"Qualquer déspota, quando constrói um monumento para si mesmo, seja Ceau?escu, seja Hussein, é sempre igual aos outros", disse o músico
por REDAÇÃO
10 de Março de 2017 às 14:34
10 de Março de 2017 às 14:34
Em entrevista recente ao jornal britânico The Guardian, Roger Waters falou sobre a adaptação para a ópera do disco The Wall. O álbum está sendo reescrito para a linguagem orquestral pelo ex-baixista do Pink Floyd em parceria com a Opéra de Montréal. O espetáculo estreia no dia 11 de março na cidade canadense.
Além disso, o músico explicou à publicação o porquê do clássico LP do Pink Floyd ser tão relevante nos dias atuais do que quando foi lançado, em 1979. Para isso, ele tomou como exemplo o polêmico e controverso governo de Donald Trump nos Estados Unidos, que vem encabeçando o projeto da construção de um muro entre os Estados Unidos e o México, Ele ainda o comparou a ditadores como o iraquiano Saddam Hussein e o romeno Nicolae Ceausescu.
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"Qualquer déspota, quando constrói um monumento para si mesmo, seja Ceausescu, seja Hussein, é sempre igual aos outros", disse o músico. "Falta algo na sensibilidade destas pessoas, por isso é como se o construíssem a partir de um catálogo para déspotas, sempre com mármore e torneiras feitas de ouro", arrematou o britânico, citando a Trump Tower, edifício do empresário localizado em Nova York. “É o símbolo ideal de tudo aquilo que nós precisamos nos manter afastados.”
"Qualquer déspota, quando constrói um monumento para si mesmo, seja Ceausescu, seja Hussein, é sempre igual aos outros", disse o músico. "Falta algo na sensibilidade destas pessoas, por isso é como se o construíssem a partir de um catálogo para déspotas, sempre com mármore e torneiras feitas de ouro", arrematou o britânico, citando a Trump Tower, edifício do empresário localizado em Nova York. “É o símbolo ideal de tudo aquilo que nós precisamos nos manter afastados.”
“Os norte-americanos elegeram alguém que não acredita nas mudanças climáticas. Ele acha que tudo isso é uma invenção. E isso é o fim da história. Ele pensa que isso é algo inventado pelas pessoas, e ele acabou convencendo um grande número de pessoas de que ele está certo, só por constatar esse fato. Você constata uma grande mentira e as pessoas acabam acreditando nela.”
Não é a primeira vez que Waters demonstra publicamente seu descontentamento em relação ao ex-apresentador do reality The Apprentice, comparando-o a ditadores. Anteriormente, em entrevista ao podcast WTF, de Marc Maron, o cantor e compositor fez uma analogia entre a candidatura e popularização de Trump à ascensão de Adolf Hitler na Alemanha entreguerras.
Na ocasião, o ex-baixista e letrista do Pink Floyd discutiu com Maron questões de classe, desigualdade e injustiça social. Perto do fim, ele falou com o podcaster sobre as maneiras com que o pensamento fascista nasce e se prolifera na sociedade: “Era bastante recorrente na Alemanha dos anos 1930, quando surgiu o partido Nacional-Socialista. Hoje em dia, o nacionalismo de Trump pode até ser menos insidioso, mas é tão perigoso quanto.”
“A forma com que esse tipo de pensamento chega ao poder e transforma um Estado em algo totalitário é sempre a mesma, e sempre vem da identificação do ‘outro’ como um inimigo”, continuou. “No caso de Trump, ‘os outros’ são os chineses, os mexicanos e o islã. Com Hitler foram os judeus, os comunistas, o povo romani, os homossexuais, entre outros – os quais eram agrupados como parte do mesmo problema.”
Waters também falou sobre como os Estados Unidos parece ter sido tomado por um sentimento de derrota e estagnação econômica, assim como aconteceu com a Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, em decorrência do Tratado de Versalhes.
“O padrão de vida das pessoas nos Estados Unidos está despencando em queda livre e com isso os direitos garantidos pela Constituição acabam sendo lentamente destruídos e tirados dos norte-americanos”, disse o britânico.
Durante a apresentação de Waters no Desert Trip – que aconteceu no ano passado, em Indio, Califórnia, e reuniu veteranos do rock como Neil Young e Paul McCartney – o músico exibiu em um telão o rosto de Trump acompanhado da palavra "charada", enquanto tocava "Pigs (Three Different Ones)". Ao longo da performance da canção foram projetadas imagens do republicano vestindo um capuz da Ku Klux Klan, grupo extremista norte-americano.
O show de Waters no festival contou com um porco inflável gigante com o rosto de Trump estampado na lateral. O animal inflável flutuou sobre o público, acompanhado pelas palavras “porco ignorante, mentiroso, racista, sexista”.
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