Com uma chuva de bombas e soando uma sirene, o Stuka era reconhecido em todos os campos de batalha na Europa, da Espanha até a a URSS
A Segunda Guerra Mundial começou quando a Alemanha de Adolf Hitler invadiu a Polônia de forma fulminante, no dia 1 de setembro de 1930. Era um ataque no ritmo “Blizkrierg”, a doutrina alemã de “guerra relâmpago”, formada por exércitos bem treinados e armados com equipamentos altamente eficientes. Um desses instrumentos dos nazistas era o bombardeiro Junkers Ju 87, o perigoso Stuka, cujo indefectível uivo assombraria toda a Europa.
A fama do Stuka já era conhecida antes mesmo do conflito mundial que se formava. A Luftwaffe (Força Aérea da Alemanha) testou o Ju 87 com a “Legião Condor” em terríveis ataques na Espanha, durante a Guerra Civil Espanhola. A aeronave, com asa em W e assustadoramente escandalosa durante os mergulhos, arrasou vilarejos como Benassal, Albocàsser e Guernica, que inspirou o famoso quadro de Pablo Picasso.No início da Segunda Guerra Mundial, o Ju 87 já um avião com eficiência comprovada. Com os excelentes resultados no início do conflito, a Luftwaffe considerava o Stuka invencível e a arma essencial da Blitzkrieg.
Desenvolvimento
A ideia do projeto do Stuka remonta às origens do Terceiro Reich. Ernst Udet, às alemão da Primeira Guerra Mundial e responsável pelo Gabinete Técnico da Lufwaffe, havia se impressionado com os bombardeiros de mergulho da US Navy (Marinha dos EUA) durante o tempo em que trabalhou como assessor cinematográfico em Hollywood e sugeriu ao comando nazista criar algo semelhante.
Udet acreditava que esse tipo de avião seria de extrema importância em ataques aéreos de precisão, além de já prever diversas modificações para diferentes missões. A Junkers começou a fabricar três protótipos do Ju 87 a partir de 1934. Por ironia do destino, o primeiro exemplar do Stuka tinha motor Rolls-Royce, importado da Inglaterra.
O primeiro voo foi realizado com sucesso no dia 17 de setembro de 1935, mas o mesmo não ocorreu na primeira prova de mergulho. Ao tentar a descida em alta velocidade, o piloto perdeu o controle da aeronave, que esmagou-se no chão. Após o acidente, o programa foi paralisado e o avião voltaria a voar, com modificações, somente no ano seguinte.
O “Stuka”, uma abreviação em alemão para “Sturzkampfflugenzeug” (“avião para bombardeiro de mergulho”) foi declarado operacional no início de 1937 e em pouco tempo provou seu valor.
Legião Condor
Na Guerra Civil Espanhola, entre 1936 e 1939, a Alemanha apoiou o regime da “Espanha Nacionalista”, que permitiu que forças do Eixo atuassem no país. A intenção dos alemães era testar suas novas máquinas de guerra. O Stuka foi enviado em front espanhol na segunda metade de 1937, para substituir os biplanos Hs 123.
Na missões da Espanha com a Legião Condor, o esquadrão da Luftwaffe enviado ao conflito, o Stuka foi gradualmente recebendo modificações, conforme surgia a necessidade. Nesse tempo, a aeronave ganhou um motor mais potente, carenagens aerodinâmicas no trem de pouso e a deriva e o leme de cauda foram ampliados. E para causar pânico durante os ataques, o avião foi equipado com uma sirene, acionada nos mergulhos de bombardeiros.
Segunda Guerra Mundial
Com a ajuda dos ataques precisos do Stuka, a Alemanha dominou em questão de poucas semanas os territórios da Polônia, França e os Países Baixos. Os aviões destruíam edificações e tinham armamentos e versões especificas para diversas missões. Podia carregar uma única bomba de quase 1.000 kg, com efeitos arrasadores, ou poderosos canhões de 37 mm, com balas que podiam atravessar tanques blindados.
