OBSERVANDO A PAUTA - A mobilização atual encontra-se restrita a setores organizados da sociedade - Por: INTERCEPT BRASIL
Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil
A APROVAÇÃO DE Michel Temer está na casa dos 10%, as taxas de desemprego não param de subir, a economia encolhe, o governo toma uma série de medidas impopulares e os homens de confiança do presidente estão mergulhados na Lava Jato. O cenário parece um barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento. Mas o presidente segue tranquilo sem ouvir o barulho das panelas.
A mobilização atual encontra-se restrita a setores organizados da sociedade.
No início da semana, questionamos os motivos do silêncio das ruas. Em entrevista ao The Intercept Brasil, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou que a mobilização atual encontra-se restrita a setores organizados da sociedade. Já para o professor do Departamento de Gestão Pública da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), Claúdio Couto, destacou o mau momento da economia, uma onda conservadora global, a polarização ideológica da sociedade que mina o diálogo político e uma grande imprensa que fez oposição a Dilma, mas é conivente com Temer.
Com a saída do PT do governo, o desaparecimento dos amarelinhos com camisa da CBF era esperado. Mas onde estão os movimentos sociais? E os sindicatos e partidos políticos de oposição? Por que não se mobilizam? Por que o povo não está nas ruas? Onde falha a mobilização da esquerda?
Selecionamos algumas das respostas dos nossos leitores que tentam entender a atual inércia dos que se encontram insatisfeitos.
Jair C. Nascimento
“Acredito que aquela esquerda, do começo do século, acomodou-se achando que já tinha feito a lição de casa e envelheceu (perdeu voz) nessa pretensa calmaria dos anos Lula-Dilma… Agora perderam a energia e a mobilização para mudar os rumos… Mas, como tudo no mundo é cíclico, talvez se recupere mais à frente, com uma nova roupagem!”
Pedro Lucchesi
“Acho que o “aquietamento” da esquerda está muito relacionado a uma falta de reconhecimento público, por parte de figuras de destaque, dos erros cometidos a frente dos últimos governos. A esquerda parece estar muito mais reativa do que propositiva e pouco autocrítica.”
Santiago M. Morita
“Enquanto a dita esquerda não fizer uma autocrítica e autorreflexão, ela vai ficar meio off por um tempo. Se o PT continuar como “carro-chefe” e sem um “mea culpa”, vão ficar sumidos por um tempo. O PT perdeu aquela militância porque se acomodou no poder e com o poder. Não manteve as pautas que defendia na teoria e, na prática, mostrou mais do mesmo com um pouco mais de ‘preocupação social’.”
Artur Tomaz
“Falta um líder que tenho apoio e empatia popular para mobilizar o povo. Falta um Brizola,um Miguel Arraes e um partido como era o PT nos anos 80.”
Marcia Maresti Lima
“Não estamos acovardados, fomos golpeados, estamos resistindo de diversas formas, mas não estamos organizados. Desmobilizados, sim.”
Priscilla Gummidge
“Não se acovardou, não. Tá é foda ir pra rua quando você sabe que a polícia tem salvo-conduto para descer o cacete, que a mídia vai te transformar num ‘vândalo’.”
Marcelo
“O que o Guilherme Boulos disse é o que penso, em termos de fragilidade da esquerda. Essa mídia e esse descolamento do povo. Só descola porque não faz parte. E quanto à mídia, tiveram tempo de reformular, mas só agora volta ao tema de mídia direitona.”
Queremos ouvir nossos leitores. Compartilhe conosco a sua opinião sobre a falta de voz do enorme número de insatisfeitos.
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