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OBSERVATÓRIO - “A grande inimiga da mentira é a História.”Por Yedo Ferreira


Os fatos políticos que envolvem a presidenta Dilma Rousseff, não se pode deixar de considerar semelhantes aos fatos da história que envolveram o presidente Getúlio Vargas.
O combativo companheiro, Reginaldo Bispo, que juntos no MORENIN-OLPN (‘) colocamos em prática a exigência por Reparação da História como luta política, deu-me como tarefa relatar para a nossa juventude negra o processo político nacional que levou ao suicídio um presidente da República, o senhor Getulio Vargas.
Assim nos meus 83 anos de idade tenho a oportunidade de relatar (e escrever) para os jovens negros – porque esta é a nossa tradição – o que observei com atenção, fatos e acontecimentos políticos históricos na minha juventude. Retendo na memória passagens importantes da vida política desta nação inconclusa chamada Brasil, tenho tido o reconhecimento de ser “testemunha ocular da História”, por parte da militância de Movimento Negro.
Desta maneira portanto, é a minha apresentação para cumprir a tarefa a mim confiada, afirmando ainda que não sou filiado a qualquer partido nesses meus últimos 50 anos. Na medida que minha vida política tem como pauta o principio de que homem não segue homem.... e sim idéias. Por este principio é que afirmo: Não fui getulista e nem sou dilmista. Mas segui e sigo as idéias de ambos para a população, em particular o povo negro e pela independência de nossa Nação perante os outros países.
A importância da História na vida política dos povos e nações estão nas palavras de Frederich HEGEL pronunciadas a dois séculos passados de que “todo o povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”. Inclusive repetindo os mesmos erros (sic).
Mas um jovem seguidor das idéias de Hegel, chamado KARL MARX discorda em parte ao afirmar que “a história não se repete. Porém fatos por ventura semelhantes podem ser repetição de farsa ou tragédia.” Em outras palavras segundo Karl Marx. Se o fato ocorrido no passado foi uma tragédia a sua repetição será uma farsa e se antes foi farsa a sua repetição, com certeza será uma tragédia. Na história da humanidade há vários exemplos.
A discordância de Marx das palavras de Hegel sobre a história é apenas pontual na medida que ele mesmo se definia como um cientista da história. Afirmando ainda que, os problemas do presente (‘) encontram-se na história do homem e na da humanidade.
A memória (história) não ter espaço em processos políticos determinados é, a rigor, um desvio ideológico grave e deve-se criticar a esquerda brasileira (de pensamento social europeu) por não se respaldar na história nos embates políticos que trava com a direita.
Não é difícil reconhecer que com a história, como fatos políticos acontecidos, se forem demonstrados com habilidade e competência a consciência política (ou outra) da população é inexoravelmente despertada. Em certo sentido a história é não só fator de consciência da população, mas também de sua mobilização.
O comum no Brasil é dizer que o “povo” não tem memória ou então tem memória curta. Mas este fato, se ocorre é porque as elites, de direita e de esquerda contribuem para isto: A da direita, para que seus erros, cometidos contra o “povo” não sejam lembrados. A esquerda da mesma forma, quanto as lembranças, diferente apenas ao colocar seus interesses partidário de futuro acima dos interesses imediatos do “povo” colocado sempre na condição de massa popular.
Assim, nesse momento da vida política brasileira, na qual a presidenta Dilma Rousseff defende o seu mandato contra o golpe parlamentar da direita – marionete de grupos econômicos e financeiros externos – a solução para ganhar o confronto é a mobilização do “povo” como massa da população silenciosa e o fator da mobilização está na história.
Neste sentido, ao relatar um dos período conturbado da vida política do Brasil como parte da nossa história recente, espero estar contribuindo para a libertação do povo negro e povos indígenas, pela democracia, contra a sua ruptura e esclarecendo ainda, os meios e as táticas que a elite brasileira sempre se valeu, para os golpes (manobras para lesar alguém), segundo Aurélio que utiliza contra as instituições de nosso pais através dos anos.
A explicação do título, a história se repete, é em razão de observações no passar de décadas e em constatações de fatores políticos semelhantes nos governos Getúlio e Dilma.
A HISTORIA SE REPETE........... DE GETULIO A DILMA
No período em que estive a disposição, na condição de funcionário do antigo Departamento dos Correios e Telégrafos DCT, no palácio do Catete, de janeiro de 1951 a abril de 1955 – data de meu desligamento e retorno ao Telegrafo Nacional – fui um atento observador dos fatos e acontecimentos políticos daquela época, o que garante informar para a juventude negra as turbulências políticas daqueles tempos.
