a atenção de quem anda pelo Harlem é a quantidade de estabelecimentos históricos. Um deles é a Schomburg Shop, que luta contra a falta de representatividade negra em museus e espaços culturais em Nova Iorque ao ter produtos voltados para a cultura afro-americana. A loja tem livros, itens de decoração, souvenirs e muito mais para quem deseja conhecer mais sobre a história.

17. Aparelha Luzia, em São Paulo (SP)

Instagram: @momentosdemaria
Construído com a premissa de ser um quilombo urbano, o local é um centro cultural localizado no centro de São Paulo e seu nome é uma referência aos aparelhos da ditadura dos 1960 e 1970, e combinado com Luzia, o famoso fossíl da primeira brasileira, de traços negros. Por lá é possível encontrar boa música, apresentações étnicas, comida deliciosa, apresentações teatrais – além de muitas pessoas do movimento negro paulistano.

18. Igreja Nossa Senhora do Rosario e estátua da Mãe Preta, em São Paulo (SP)

Instagram: @mario_cruz_mariola
Também conhecida como "Igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos", originalmente ela ficava na praça Antônio Prado, na região central da cidade, mas com a urbanização acabou sendo demolida e reerguida no Largo do Paissandu. A construção da igreja original foi feita graças a Irmandade dos Homens Pretos de São Paulo para que a população negra tivesse um local para frequentar, já que havia uma proibição para outras igrejas. Também no Largo do Paissandu fica a "Mãe Preta", obra construída em 1950 que simboliza a figura da babá negra, que criou os filhos dos senhores de engenho, nos tempos coloniais.

19. Estátua de Zumbi dos Palmares, em São Paulo (SP).

Instagram: @washingtonluizr
Localizada no mesmo local onde outrora ficou a Igreja dos Homens Pretos, é uma homenagem ao líder do Quilombo dos Palmares.

Essa é inscrição na estátua.

Instagram: @emersonartesvargas
Agradecimentos a Luciana Paulino, do @blackbird_viagem
e ao projeto "Linha Preta" pela colaboração neste post.

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