OBSERVANDO A PAUTA - ‘iBoat’, o invento póstumo de Steve Jobs que acaba de ser revelado - CARLOS MEGÍA -18 AGO 2016 - EL PAÍS BRASIL
Um dispositivo para controlar e monitorar embarcações, criado pelo guru da Apple, foi agora certificado pelo escritório de patentes norte-americano
O que provavelmente teria sido denominado ‘iBoat’ é um aparelho eletrônico semelhante a um smartphone, com uma tela tátil a partir da qual é possível dirigir e monitorar o funcionamento da embarcação. Não é por acaso a última invenção conhecida de Jobs, já que há seis anos ele se dedicava à construção do ambicioso iate que nunca chegou a ver zarpar, ao falecer meses antes de terminar de construí-lo. Vênus, a deusa romana do amor foi, o nome escolhido para o barco no qual o gênio da marca da maçã tinha planejado a sonhada aposentadoria devido à sua saúde debilitada. Este instrumento de automatização pioneiro teria lhe permitido controlar desde o ar condicionado dos quartos até a direção do timão movendo apenas um dedo.
Em relação às especificações técnicas, o funcionamento da última invenção de Jobs se basearia na comunicação sem fio graças a uma interface emparelhada ao sistema de controle eletrônico do barco. Esta incorporaria vários sensores que reuniriam informações do ambiente, como a profundidade da água, a direção do vento ou sua velocidade. Também ofereceria informação do veículo em tempo real (estado do motor, controladores de propulsão) servindo-se de um monitor de saúde que permitiria desativar o controle remoto se fossem detectadas falhas em algum sistema. Mesmo assim, a patente revela a existência de um controle remoto do timão, com o qual seria possível variar a direção do iate tomando sol no próprio convés.
De design minimalista, conta com um casco de alumínio ultraleve cortado em uma única peça e revestido de madeira de teca
Apesar de o falecimento de Jobs ter frustrado a materialização da patente, Vênus, cujo custo ronda os 110 milhões de euros (cerca de 400 milhões de reais), já singra os mares. Uma embarcação desenhada pelo famoso Philippe Starck, cuja conversa com Jobs para assumir o trabalho durou apenas quinze segundos por telefone. “Você gostaria de criar um barco para mim?” foi tudo o que disse o guru. Esta curiosa união de dois gênios do design revela um dado ainda mais impactante: “Desenhei tudo (tudo, tudo, tudo) em uma hora e meia. Tudo se encaixava. Trabalhei muito rápido”, explicou Starck à edição francesa da revista Vanity Fair. Jobs lhe deu carta branca para desenhar o Vênus com apenas três requisitos a se levar em conta: o casco deveria medir 82 metros exatos, só teria seis quartos idênticos (para família e tripulação) e o terceiro e mais importante, deveria ser silencioso. “Steve queria estar seguro de que os jovens pudessem estar na parte da frente do barco enquanto ele estivesse atrás e vice-versa. Estava obcecado pelo silêncio. Em sua casa, nem as crianças faziam barulho, nem o cachorro, nem sua esposa... Ninguém fazia qualquer barulho, nunca”.
Em dezembro de 2012, um ano depois da morte de Jobs, o barco zarpou pela primeira vez do porto de Amsterdã. De design minimalista, conta com um casco de alumínio ultraleve cortado em uma única peça e revestido de madeira de teca. A viúva de Jobs, Laurene Powell, é agora a dona de um Vênus que atracou nos portos de Barcelona e Palma de Mallorca, entre outras cidades. Starck, por sua vez, entrou na justiça pela falta de pagamento de três dos nove milhões acordados como cachê. Agora que a autoria da patente é oficial, desconhece-se se está nos planos de Tim Cook fabricar e comercializar o ‘iBoat’, que transformaria qualquer embarcação na versão aquática de Kitt, a Super Máquina. E para os fãs da Apple que não são milionários, sentimos muito, mas parece que a última genialidade de Jobs está fora do seu orçamento (um pouco além do que de costume). Mas alguém pode culpar o maior visionário de nossa época de querer se sentir como David Hasselhoff? Nós também não.
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