De tudo a melhor observação é que todos no palácio do Catete eram nacionalistas, e alguns poucos, membros do PCB, progressistas. todos porém, incorporados na Campanha do “Petróleo é nosso”. Uma campanha legítima de defesa da Petrobras que aderi de imediato e também ao “Partidão” o qual me filiei, sendo desligado do mesmo no ano de 1965, em razão de ser pessoa visada pelos órgãos de segurança da Ditadura Militar que foi implantada no ano anterior.
O petróleo, sempre o petróleo, e em particular a Petrobras é sempre o principal alvo dos propagadores de golpes contra presidentes da República do Brasil. Marionetes que são esses propagadores golpistas dos grupos econômicos da indústria do petróleo que os manobram do exterior.
Na sua carta testamento, Getúlio Vargas denunciou que criou a Petrobras e logo que ela começou a funcionar “as aves de rapina se voltaram” contra ele.
Mais recentemente, o então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da descoberta, pela Petrobras, do Pré-Sal, em resposta a pergunta do presidente da Venezuela Hugo Chaves, declarou que o Brasil não se propõem ser pais produtor de petróleo apenas. O pré-sal, segundo suas palavras, será na petroquímica – que tem mais de quatro mil derivados – com ampliação de industrias existentes e criação de novas, responsavel pela criação de novos empregos a população brasileira, em geral, alcançará melhores condições de vida.
Uma declaração perfeita – e talvez Lula nem se lembre dela – desagradou, com toda a certeza, os “papas” da industria do petróleo que têm como acionistas num dos grupos, o ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush e sua ex-secretária de e Estado, Condoleza Rice.
O grande interesse dos grupos econômicos do petróleo pelo pré-sal do Brasil e também o pré-sal africano é que para eles, ambos não devem ser explorados e sim mantidos como reservas para eventual crise no Oriente Médio ou, para quando a produção da Arábia Saudita e Iraque – respectivamente primeiro e segundo produtores mundial – estiverem próximas de se esgotarem numa previsão para 50 anos.
A presidenta Dilma tem em relação ao petróleo as mesmas idéias do ex-presidente Lula. Por conseguinte, tornar inviável na economia o Governo e se preciso for, destituí-la da presidência da Republica, são manobras para alcançar esses fins que maus brasileiros como marionetes dos “papas” do petróleo, vem fazendo.
Como pode-se observar, o petróleo é o alvo, mas não é o único. A Unasul, o Mercosul e sobretudo o BRICS, estão na linha de fogo dos grupos econômicos internacionais e do capital financeiro que esperam desmontá-los com a destituição da presidenta Dilma Rousseff e a ocupação da Presidência da Republica pelo senhor Michel Themer.
É preciso não esquecer que a política externa da presidenta Dilma Rousseff, que desagrada em muito os grupos econômicos e financeiros internacionais, é semelhante quanto aos seus objetivos de independência aos grupos citados a do presidente Getúlio Vargas, que como nacionalista progressista que era, criou a Petrobras, Volta Redonda e entre outras mais, a Vale do Rio Doce, para que o Brasil não ficasse na dependência do capitalismo monopolista de economia mundial, á época, o imperialismo econômico.
O que chama a antenção é o petróleo como aquele que de forma velada é o alvo principal dos inimigos do “povo” brasileiro, o elemento comum na campanha da elite pela destituição da presidência da República; no presente, da senhora Dilma Rousseff e no passado, do senhor Getúlio Vargas.
2. O Golpe
O impedimento para retirar da presidência da Republica a presidenta Dilma Rousseff, como procura a elite através dos seus prepostos na Câmara Federal, aprovando o impeachment, um dispositivo da Constituição Federal, tem provocado forte reação de uma parte da população que considera o impedimento um golpe.
No caso em pauta se esta frente a uma questão de estratégia: Com os meios que se dispõem, as táticas para colocá-los em prática e a forma de organização, compondo-se assim as categorias do conceito da estratégia da elite brasileira.
O importante nisso é que, finalmente, a elite brasileira que tem o hábito de tentar destituir presidentes da Republica eleitos pela população, deixa, com esse episódio do impeachment e golpe, a sua estratégia desvendada. A mesma estratégia foi, e está sendo aplicada, como antes com os presidentes Getúlio e Jango, hoje com a presidenta Dilma Rousseff. Esta estratégia é que faz com que os fatos sejam semelhantes e também apareçam como repetição. A História se repete...
