Pular para o conteúdo principal

A SITUAÇÃO NO HAITÍ - POR: SPUTNIK BRASIL

Soldados do BRABAT 26 embarcam em Campinas rumo ao Haiti

EXCLUSIVO: Tudo que você precisa saber sobre a última missão brasileira no Haiti

© Foto: Igor Patrick/Sputnik
73066113
A ONU marcou o encerramento da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) para o dia 15 de outubro. Com isso, o Brasil enviou na terça (16) o último contingente de soldados para o país. A Sputnik esteve na cidade de Caçapava, SP, para a cerimônia de formatura dos soldados e te conta o que eles farão por lá.
Os discursos na formatura dos oficiais já dava o tom do Batalhão Brasileiro de Força de Paz (BRABAT) 26: o clima é de despedida e de necessidade de perpetuar o legado de 13 anos do Brasil no Haiti. A missão, que nasceu depois de um levante armado contra o então presidente Jean-Bertrand Aristide em 2004, foi a mais ousada aspiração brasileira e os militares enviados têm à frente uma das mais complicadas cargas de trabalho desde seu início.
Treinamento
A seleção dos militares que participam do BRABAT 26 começou ainda no ano passado. De junho a dezembro de 2016, quem se inscreveu para a missão passou por uma peneira de avaliações físicas, médicas e psicológicas. Critérios como a experiência profissional do militar, a capacidade de demonstrar companheirismo e lealdade, além de habilidades técnicas foram levados em consideração.
Os aprovados iniciaram o treinamento no dia 9 de janeiro, que se estendeu até 28 de abril. Além dos procedimentos padrões seguidos pelo Exército desde a primeira leva em 2004, os soldados também foram orientados a reagir em adversidades climáticas, já que o segundo semestre é o mais propício para a chegada de furacões na ilha.
Treinamento do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil com os militares que compõem o 26º efetivo do BRABAT no Haiti.
© FOTO: CCOPAB/DIVULGAÇÃO
Treinamento do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil com os militares que compõem o 26º efetivo do BRABAT no Haiti.
Outro ponto se concentra no aspecto social do Haiti. Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o comandante do BRABAT 26, Coronel Alexandre Oliveira Cantanhede Lago comentou sobre a importância em se conhecer as particularidades do país.
"Para ter sucesso, você tem que conquistar o apoio desta população e se você não sabe interagir com ela, não conhece seus costumes, a religião, se não respeita isso, não vai ter sucesso. O soldado tem instruções sobre o país, aprende o básico do idioma crioulo, coisas simples que ajudam na interação. Só de crioulo são 60 horas de treinamento obrigatórias", conta Cantanhede.
Contingente
Ao todo, 970 militares vão compor o efetivo do BRABAT 26 no Haiti. Desse total, 120 são da Companhia Brasileira de Engenharia de Força de Paz (BRAENGCOY) e desempenham funções de natureza técnica.
Haitianos protestam para exigir à MINUSTAH (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti) que pague pelo surto de cólera no Haiti em 2010 durante uma manifestação em Port-au-Prince, Haiti. Foto tirada em 15 de fevereiro de 2017.
obre missão no Haiti: ‘são 13 anos de dor, de sofrimento, de ocupação’
Os outros 850 são formados por 175 militares do Agrupamento Operativo de Fuzileiros Navais, 6 oficiais da Marinha e 4 da Força Aérea que compõem o Estado-Maior do BRABAT, 30 do Pelotão da Força Aérea e os 635 restantes de oficiais do Exército.
A maior parte do efetivo responsável pelo patrulhamento e pelas operações na rua vieram do Comando Militar do Sudeste, com sede no estado de São Paulo. Foi de lá, especificamente no Aeroporto Internacional de Viracopos que saíram os primeiros 243 na terça-feira. O restante deixa o Brasil nos dias 22/05, 26/05 e 01/06.
Transição e Desmobilização
A Minustah será substituída no Haiti pela chamada Missão de Suporte por Justiça das Nações Unidas, que terá sete unidades com 980 policiais, somados a outros 295 agentes de segurança individuais. Esta nova missão terá efetivo majoritário canadense e permanecerá no país por cerca de dois anos até que o Haiti conclua a transição da segurança para a própria Polícia Nacional do Haiti (PNH).
Soldados do BRABAT 26 embarcam em Campinas rumo ao Haiti
ssão de Paz no Haiti
Segundo o Coronel Cantanhede, ainda não estão previstas reuniões com a PNH para preparar a transição.
"Isso aí [as reuniões] está sendo conversado, porque até mesmo o efetivo da Polícia das Nações Unidas que vai permanecer a partir do dia 16 de outubro vai ser limitado […]. Aos poucos, eles [a PNH] vão tomando conta, sendo mais responsáveis pelas áreas mais perigosas e contribuindo pela segurança pública local", adianta o coronel.
  • Cerimônia de formatura dos soldados do BRABAT 26
  • Cerimônia de formatura dos soldados do BRABAT 26
  • Soldados do BRABAT 26 embarcam em Campinas rumo ao Haiti
  • Soldado membro da equipe médica do BRABAT 26
  • Soldados do BRABAT 26 embarcam em Campinas rumo ao Haiti
  • Soldados do BRABAT 26 embarcam em Campinas rumo ao Haiti
  • Soldados do BRABAT 26 embarcam em Campinas rumo ao Haiti
1 / 7
© FOTO: IGOR PATRICK/SPUTNIK
Cerimônia de formatura dos soldados do BRABAT 26
Já quanto ao trabalho de desmobilização, as tarefas dos soldados do BRABAT 26 serão minuciosas. Será preciso seguir vários memorandos da ONU e acordos bilaterais entre o Brasil e o Haiti sobre o que fica e o que volta para o nosso país. Os militares deverão literalmente desmontar toda a estrutura brasileira em terras haitianas para facilitar a repatriação. 
A tarefa será cumprida seguindo orientações do Estado-Maior, paralela ao patrulhamento das ruas. Porém, todas as atividades militares, por determinação da ONU, devem ser interrompidas no dia 1º de setembro.
Para onde vamos agora?
É certo que, após o Haiti, o Brasil vai se empenhar em uma nova missão de paz das Nações Unidas. O destino, porém, permanece incerto. Em abril, observadores da ONU estiveram nas instalações militares brasileiras para produzir um relatório técnico ao Conselho de Segurança da ONU.
Militares brasileiros em Missão de Paz da ONU
VALTER CAMPANATO/ABR
Fontes do Exército dão como certeza o Mali, que vive uma violenta guerra pela soberania territorial desde 2013, enquanto Itamaraty fala no Líbano, local de ascendência do presidente Michel Temer e onde já há destacamento naval brasileiro a serviço da ONU.
Sobre o assunto, a Sputnik falou com exclusividade com o ministro da Defesa, Raul Jungmann durante sua passagem no Rio de Janeiro. De acordo com o ministro, há cerca de 15 opções na mesa de Temer quanto a possíveis destinos das tropas brasileiras, que incluem também o Congo e o Chipre.
"A definição tem que ser apresentada pelo nosso presidente da República e levada ao Congresso Nacional. O Brasil pretende continuar como provedor de paz, inclusive pelo reconhecimento internacional que tivemos, a exemplo do que é feito hoje no Líbano. Nós coordenamos a única missão marítima de paz da ONU por lá, há a possibilidade de enviar também forças terrestres, mas não há decisão", disse Jungmann, acrescentando que a opção vai combinar uma série de fatores políticos, econômicos e técnicos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Carta das Centrais Sindicais ao Presidente Bolsonaro

