OBSERVANDO A PAUTA - Fotógrafo mostra em montagens o 'tráfego intenso' em grandes aeroportos do mundo - Stephen Dowling Da BBC Future
Em qualquer momento do dia, cerca de um milhão de pessoas no mundo inteiro têm algo em comum - elas estão no ar, em algum dos milhares de aviões de companhias aéreas que ajudaram a transformar o modo como viajamos.
Nosso desejo de conhecer novos lugares e a situação dos negócios internacionais resultam na decolagem e pouso de milhares de aviões todos os dias.
O fotógrafo baseado em Los Angeles Mike Kelley capturou um relance dessa movimentação aérea em um projeto chamado Airportraits ("retratos aéreos", em tradução livre), ao tirar fotos de avião após avião para criar composições de imagens de um dia na rotina dos aeroportos mais cheios do mundo.
Aeroporto Internacional de Los Angeles
"Eu sempre fui fascinado por aviação e um dia enquanto estava no LAX (Aeroporto de Los Angeles) observando aviões eu decidi capturar várias decolagens e colocá-las juntas em uma única imagem para mostrar seus caminhos e o volume de tráfico partindo do aeroporto", diz Kelley.
Aeroporto de Zurique
"A inspiração por trás desse conjunto de imagens foi simples considerando o sucesso da original", diz Kelley.
"Eu sabia que a ideia tinha potencial e que devia fazer algo a respeito. Há vários aeroportos incríveis, companhias aéreas e aviões por aí que eu gostaria de fotografar, então o plano foi colocado em ação para fotografar o máximo possível".
Aeroporto de Heathrow, Londres
As fotos de Kelley mostram alguns dos aeroportos mais reconhecíveis do mundo, incluindo o Heathrow, de Londres, e o Haneda, de Tóquio, com vista para o monte Fuji.
"Eu geralmente escolho aeroportos com base em sua localização ou em quão icônicos eles são em uma escala global", diz o fotógrafo. "O Heathrow é obviamente um dos aeroportos mais conhecidos, para o bem ou para o mal, e localizado da cidade que deve ser a mais conhecida do mundo. Haneda é o aeroporto mais movimentado do mundo e você consegue ver o icônico monte Fuji em uma dia perfeito. Eu queria ligar esses locais incríveis com o tráfego aéreo de uma maneira nunca antes vista".
É importante destacar que as fotos não mostram o tráfego todo - os aviões que aparecem em Heathrow são apenas alguns entre os mais de 1,4 mil que partem e pousam todos os dias na cidade.
Aeroporto de Dubai
Depois da foto de Kelley em Los Angeles, tirada em março de 2014, a próxima cidade foi Dubai.
"Essa localização foi mais difícil, já que eu tive que me organizar especialmente para fotografar o aeroporto. Depois disso, eu voltei para LA por um tempo antes de organizar uma viagem ao redor do mundo que começou no aeroporto de Schiphol, em Amsterdã".
Para cada montagem, Kelley passou entre 8 e 12 horas por dia fotografando os aviões.
Aeroporto de Guarulhos, São Paulo
Para tirar as fotos, Kelley passou várias horas no mesmo lugar, tirando foto após foto de cada avião ao chegar e partir em sua câmera digital.
"Realmente depende de uma série de fatores, especialmente o clima e a posição do sol. Às vezes pode levar um dia de captação e um dia de Photoshop e em alguns casos leva semanas de espera e então meses no Photoshop para deixar tudo perfeito".
Aeroporto Kingsford Smith, em Sydney
Kelley teve que garantir que a luz estaria equilibrada o máximo possível durante o dia inteiro de filmagem.
"Depois de encontrar o local de captação, tive que esperar por um dia em que vento, clima e luz cooperassem. Já que aviões decolam contra a direção do vento, isso significa esperar por um dia com ventos constantes na direção que funcionasse melhor com o local de captação escolhido. Se os ventos mudassem de direção na metade do caminho, eu perderia um dia inteiro de trabalho (os pousos e decolagens mudam de direção ou pista). Da mesma forma, se o tempo mudasse muito ao longo do dia, isso tornaria a composição das imagens mais difícil já que cor, iluminação e exposição em todas as partes do cenário mudam de acordo com a sombra das nuvens e o sol".
Aeroporto Schiphol, Amsterdã
As fotos exigiram muita paciência. "A situação ideal era ter um ótimo local de captação que mostrasse os aviões, algum toque local, o sol atrás de mim (ou uma sombra consistente das nuvens) e ventos constantes por um dia inteiro. É fácil em um local como Los Angeles, que é sempre ensolarado. Em um lugar como Londres? Tive que fazer três viagens a Londres para conseguir boas imagens por causa da mudança constante de clima e vento. O mesmo aconteceu com Tóquio: no fim das contas não é mentira a história de que o monte Fuji é um 'monstro' caprichoso. Ele só é visível nos dias mais claros então eu tive que ir ao Japão duas vezes para conseguir a imagem que eu queria".
Depois de tirar as fotos, foi a vez de editar e iniciar as composições. Kelley então colocou a imagem de cada avião sobre o fundo do aeroporto.
"Eu tinha entre 10 e 15 fotos de cada um deles e selecionei a melhor imagem de cada avião, mas era bem entediante. No final eu tinha todas as minhas aeronaves no lugar e era apenas uma questão de ajustar luz, cor e contraste".
Aeroporto de Auckland, Nova Zelândia
A vantagem é que Kelley é um ávido fã de aviação. "O projeto me ensinou sobretudo que eu tenho mais paciência e foco do que imaginava. Eu consigo operar com muito menos horas de sono do que pensava poder, e que sou capaz de comer todo tipo de comida esquisita de avião. Eu sempre soube que as pessoas estavam dispostas a ajudar, mas a quantidade de ajuda que recebi de tantas pessoas - pilotos, controladores de tráfego, aeroportos, donos de terras, tudo - foi realmente incrível", diz.
"Eu aprendi muito sobre como a aviação funciona. Quando você senta e observa aviões durante um dia inteiro em aeroportos em todas as partes do mundo você de repente entende melhor como horários e mudanças de escala funcionam. Eu costumava me interessar pelo assunto, mas agora eu consigo olhar para o céu em qualquer hora do dia e dizer a você que tipo de avião é aquele, de onde vem e para onde vai".
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site da BBC Future.
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