Pular para o conteúdo principal

Os Rolling Stones e as histórias por trás de cinco músicas famosas - KELLEN MORAES - POR: EL PAÍS -Twitter São Paulo 25 FEV 2016


As canções inspiradas no Brasil e a faixa com vocais de Lennon e McCartney são algumas surpresas

A banda britânica The Rolling Stones se apresenta no programa ‘Thank Your Lucky Stars’, do Reino Unido, em 1965.
A banda britânica The Rolling Stones se apresenta no programa ‘Thank Your Lucky Stars’, do Reino Unido, em 1965.  REDFERNS

Os Rolling Stones inauguram neste sábado a série de shows pelo Brasil, com uma apresentação no Maracanã. Depois, seguem para São Paulo (shows nos dias 24 e 27) e Porto Alegre (dia 2 de março). Para aquecer, contamos curiosidades sobre algumas das músicas mais famosas da banda.
(I Can’t get no) Satisfaction
1965 foi um ano crucial na história da música. Foi neste ano que os Beatlestocaram pela primeira vez em um estádio, o Shea Stadium, em Nova York, inaugurando uma nova era das apresentações – agora para multidões. Foi também em 1965 que seus conterrâneos Rolling Stones forjaram seu primeiro sucesso internacional: (I Can’t get no) Satisfaction – também parido pelo choque cultural entre Inglaterra e Estados Unidos. Os Stones estavam no meio de uma turnê em solo americano e um dia, após um show na Flórida, Keith Richards acordou com um riff e com um verso na cabeça: I can’t get no satisfaction. De início, ele chegou até a desprezar o riff, pois era muito parecido com Dancing in the streets, do grupo Martha and the Vandellas (a propósito, anos depois, David Bowie e Mick Jagger gravaram a música). Mick Jagger compôs o restante da letra em 10 minutos, cheia de referências (nem tão) veladas à sexualidade e críticas ao consumismo visto nos Estados Unidos.
We love you
As duas maiores bandas da história são conterrâneas e contemporâneas. Mas isso não quer dizer que elas tenham sido rivais – pelo menos não como o imaginário coletivo faz parecer. Os Beatles e os Rolling Stones não só não eram competidores como também colaboravam entre si. Prova é que, apesar de não creditados, na canção We Love YouJohn Lennon e Paul McCartney fazem os backing vocals. O poeta Allen Ginsberg estava presente na gravação.


Honky Tonk Women
A letra evoca um saloon no Tennessee, mas foi em Matão, no interior de São Paulo, que ela nasceu. No final de 1968, Jagger e Richards vieram ao Brasil com suas respectivas famílias para assistir à queima de fogos em Copacabana. Para fugir do assédio da imprensa, refugiaram-se na Fazenda Boa Vista, a convite do banqueiro Walther Moreira Salles. As aventuras dos dois no lugar (que inclui uma festa junina para a criançada da fazenda em pleno dezembro) são narradas no livro Sexo, Drogas e Rolling Stones e no documentário Aliens 69: Quando os Rolling Stones invadiram Matão. Foi lá, entre pés de manga, passeios a cavalo e o ritmo da música caipira, que a dupla escreveu a letra de Honky Tonk Women, sobre uma garçonete bar.
Sympathy for the Devil
A relação dos Stones com o Brasil começou um pouco antes do episódio contado acima, da viagem a Matão. Eles já tinham vindo ao Brasil no início de 1968 e nessa época conheceram a Bahia. Se até para um brasileiro a primeira visita a um terreiro de umbanda é impactante, imagine para esse grupo de ingleses. Fascinados pelo som dos tambores dos rituais de candomblé que conheceram no Brasil, os Stones incluíram as percussões que fazem a introdução inesquecível de Sympathy for the Devil. A ideia da letra, composta por Mick Jagger, surgiu das leituras do poeta francês Charles Baudelaire e do escritor russo Mikhail Bulganov e traz referências a eventos históricos como as mortes na família Kennedy, a Revolução Russa e a Segunda Guerra Mundial. Não é preciso dizer que os Stones foram acusados de satanismo por causa dessa faixa.
Gimme Shelter


