#OBSERVANDOAPAUTA - Baby do Brasil: "Pessoal tem que ficar feliz porque não morri de overdose" - Leonardo Rodrigues - FONTE; UOL
Baby do Brasil sabe que é maluca. Mas uma maluca "relax", que habita o "Matrix do bem". "Escolhi essa palavra, 'Matrix', para que a gente, por meio daquele filme, pudesse entender que o mundo espiritual é real", afirma ao UOL a cantora-missionária, que acaba de lançar o CD e DVD "Baby Sucessos - A Menina Ainda Dança".
Depois de passar pelo Rio, ela desembarca em São Paulo para celebrar neste sábado (29), no HSBC Brasil, os três anos de retorno aos "palcos seculares". Evangélica desde 1999 —não por acaso o ano do filme dos irmãos Wachowski—, quando diz ter recebido "um chamado", Baby não lançava um álbum fora do gospel havia 17 anos, desde "Acústico Baby do Brasil".
O resgate é capitaneado pelo guitarrista Pedro Baby, filho de Baby com Pepeu Gomes. "Quando o Pedro me chamou, eu falei que tinha que consultar Deus. Não adianta, eu sempre consulto pra tudo. E Deus falou que sim", testemunha a fundadora do Ministério do Espírito Santo de Deus em Nome do Senhor Jesus Cristo.
De cabelo roxo, samba no pé e a mesma aura de desbunde hippie que a acompanha desde que surgiu nos Novos Baianos, Baby tem um lado conservador latente. Não faz mais sexo, refuta drogas ("nunca abusei, sempre fiquei grávida") e acredita em "ex-gay". "Não quero julgar ninguém. Mas existe uma perfeição muito grande no casamento homem e mulher."
Para a "popstora", como gosta de ser chamada, a fé não trouxe incompatibilidade no discurso, mesmo tendo de alterar letras no palco —o "dragão tatuado no braço" de "Menino do Rio", por exemplo, virou "Jesus forever no braço". "Se você olhar todas as minhas músicas, desde 'Cósmica', 'Telúrica', vai ver que meu lado espiritual sempre foi muito forte. Eu dei bandeira a vida inteira."
Veja abaixo os principais trechos da entrevista.
UOL - Está valendo a pena voltar aos velhos sucessos?
Baby do Brasil - Está sendo muito maravilhoso! As portas todas abertas. As pessoas estão muito felizes. Todos ficavam cobrando muito um CD. Então a gente achou que seria legal ter um CD e um DVD, para ficar registrado. E para que todo o mundo pudesse ter isso lá na frente.
Como foi escolher o repertório?
A ideia, principalmente do Pedro, que dirigiu o show, era trazer todo o meu trabalho para o nosso tempo. Ele via a galera da idade dele sedenta para ver um show meu. Não só pela curiosidade pelos Novos Baianos, mas por causa das minhas músicas solo. Meu critério era que o Pedro trouxesse as que ele mais gostaria de ouvir, as que achasse importantes. Usei o Pedro como um espelho de uma geração. Mas, como o repertório é muito grande, não cabe num show só. Talvez ainda faremos outros dois projetos no futuro. Ou um mais longo.
Hoje você é convertida. Não há incompatibilidade na hora de cantar músicas do passado?
Quando conheci as coisas do evangelho e fui estudar as escrituras, comecei a me concentrar nos princípios. E eu entendi que, estando alinhada com os princípios, posso preservar o que eu realmente sou. Meu cabelo colorido, meus balangandãs, meu jeito de ser louca. Isso tudo poderia existir sem estar ferindo nada.
Mas e as letras das músicas?
Se você olhar todas as minhas músicas, desde "Cósmica", "Telúrica", vai ver que meu lado espiritual sempre foi muito forte. Eu dei bandeira a vida inteira. Por exemplo, no verso de "Telúrica" "penso em ti no meu agir", esse "ti" aí é o Senhor, todo o mundo sabe disso. A minha parte do gospel está totalmente dentro da secular. Na verdade, dá para ver meu repertório inteiro como gospel.
Você já disse que não se identifica com a ideia de "religião". Por quê?
Eu não acredito na religiosidade, não acredito na caretice. Não é possível que o cara que inventou tudo, que inventou as flores, seja careta. Minha busca não é religiosa. Deus, para mim, não é algo "religioso". Eu estou mais para uma coisa "natural" do que algo que seja tão devocional, a ponto de transformar tudo em altares.