Há uma acentuada má-fé da elite brasileira quando os legalistas – se assim podem ser chamados os que são contra se interromper sem qualquer razão o curso do processo democrático – na afirmação que fazem, de ser o impeachment um golpe.
Como pró-legalidade e pela democracia, não há nada que negue esta posição dos que se assumem legalistas. Por conseguinte respeitam a Constituição Federal (CRFB) e como na Constituição Federal o impeachement é um dos seus dispositivos, fica obvio que os legalistas não afirmam que o impeachment é o golpe. O impeachment em si não é golpe, golpe é segundo Aurélio; manobra para lesar outrem, que como conceito é; conjunto de ações que violam direitos ou que ofende a reputação de pessoas como um movimento para alcançar um fim determinado.
Em vista do exposto pode-se afirmar que ações como mentira, calúnia, mistificação e outras, são hábitos da elite brasileira nesses últimos 60 anos, base de sustentação dos golpes que aplica contra presidentes legitimamente eleitos.
Assim o impeachment como dispositivo da Constituição Federal não se caracteriza como golpe, a sua aplicação está definida pela Constituinte de 1988. Como dispositivo constitucional, o impeachment não está incluído em nenhuma das nossas constituições do passado. Porém, da estratégia da elite brasileira, impeachment é o meio que se dispõem para uma vez colocado em prática pelas suas manobras como táticas, o objetivo por ela desejado seja alcançado, no caso em questão é a apropriação do Estado (poder de Estado) com a destituição da presidente da República.
3. Golpe – modalidades
Na história da humanidade são numerosos os golpes que aconteceram e também de modalidades diferentes.
No Brasil, dois golpes com modalidades diferentes acontecidos nos últimos 80 anos podem ser apresentados:
A implantação do Estado Novo, em 1937, tendo como responsável o presidente da República, senhor Getúlio Vargas, aconteceu como um golpe de Estado na medida que foi o chefe de Estado que contou com o expediente do golpe para continuar como presidente da República e chefe do poder estatal, na condição de ditador.
Em 1964, o presidente da República, João Goulart foi destituído do Governo por uma manobra realizada nos quartéis envolvendo civis e militares que teve como final um golpe, definido como golpe militar que tinha a sua frente o general Castelo Branco. Com o golpe o general Castelo Branco se empossou ou foi empossado pelos militares, como presidente da República, porém a sua condição era de ditador.
Neste 2016 – para sermos rigorosos - que se está perpetrando de fato contra a presidenta Dilma Rousseff é um golpe muito bem articulado pela elite brasileira. Nesta articulação está a mídia com a função de difundir meias verdades – e também inverdades – da espaço aos que são pró-golpe. Manifestações de rua de grandes passeatas e comícios, de altos custos, mas financiadores generosos nunca lhes faltou, alguns ocultos outros do exterior, sem dúvida. Na deposição do presidente Jango Goulart existia o IBADE, uma organização sinistra (leia CIA/USA). Hoje a FIESP apóia sem nenhum pudor o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Isto é sinistro.
A fim de dar caráter de legalidade a manobra para cassar o mandato da presidenta Dilma Rousseff, na articulação da elite está a Câmara Federal, com parlamentares para manipular a Constituição Federal – onde o impeachment é um dos seus dispositivos – a favor da destituição da presidenta.
Uma vez que manobras da elite brasileira estabelece como meios da sua estratégia para se apropriar do Estado, destituindo por via parlamentar a presidenta da República, a Câmara Federal, está explícito, que um golpe parlamentar vai acontecer, se nada for feito para impedir a concretização dessa farsa. O golpe contra Getúlio Vargas, que não se concluiu, de toda a forma resultou em tragédia.
No México, na década 1920, o PRI – partido político formando, no seu inicio por progressistas mas que nas décadas seguintes a sua fundação, regrediu do ponto de vista ideológico, teve na Constituição mexicana o meio para dar o golpe parlamentar, se apropriar do Estado e assim governar o pais por 80 anos. Golpe parlamentar não é novidade alguma.
4. Golpe: A calúnia
Um dos hábitos da elite brasileira é acusar de corrupção o governo de presidentes da República como Getúlio Vargas, João Goulart, Luiz Inácio Lula da Silva e agora Dilma Rousseff, que são cidadãos e cidadã, que pela sua trajetória política sempre estiveram comprometido (a) com a melhoria das condições de vida da população desassistida.
A acusação de corrupção é não só hábito da elite, mas também é o meio da sua estratégia de golpe contra presidente legitimamente eleito.
A má-fé deste hábito da elite brasileira está na divulgação que a mídia a seu serviço dá aos fatos que anos depois mostra que as acusações de corrupção anteriormente feitas não são verdadeiras, são deslavadas mentiras.