Difícil imaginar essa música, gravada em 1969, sem o arrepiante backing vocal. A dona da desconcertante voz que, literalmente, grita Rape, Murder. It’s just a shot away (Estupro, assassinato. Está a um tiro de distância) é a cantora Merry Clayton. No documentário A um passo do estrelato, vencedor do Oscar na categoria em 2014, Clayton conta que foi acordada tarde da noite em sua casa para, às pressas, gravar a faixa com os Stones, que tiveram a ideia de inserir um vocal feminino na música.
Ainda de pijamas e rolos no cabelo, ela arrastou seu barrigão (estava grávida de oito meses) para realizar o desejo do grupo. Se ainda hoje a entrega total na interpretação de Merry Clayton impressiona, imagine naquela noite, naquele estúdio. Os Stones ficaram chocados, e as reações de espanto podem ser ouvidas na faixa com o vocal isolado da cantora. Na volta para a casa depois da sessão, Clayton sofreu um aborto espontâneo provocado pelo esforço para atingir as notas.
Gimme Shelter já foi considerada a melhor música dos Stones pelas revistas Uncut e Rolling Stone. Certamente, o cineasta Martin Scorsese concorda: a canção aparece na trilha de três filmes seus - Os Bons CompanheirosCassino e Os Infiltrados.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Carta das Centrais Sindicais ao Presidente Bolsonaro

“EXMO. SR. JAIR MESSIAS BOLSONARO MD. PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL BRASÍLIA – DF Senhor Presidente, As Centrais Sindicais que firmam a presente vem, respeitosamente, apresentar-se à Vossa Excelência com a disposição de construir um diálogo em benefício dos trabalhadores e do povo brasileiro. Neste diálogo representamos os trabalhadores, penalizados pelo desemprego que atinge cerca de 12,4 milhões de pessoas, 11,7% da população economicamente ativa (IBGE/PNAD, novembro de 2018) e pelo aumento da informalidade e consequente precarização do trabalho. Temos assistido ao desmonte de direitos historicamente conquistados, sendo as maiores expressões desse desmonte a reforma trabalhista de 2017, os intentos de reduzir direitos à aposentadoria decente e outros benefícios previdenciários, o congelamento da política de valorização do salário mínimo e os ataques à organização sindical, as maiores expressões deste desmonte. Preocupa-nos sobremaneira o destino da pol

19 Exemplos de publicidade social que nos fazem pensar em problemas urgentes - POR: INCRÍVEL.CLUB

Criadores de propagandas de cunho social têm um grande desafio: as pessoas precisam não apenas notar a mensagem, mas também lembrar dela. Você deve admitir que, mesmo passados vários anos, não consegue tirar da cabeça algumas peças publicitárias desse tipo, que fizeram com que passasse a enxergar determinadas situações sob uma outra ótica. Se antes as propagandas sociais abordavam tmas como a poluição do meio ambiente com plástico e o aquecimento global, hoje existem campanhas sobre os perigos do sedentarismo, os riscos que o tabagismo representa aos animais em decorrência do aumento de incêndios florestais e até sobre a importância das férias para a saúde humana. São, portanto, peças que abordam problemas atuais e familiares para muita gente. Neste post, o  Incrível.club  mostra a você o que de melhor foi criado recentemente no campo das propagandas de cunho social. Fumar não é prejudicial apenas à sua saúde, mas também aos animais que vivem em áreas que sofrem com incênd

Empresas impõem regras para jornalistas

REDE SOCIAIS Por Natalia Mazotte em 24/5/2011 Reproduzido do Jornalismo nas Américas http://knightcenter.utexas.edu/pt-br/ , 19/5/2011, título original: "Site de notícias brasileiro adota regras para o uso das redes sociais por jornalistas"; intertítulo do OI Seguindo a tendência de veículos internacionais , o site de notícias UOL divulgou aos seus jornalistas normas para o uso de redes sociais , de acordo com o blog Liberdade Digital. As recomendações se assemelham às já adotadas por empresas de notícias como Bloomberg , Washington Post e Reuters : os jornalistas devem evitar manifestações partidárias e políticas, antecipar reportagens ainda não publicadas ou divulgar bastidores da redação e emitir juízos que comprometam a independência ou prejudiquem a imagem do site. Segundo um repórter do UOL, os jornalistas estão tuitando menos desde que as diretrizes foram divulgadas . "As pessoas estão tuitando bem menos. Alguns cogitam deletar seus p