Mikhail Lukianov é veterano da Frente Oriental russa da Segunda Guerra Mundial, defensor da cidade-herói russa de Tula e participante da guerra soviético-japonesa. A agência Sputnik comunica a história da vida militar de um dos soldados que defendiam a sua pátria.
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Durante a ocupação o povo foi sujeito a pressão por parte dos soldados da Wehrmacht, que destruíram escolas e casas. A sua família conseguiu sobreviver a ocupação com dificuldade.
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o veterano da Segunda Guerra Mundial Mikhail Lukianov
“Chegou a cavalaria. Soldados em capas brancas. Eles se aproximaram de nós e perguntaram: Onde ficam os alemães?”, lembra o veterano.
A defesa das linhas do sul de Moscou
Depois ele, como outros adolescentes, foi convocado para defender Tula. Ele, junto com a sua futura esposa da mesma aldeia, Tatiana Kadykova, fazia trincheiras para não deixar o inimigo ocupar a cidade e cercar a capital da União Soviética, Moscou, do sul.
“No final do dia laboral mandavam-nos para casas nas aldeias que ficavam lá perto. Os oficiais do exército iam de porta em porta perguntando quantos adolescentes que podiam ser alojados lá e ter comida. Eram os proprietários em pessoa quem escolhia quantas crianças iam passar a noite lá. Na manhã seguinte, recolhiam-nos de novo e voltávamos a construir trincheiras”.
Depois do tempo longo de trabalhos intensivos as pessoas de retaguarda conseguiram defender o território e não deixar o inimigo ocupá-lo.
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Anos depois, o presidente da Rússia Vladimir Putin disse: “O plano dos nazistas de se aproximar de Moscou do Sul foi interrompido. As forças do inimigo foram arrojadas. Mas a guerra continuava durante muito tempo. E os habitantes de Tula trabalhavam abnegadamente na retaguarda, dando auxílio aos combatentes da frente”.
Os jovens lembram a façanha dos defensores de Tula, que incluem também Mikhail Lukianov e a sua esposa, e os altos dirigentes da União Soviética assinalaram a coragem e a abnegação de povo de Tula. Graças a eles Tula tem o estatuto de cidade-herói.
A linha do Extremo Oriente
Quando Mikhail tinha 18 anos ele se alistou no Exército Vermelho. Após de fazer o curso para os iniciantes ele foi enviado ao Extreme Oriente. Ele teve que atravessar todo o país de trem antes de chegar na região de Primorie, no litoral do Pacífico.
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Ele chegou a ser tenente e foi comandante de 3 equipes de metralhadores com 10 pessoas subordinadas a ele.
Em agosto de 1945 ele, junto com outros soldados russos, atravessou a fronteira soviético-japonesa. É assim que começou a libertação do Coreia da ocupação japonesa. Os moradors locais saudaram os seus libertadores.
“Os coreanos ficaram aos lados da coluna e agitaram os lenços vermelhos. Alguns deles manterem cartazes com a inscrição ‘Viva exercito da União Soviética’”, conta Lukianov.
O exército soviético tomou o controle sobre o norte da península da Coreia e acabaram entrando em Pyongyang. A futura capital da Coreia do Norte foi palco de uma história muito engraçada que aconteceu com Mikhail.
“Naquela altura já tínhamos passado muitos quilômetros e as nossas meias já estavam estragadas. E passando por Pyongyang vimos uma fabrica em que encontramos seda. E depois nós enrolamos os nossos pés com esta seda. E já depois de duas centenas de metros vimos que a seda magoava os nossos pés ainda mais. E foi por isso que nos começamos a coxear. Tivemos que enovelar as meias de novo”, conta ele com um sorriso.
O seu destacamento combateu o exército japonês na batalha na ilha Shumshu. Os japoneses mostraram uma resistência forte.
A dificuldade das operações militares foi condicionada pelo relevo do terreno. As colunas tinham que passar frequentemente por vias estreitas. Mihail lembra que os japoneses conseguiram criar uma infraestrutura de “cidades subterrâneas” com hospitais e pontos de comando.
Durante os combates os soldados russos recorreram a várias artimanhas. Para verificar se os armamentos do inimigo tinham acabado, eles pegavam um pau, colocavam nele um capacete e o levantavam sobre a trincheira, quando o tiroteio cessava. Se o capacete ficava danificado, tudo ficava claro.
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Houve casos quando soldados japoneses roubavam os soviéticos durante a noite. Para evitar isso estava proibido passear à noite sozinho. Era preciso despertar o companheiro mesmo se a necessidade era de aliviar-se.
Ser levado cativo por japoneses significava a morte. Eles matavam as pessoas que se recusavam a entregar informação sobre a posição do exercito soviético.
Mas houve casos quando o rapto dos soldados era evitado. Conta Mikhail Lukianov:
“Durante uma noite os japoneses chegaram à nossa seção e se meteram a levar o soldado que ficava ao lado. Eu e os companheiros que não estavam dormindo demos o alarme. Segundos depois estes raptores infelizes ficaram capturados”.
E no resultado dos combates bem sucedidos e da valentia dos soldados soviéticos já no início do setembro o exercito soviético conseguiu obter o controle sobre um grande território no sul da ilha de Sacalina, restaurar o controle das ilhas Curilas e reintegrá-las à Rússia.
Vida depois da guerra
Após o final da Frente Oriental, Mikhail foi condecorado com várias medalhas e ordens pelos seus méritos durante a guerra.
Depois ele terminou a escola industrial e se tornou gerente administrativo no povoado. Ele não parou de contribuir para a recuperação do setor agrícola e da infraestrutura na parte europeia da Rússia.
O casal tem dois filhos e muitos descendentes, que lembram e respeitam as suas façanhas. Cada ano a família se junta para festejar o Dia de Vitoria.
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