O Ju-87B, principal versão do Stuka no início do conflito, podia voar a velocidade máxima de 400 km/h e tinha alcance de 700 km. Além disso, era um avião de fácil operação e não exigia grandes estruturas de apoio: em alguns casos bastava um campo aberto e um caminhão de combustível. A tripulação ainda era protegida por chapas blindadas na cabine.
Ao passo que a Alemanha avançava na conquista de novos territórios, a produção do Ju 87 aumentava em taxas ainda mais elevadas. As fábricas da Junkers, em meados de 1942, entregam mais de 400 aeronaves por mês. Além da Luftwaffe, o Stuka também foi exportado para a Bulgária, Hungria, Romênia e Itália, onde foi batizado como “Picchiatelli”.
Com a tomada do centro da Europa, parte da Escandinávia e o norte da África, a Alemanha iniciou a partir de 1941 ataques diretos à Inglaterra e União Soviética. E o Stuka novamente foi uma das armas de frente. Desta vez, porém, o inimigo contava com mais proteção. Apesar de um início com relativo sucesso contra esses países, o Ju-87 em pouco tempo seria subjugado.
O Stuka era blindado contra projéteis de metralhadora, mas não estava preparado para lidar com disparos de canhão de 20 mm, como os do britânico Spitfire, ou até de 30 mm, dos caças soviéticos Yakovlev. Além disso, ao avançar por esses territórios, o Ju-87 também encontrava cada vez mais resistência de artilharias anti-aéreas.
O bombardeiro foi utilizado com péssimos resultados durante a Batalha da Inglaterra. Muitos aparelhos eram abatidos antes de terminar a travessia do Canal da Mancha, pelos caças Hurricane e Spitfire. Na URSS, o Stuka e suas tripulações foram vencidos pelo cansaço de uma batalha que parecia não ter fim e inverno, e desta forma recuaram de volta para a Alemanha.
Mister Stuka
O militar alemão mais condecorado durante a Segunda Guerra Mundial foi um piloto de Stuka. Hans-Ulrich Rudel entrou para um esquadrão de Ju-87 em 1941 e acumulou vitórias que muitos consideram lendas. Segundo relatos da época, Redel semeou a destruição na Europa a bordo do terrível bombardeiros.
Números oficiais apontam que o piloto alemão realizou 2.500 missões, nas quais destruiu 519 tanques de combate, 150 peças de artilharia, 800 veículos de todo o tipo, 70 embarcações (incluindo um encouraçado, um destróier e um cruzador), nove aeronaves e inúmeras pontes. Não só isso, milagrosamente conseguiu se salvar em 30 acidentes com o Stuka!
Redel sobreviveu a guerra. No final do combate na Europa, o piloto e seu esquadrão se renderam aos EUA, para evitar a prisão na URSS. Após passar por uma série de interrogatórios na Inglaterra e na França, o “às” do Stuka foi liberado.
Em 1948, Redel mudou-se para a Argentina, onde trabalhou como piloto comercial e também prestou consultoria a Fuerza Aérea Argentina. Mas o lendário piloto alemão tinha um círculo de amizades questionável: Alfredo Stroessner, antigo ditador do Paraguai, e o criminoso de guerra Josef Mengele, então escondido em Buenos Aires.
Fim do Stuka
O Ju-87 passou das 5.700 unidades produzidas até o final do conflito, mesmo já tendo provado sua obsolescência na metade do conflito. O avião era extremamente vulnerável em ataques solitários e mesmo em missões com escolta de caças passou a obter resultados insatisfatórios.
A Junkers também desenvolveu uma versão naval do Stuka, com asas que podiam ser dobradas e adaptações para carregar torpedos. O plano era utilizar o aparelho a partir do porta-aviões Graf Zeppelin, que não foi concluído até o final da Segunda Guerra Mundial.
O bombardeiro que fora considerável invencível pelo comando nazista no início no conflito, virou presa fácil para os caças, cada vez mais armados e rápidos. Mantido mais por insistência do que pela eficiência em combate, o Stuka nunca teve um substituto. Contida uma das principais armas da blitzkrieg, a Alemanha perdeu sua força, para invasões e sua própria defesa.
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