VALE A PENA LER DE NOVO - OBSERVANDO A PAUTA - A MANIPULAÇÃO DA FÉ E A CULTURA DO MEDO NA SOCIEDADE BRASILEIRA - POR: MARCOS BENEDITO
Nos últimos tempos, temos no deparado com uma sensação terrível de medo crescente, insegurança, diante da violência, que assola o mundo em praticamente todos os seus continentes.
As iniciativas no campo governamental já não são mais suficientes para inibir o crescimento vertiginoso da marginalidade.
O crime organizado estende os seus tentáculos para todos os segmentos da sociedade, seja na iniciativa privada ou na esfera federal, alcançando inclusive as empresas estatais.
A banalização da criminalidade se amplia com a proliferação das redes sociais, que contribuem substancialmente para a massificação em tempo real da cultura do ódio e da intolerância.
O linchamento moral, a criminalização dos movimentos sociais, a pirotecnia jurídica e o movimento orquestrado da mídia tornaram-se situações rotineiras no dia-a-dia da população brasileira.
Esta onda avassaladora de acontecimentos se alastra em todos os segmentos da sociedade brasileira, inclusive nos meios religiosos.
A mesma situação ocorre em relação ao povo de origem muçulmana.
Com o acirramento da guerra contra o islamismo, todo e qualquer cidadão nascido no oriente médio está submetido ao preconceito islamofóbico, agravado após o atentado das torres gêmeas nos Estados Unidos.
Quase que diariamente, repercutem-se as notícias de invasão e destruição de terreiros de umbanda e candomblé em várias regiões do país.
Algumas denominações evangélicas pregam a "demonização" da prática do candomblé e da umbanda, incentivando a intolerância religiosa contra os praticantes das religiões de matrizes africanas.
No Congresso Nacional a bancada evangélica organiza-se para aprovar uma agenda conservadora com o objetivo de defender os interesses da “família brasileira”.
Não bastando isto, surgem algumas lideranças preocupadas em realizar o trabalho sacerdotal aliado à necessidade de aumentar a representação política dos evangélicos na política nacional.
A cultura do medo ganha uma nova vertente, fundamentada nos "princípios bíblicos", onde os crentes "devem escolher" entre o caminho da luz ou das trevas, do pecado ou da salvação.
Neste contexto, na visão destas lideranças, Jesus Cristo adquire um contorno secundário, numa adequação a atual realidade, que estende a cultura do medo para o interior das igrejas e da Bíblia Sagrada, transformando-a simplesmente num manual de manipulação de interesses pessoais, onde a liderança passa a determinar “maquiavelicamente” os que serão condenados e os que serão salvos.
Algumas denominações eclesiásticas passam a se apropriar da violência e da cultura do medo, pregando um Deus vingativo, que condena e mata aos que se rebelam contra as lideranças da igreja.
Assumem o papel de intermediários entre Deus e os homens, desrespeitando a Palavra de Jesus que antes de partir para os Lugares Celestiais à direita do Pai, disse: “Eu Sou o Caminho e a Vida, ninguém vem ao Pai se não for por Mim”.
Transformam a fé das pessoas em moeda de troca e trunfos políticos, em meio a barbárie que predomina em todos os confins da terra, abrindo mão de honrar e defender o nome do Deus do amor, da misericórdia e da justiça.
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