Eu congrego. Eu estou junta. Eu faço louvor. Grito, choro, subo monte. Faço jejum. Eu guerreio nas madrugadas. Eu sei que há uma caixa de demônios que só sai por meio da oração. Então eu digo: 'vai saindo de um em um, para não congestionar!'".
Depois de passar pelo Rio, ela desembarca em São Paulo para celebrar neste sábado (29), no HSBC Brasil, os três anos de retorno aos "palcos seculares". Evangélica desde 1999 —não por acaso o ano do filme dos irmãos Wachowski—, quando diz ter recebido "um chamado", Baby não lançava um álbum fora do gospel havia 17 anos, desde "Acústico Baby do Brasil".
O resgate é capitaneado pelo guitarrista Pedro Baby, filho de Baby com Pepeu Gomes. "Quando o Pedro me chamou, eu falei que tinha que consultar Deus. Não adianta, eu sempre consulto pra tudo. E Deus falou que sim", testemunha a fundadora do Ministério do Espírito Santo de Deus em Nome do Senhor Jesus Cristo.
De cabelo roxo, samba no pé e a mesma aura de desbunde hippie que a acompanha desde que surgiu nos Novos Baianos, Baby tem um lado conservador latente. Não faz mais sexo, refuta drogas ("nunca abusei, sempre fiquei grávida") e acredita em "ex-gay". "Não quero julgar ninguém. Mas existe uma perfeição muito grande no casamento homem e mulher."
Para a "popstora", como gosta de ser chamada, a fé não trouxe incompatibilidade no discurso, mesmo tendo de alterar letras no palco —o "dragão tatuado no braço" de "Menino do Rio", por exemplo, virou "Jesus forever no braço". "Se você olhar todas as minhas músicas, desde 'Cósmica', 'Telúrica', vai ver que meu lado espiritual sempre foi muito forte. Eu dei bandeira a vida inteira."
Veja abaixo os principais trechos da entrevista.
UOL - Está valendo a pena voltar aos velhos sucessos?
Baby do Brasil - Está sendo muito maravilhoso! As portas todas abertas. As pessoas estão muito felizes. Todos ficavam cobrando muito um CD. Então a gente achou que seria legal ter um CD e um DVD, para ficar registrado. E para que todo o mundo pudesse ter isso lá na frente.
Como foi escolher o repertório?
A ideia, principalmente do Pedro, que dirigiu o show, era trazer todo o meu trabalho para o nosso tempo. Ele via a galera da idade dele sedenta para ver um show meu. Não só pela curiosidade pelos Novos Baianos, mas por causa das minhas músicas solo. Meu critério era que o Pedro trouxesse as que ele mais gostaria de ouvir, as que achasse importantes. Usei o Pedro como um espelho de uma geração. Mas, como o repertório é muito grande, não cabe num show só. Talvez ainda faremos outros dois projetos no futuro. Ou um mais longo.
Hoje você é convertida. Não há incompatibilidade na hora de cantar músicas do passado?
Quando conheci as coisas do evangelho e fui estudar as escrituras, comecei a me concentrar nos princípios. E eu entendi que, estando alinhada com os princípios, posso preservar o que eu realmente sou. Meu cabelo colorido, meus balangandãs, meu jeito de ser louca. Isso tudo poderia existir sem estar ferindo nada.
Mas e as letras das músicas?
Se você olhar todas as minhas músicas, desde "Cósmica", "Telúrica", vai ver que meu lado espiritual sempre foi muito forte. Eu dei bandeira a vida inteira. Por exemplo, no verso de "Telúrica" "penso em ti no meu agir", esse "ti" aí é o Senhor, todo o mundo sabe disso. A minha parte do gospel está totalmente dentro da secular. Na verdade, dá para ver meu repertório inteiro como gospel.
Você já disse que não se identifica com a ideia de "religião". Por quê?
Eu não acredito na religiosidade, não acredito na caretice. Não é possível que o cara que inventou tudo, que inventou as flores, seja careta. Minha busca não é religiosa. Deus, para mim, não é algo "religioso". Eu estou mais para uma coisa "natural" do que algo que seja tão devocional, a ponto de transformar tudo em altares.
Eu congrego. Eu estou junta. Eu faço louvor. Grito, choro, subo monte. Faço jejum. Eu guerreio nas madrugadas. Eu sei que há uma caixa de demônios que só sai por meio da oração. Então eu digo: 'vai saindo de um em um, para não congestionar!'".