No programa de doutrinação da população para as suas idéias que fazia diariamente numa rádio, o jornalista Carlos Lacerda, reiteradas vezes dizia ser Getúlio Vargas, ladrão, chefe da corrupção no governo e que pelas escadaria do Palácio do Catete – de onde o presidente governava o Brasil – escorria um mar de lamas.
O presidente da República Getúlio Vargas acusado pelo preposto da elite brasileira de ser ladrão. Contudo no ano de 2014, portanto, 60 anos do suicídio do presidente Vargas, na inexpressiva divulgação da declaração de seu patrimônio, constava ser seu, apenas um apartamento no Morro da Viúva, no bairro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, comprado no ano de 1945. Muito provável para seu uso por ter sido eleito naquele ano, para o Senado e Câmara dos Deputados. Ainda como seu patrimônio, parte dos espólio do seu pai, na divisão com irmãos, da fazenda em São Borja, Rio Grande do Sul.
Para quem governou o Brasil por 17 anos, sendo nove como ditador, com super-poderes, a fortuna do presidente Getúlio Vargas é totalmente inexpressiva. Mesmo assim foi acusado de ladrão e corrupto pelo preposto da elite brasileira, Carlos Lacerda.
No ano de 1964, a elite brasileira usa a Constituição Federal, como meio da sua estratégia para destituir o presidente da República, João Goulart, aproveitando-se dos dispositivos que tem as Forças Armadas que garantem a soberania do Estado Brasileiro.
A soberania do País e não o impeachment, devido que na Constituição de 1946 – a que estava em vigor – não constava o dispositivo do impeachment que só na Constituição de 1988 passou a vigorar. Assim os prepostos da elite brasileira – o então deputado federal Carlos Lacerda, divulgavam uma carta que passou a ser chamada de Carta Brand onde nela implicava o presidente Goulart numa conspiração com um outro país, que colocava em perigo a soberania do Estado brasileiro. Esta calúnia não se sustentou por muito tempo uma vez que se descobriu ser falsa a carta. Mas o seu uso apressou o golpe militar.
A calúnia da carta Brand juntou-se outras mais, como a de ser o presidente João Goulart, corrupto e subversivo. Em decorrência, o golpe militar aconteceu e ainda, tendo como lema: Contra a corrupção, contra a subversão. A elite exultante com o golpe militar, repetia em todos os lugares onde tinha acesso o lema consagrado por ela.
Os militares ao se instalarem como chefes de Estado, providenciaram de imediato cassar os direitos políticos dos acusados de corruptos e subversivos. Neste sentido criaram uma comissão de título: Comissão Geral de Investigação e nomearam para presidi-la o general Taurino, logo substituído pelo general Guedes, um linha dura, como era conhecido.
A atuação do general Guedes a frente da CGI, a sigla da comissão, foi devastadora para os acusados que tiveram suas vidas devassadas e o governo que estiveram a frente, entre eles, senhor Leonel Brizola, ex governador do Rio Grande do Sul e Miguel Arraes, governador em exercício de Pernambuco, que juntos com o presidente João Goulart tinham sidos acusados de corruptos.
A CGI ao final da devassa que empreendeu contra os acusados, concluiu pela manutenção da cassação dos mesmos, porém por subversão. Nenhum dos acusados foi cassado por corrupção. Esta é a História das mentiras da elite brasileira.
5. Manifestações de rua
As manifestações de rua, como nos comícios do passado e as passeatas no presente, da direita, tem como objetivo, apropriar-se do Estado, destituindo sempre presidentes da República legitimamente eleitos. Os 54 milhões de votos que elegeram para a Presidência da República, a senhora Dilma Rousseff, não estão sendo levado em consideração, sempre fizeram parte das manobras da elite brasileira.
Em agosto de 1954 – dias antes do suicídio do presidente Vargas – um comício foi realizado na Cinelândia, na cidade do Rio de Janeiro ( a época capital do Brasil) com a participação de milhares de pessoas. Depois do comício, a elite de direita intensificou as suas manobras através de seus prepostos que agiam como se naquele comício estiveram presentes toda a população do Brasil, que demonstravam com o seu comparecimento o desejo pela deposição do presidente Getúlio Vargas.
A repetição de um ato semelhante aquele, ocorreu no dia 13 de março do ano em curso em todo o Brasil com a participação de seis (6) milhões de pessoas. Em razão do ocorrido os seus organizadores procuraram passar a idéia de que toda a população do Brasil estava naquela passeata e portanto “é a voz das ruas” que quer o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, dizem eles.