“EXMO. SR. JAIR MESSIAS BOLSONARO MD. PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL BRASÍLIA – DF Senhor Presidente, As Centrais Sindicais que firmam a presente vem, respeitosamente, apresentar-se à Vossa Excelência com a disposição de construir um diálogo em benefício dos trabalhadores e do povo brasileiro. Neste diálogo representamos os trabalhadores, penalizados pelo desemprego que atinge cerca de 12,4 milhões de pessoas, 11,7% da população economicamente ativa (IBGE/PNAD, novembro de 2018) e pelo aumento da informalidade e consequente precarização do trabalho. Temos assistido ao desmonte de direitos historicamente conquistados, sendo as maiores expressões desse desmonte a reforma trabalhista de 2017, os intentos de reduzir direitos à aposentadoria decente e outros benefícios previdenciários, o congelamento da política de valorização do salário mínimo e os ataques à organização sindical, as maiores expressões deste desmonte. Preocupa-nos sobremaneira o destino da pol

19 Exemplos de publicidade social que nos fazem pensar em problemas urgentes - POR: INCRÍVEL.CLUB

Criadores de propagandas de cunho social têm um grande desafio: as pessoas precisam não apenas notar a mensagem, mas também lembrar dela. Você deve admitir que, mesmo passados vários anos, não consegue tirar da cabeça algumas peças publicitárias desse tipo, que fizeram com que passasse a enxergar determinadas situações sob uma outra ótica. Se antes as propagandas sociais abordavam tmas como a poluição do meio ambiente com plástico e o aquecimento global, hoje existem campanhas sobre os perigos do sedentarismo, os riscos que o tabagismo representa aos animais em decorrência do aumento de incêndios florestais e até sobre a importância das férias para a saúde humana. São, portanto, peças que abordam problemas atuais e familiares para muita gente. Neste post, o  Incrível.club  mostra a você o que de melhor foi criado recentemente no campo das propagandas de cunho social. Fumar não é prejudicial apenas à sua saúde, mas também aos animais que vivem em áreas que sofrem com incênd

Empresas impõem regras para jornalistas

REDE SOCIAIS Por Natalia Mazotte em 24/5/2011 Reproduzido do Jornalismo nas Américas http://knightcenter.utexas.edu/pt-br/ , 19/5/2011, título original: "Site de notícias brasileiro adota regras para o uso das redes sociais por jornalistas"; intertítulo do OI Seguindo a tendência de veículos internacionais , o site de notícias UOL divulgou aos seus jornalistas normas para o uso de redes sociais , de acordo com o blog Liberdade Digital. As recomendações se assemelham às já adotadas por empresas de notícias como Bloomberg , Washington Post e Reuters : os jornalistas devem evitar manifestações partidárias e políticas, antecipar reportagens ainda não publicadas ou divulgar bastidores da redação e emitir juízos que comprometam a independência ou prejudiquem a imagem do site. Segundo um repórter do UOL, os jornalistas estão tuitando menos desde que as diretrizes foram divulgadas . "As pessoas estão tuitando bem menos. Alguns cogitam deletar seus p