Alguns artistas se convertem e renegam totalmente o passado. Por que com você não foi assim?
Mesmo que eu tivesse tido altas transgressões no passado, sejam elas na área sexual, na área da droga, ou no caráter, no momento em que você muda e entra debaixo do sangue de Jesus na cruz tudo é apagado. Você nasce de novo.
Existe ainda muito nas pessoas aquela ideia de que, se mudei, não tenho nem que falar do meu passado. Eu não tenho o menor problema em dar meu testemunho. É uma escolha de cada um.
Mesmo que eu tivesse tido altas transgressões no passado, sejam elas na área sexual, na área da droga, ou no caráter, no momento em que você muda e entra debaixo do sangue de Jesus na cruz tudo é apagado. Você nasce de novo.
Existe ainda muito nas pessoas aquela ideia de que, se mudei, não tenho nem que falar do meu passado. Eu não tenho o menor problema em dar meu testemunho. É uma escolha de cada um.
Você fala muito em "Matrix". O que quer dizer exatamente? É por causa do filme?
No filme, você nota que há um mundo espiritual que é mais vivo que o real. Isso, dentro daquela visão do "Matrix" do mal total. Então eu escolhi essa palavra para que a gente, por meio daquele filme, pudesse entender que o mundo espiritual é real. Mais real do que o real, na verdade. Há o Matrix do mal, Matrix do bem. Falo o "Matrix" para evitar que a gente se conecte com a religiosidade.
Sei que sua fé tem a ver com outros mundos. Mas você já viu extraterrestre?
Já vi. Tive muito contato com isso lá atrás. E isso é uma das coisas que me faziam acreditar que eu já tinha encontrado respostas. Até que eu descobri que... [pausa] Você está preparado aí, né? Ai, meu Deus do céu, vocês ficam me fazendo essas perguntas. Como foi para isso que Deus me enviou para o secular, eu vou responder: todos esses caras aí são demônios, tá? OK [silêncio]?
OK. E sobre a união homossexual? É contra ou à favor?
Cada um faz o que tem que fazer. O que está no coração e o que acha que é legal. Eu não tenho como julgar isso. Não tenho preconceito. Um homem homossexual pode até se casar com uma mulher, se ele quiser mudar. Mas a sociedade não é assim. Acham que, se você é gay, você tem que ser gay a vida inteira.
Então, para você, existe ex-gay?
Existe. Dentro da igreja mesmo, por exemplo, tenho amigos que foram gays e que hoje casaram e têm filhos. E estão apaixonados. E confessam que mulher é melhor que Disneylândia (risos). Não quero julgar ninguém. Mas existe uma perfeição muito grande no casamento entre homem e mulher.
E quanto à legalização de drogas?
Acho que, quando legaliza, perde toda importância que têm. Aí é mais fácil tratar. Foi assim que aconteceu com o álcool. A maconha, por exemplo, é perigosíssima para várias coisas. Vários estudos mostram que ela pode disparar problemas psicológicos e tudo mais. Mas creio que é uma análise importante que precisa ser feita, porque, ao legalizar, você consegue quebrar um pouco a questão do tráfico.
Baby, sinceramente, você é meio louca, né?
Quando as pessoas dizem isso, eu tenho que concordar com elas (risos). Mas temos que relevar que eu sou louca para o lado "Matrix" do bem. Como disse, o pessoal tem que ficar feliz porque eu não morri de overdose. Eu jamais vou morrer de overdose.
Você abusou das drogas?
Na verdade, eu nunca fui de usar. Porque eu sempre fiquei grávida, durante dez anos. Se você tem uma vida com tanta gravidez, você não pode ser uma pessoa de drogas. Primeiro porque você vai perder o bebê. Segundo, você vai ficar viciado, e não vai haver possibilidade de criar um filho. Meus filhos são todos saudáveis, bacanérrimos, lindos. Na minha vida, nunca usei drogas pesadas. Nunca veio esse desejo, de colocar a droga para suprir necessidades de uma geração.
Digo que houve muitas coisas nesses 16 anos em que eu desapareci. E em breve vai sair um livro, contando tudo.
Ah, é? Como será?
Vai ser algo meio "não vai ter bunda mole no céu, só casca grossa" (risos). Vai curar tudo. Tenho que escrever, não tem jeito, cada um pergunta uma coisa. Todo o mundo quer saber. E vai saber!
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