OBSERVATÓRIO - Editorial do NYT de hoje "Making Brazil's Political Crisis Worse": Fazendo a crise política brasileira ficar pior - por Jussara Dos Santos RaxlenSe - FONTE: MÍDIA NINJA
http://www.nytimes.com/2016/05/13/opinion/making-brazils-political-crisis-worse.html?smid=tw-share&_r=2
“Fazendo a Crise Política Brasileira Ficar Pior”
Horas depois de senadores terem votado em peso a favor do julgamento da presidente brasileira Dilma Rousseff por supostas trapaças financeiras, ela denunciou o processo de impeachment contra ela como um golpe.
“Eu posso ter cometido erros, mas nunca cometi crimes,” declarou a Sra. Rousseff.
Esta é uma questão aberta para debate, mas a Sra. Rousseff está certa em questionar os motivos e a autoridade moral dos políticos que agora procuram expulsá-la da presidência. A presidente brasileira, a qual foi reeleita em 2014 para mais 4 anos de mandato, mostrou-se como uma política inepta e uma líder inexpressiva. Porém, não há evidência de que ela tenha cometido abusos de poder para ganhos pessoais. Enquanto isso, grande parte dos políticos que orquestram a sua saída estão implicados em vastos esquemas de propinas além de outros escândalos.
Semana passada, o Supremo Tribunal [Federal] decidiu que Eduardo Cunha, o deputado veterano que encabeçou o processo de impedimento da Sra. Rousseff, teria que abandonar o seu cargo para responder julgamento sobre acusações de corrupção. O vice presidente Michel Temer, quem tomou posse nesta quinta-feira, poderá ser banido de eleições para cargos políticos por oito anos, já que recentemente ele foi multado por ter violado os limites financeiros da sua campanha.
Sra. Rousseff é acusada de usar dinheiro de bancos nacionais para acobertar déficits do orçamento, uma tática que outros lideres brasileiros usaram no passado mas sem causarem uma investigação [judicial] tal qual a que cai sobre a Sra. Rousseff. Muitas pessoas, contudo, suspeitam que esses esforços de remover a Sra. Rousseff da presidência estejam ligados a decisão dela de permitir a continuação do processo de investigação do escândalo de corrupção ligado a companhia governamental de petróleo Petrobras [a Lava Jato]. Esse escândalo sujou o nome de mais de 40 políticos, incluindo líderes do próprio partido da Sra. Rousseff, o Partido dos Trabalhadores.
Se o Senado declarar a Sra. Rousseff culpada de crimes financeiros – o que parece ser provável já que 55 dos 81 senadores votaram a favor da continuação do processo de impeachment – líderes brasileiros poderão facilmente reverter ao costumeiro jogo político de “pagar para jogar” [corrupção]. Este cenário seria indefensável.
O Brasil está se recuperando da pior recessão da sua história desde 1930, e agora, essa crise política enche de dúvidas sobre “o estado de saúde” [a estabilidade] da jovem democracia brasileira. Como se esses problemas não bastassem, o governo brasileiro ainda enfrenta um surto do vírus Zika que assola o país nas vésperas do Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.
As investigações recentes sobres esses crimes de corrupção tornaram visíveis a podridão da elite política brasileira, e chocaram o povo. Se o termo do atual mandato da Sra. Rousseff for de fato encurtado, brasileiros deveriam ter a opção de eleger um novo líder imediatamente. Uma nova eleição poderia acontecer em breve se o tribunal eleitoral, o qual vem investigando alegações de que dinheiro vindo do escândalo da Petrobras fora usado na campanha da Sra. Rousseff de 2014, invalidar a sua vitória nas urnas. Uma outra alternativa seria [caso essas denúncias serem sem fundamento] que o Congresso aprove uma lei que determine uma eleição antecipada [antes da de 2018].
Apesar da administração da Sra. Rousseff não ter sido eficiente, os senadores que ‘”saboreiam” a sua partida deveriam [no sentido de ser obrigatório] lembrar que ela foi eleita duas vezes. O Partido dos Trabalhadores ainda comanda considerável apoio da população, principalmente daqueles que nas duas ultimas décadas saíram da sua condição de pobreza.
Os índices de confiança na Sra. Rousseff e no seu partido caíram muito nos últimos meses. Mesmo assim a Sra. Rousseff está prestes a pagar um preço desproporcionalmente alto para erros administrativos, enquanto muitos dos seu mais ardorosos oponentes são acusados por crimes muito mais graves. Muito em breve, esses oponentes poderão constatar que toda a ira que agora tem a Sra. Rousseff como alvo será redirecionada para eles.
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