O que se tem são fatos semelhantes se repetindo sempre como o ocorrido nos meses que antecederam o 1° de abril (dia dos bobos) de 1964, dia do golpe militar.
Em algumas capitais do Brasil, como Rio de janeiro, São Paulo e Belo Horizonte grandes passeatas foram realizadas, sendo as maiores delas – com apoio da igreja católica conservadora – a do Rio de janeiro. O título da Marcha da Família com Deus pela Liberdade teve participação massiva da população da capital e em destaque a elite branca com as “patroas” – muitas delas da família tradicional – seguidas por suas criadas pretas, empunhando terços e rosário clamando aos céus para que Deus livrasse o Brasil do comunismo, que segundo elas, que nega liberdade para a população.
A respeito dessas marcha da elite brasileira alegre com o número de participantes intensificava suas manobras para destituir o presidente Jango. O resultado das marchas porém nos custou 21 anos de ditadura militar ferrenha. No final, Deus não nos deu a liberdade que as beatas acreditavam que receberiam e nos, outros perdemos o pouco de liberdade que ainda nos restava.
A resposta aos organizadores do comício de agosto de 1954 veio no dia 24 com o suicídio do presidente Vargas, que deixou atônita a elite brasileira.
No dia do trágico acontecimento o “povo” real, espontaneamente saiu para as ruas em todo o Brasil, uma grande massa composta predominante de pretos e pardos, levando a elite e seus prepostos a ficar com medo de sua reação, reação que resultou na depredação dos jornais da oposição, o Globo, um deles e nem a gráfica Itambé do Partido Comunista se salvou da fúria do “povo”.
Com medo, os propagadores do golpe contra o presidente Getúlio Vargas se esconderam evitando sair nas ruas. As ruas que dias antes diziam que no comício que organizaram para exigirem a deposição do presidente Vargas aquela massa presente era a população do Brasil que os apoiavam. Estavam enganados.
No dia do suicídio do presidente Getúlio Vargas, com medo do “povo”, Carlos Lacerda, ponta de lança da elite brasileira, encontrou na caixa d’água da casa de um dos seus correligionários o mais seguro lugar para o seu refúgio.
Na época, o pastor Martin Luther King, líder da luta pelos direitos civis dos negros norte americano, prenunciou, palavras que a elite brasileira nunca tomou conhecimento: “O que me preocupa não é o alarido dos exaltados, mas o silêncio dos inocentes.”
6. A elite
A elite brasileira é a maior – ou talvez a única – no mundo, na arte de oprimir o “povo” que ela renega. Se assumindo como Estado, exerce a soberania do Estado, não no território que delimita, mas no “povo” que o habita. O cinismo e a mistificação são inerentes a ela.
Acusar sem provas (estabelecer a verdade) faz parte da sua manobra para destituir presidentes da república legitimamente eleitos.
Os prepostos da elite brasileira na Câmara dos deputados acusam a presidenta Dilma Rousseff de crime e corrupção. Hajem como o Inquisidor Mor, do Tribunal Eclesiástico, da Igreja Católica medieval, para quem o importante não era punir o culpado, mas queimar o acusado.
Assim, a presidenta Dilma Rousseff é queimada na fogueira da insanidade. Justo ela que não praticou ilícito algum e que, acusada de corrupta, nada, até hoje, foi provado contra ela.
Para aprovar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a elite e seus prepostos tem como aliado o presidente da Câmara Federal, o senhor Eduardo Cunha acusado de praticar atos ilícitos – algumas de corrupção comprovada – e justo ele é que vai presidir a sessão da Câmara que irá acusar e condenar a presidenta Dilma Rousseff a perda do seu mandato.
- Um paradoxo? – sim. Mas também uma constatação de que a elite brasileira e os seus parlamentares o seu reflexo, não tem escrúpulo. O seu comportamento é orientado pela regra de conduta de que os fins justificam os meios, o que para a elite e seus prepostos no Parlamento, os meios empregados justificam os fins a serem alcançados.
O racional e a lógica não existem para os prepostos da elite brasileira. A dignidade também não.
A elite através da sua mídia, exultante com a passeata do dia 13 de março, quando mobilizou 6 milhões de pessoas em todo o Brasil – para ela a multidão é a “voz das Ruas” que quer o impeachment da presidência Dilma Rousseff.
Memória curta da elite e de seus prepostos. Esqueceram da mobilização espontânea do dia 04 de agosto de 1964, do suicídio do presidente Vargas, que se contrapôs ao comício de Carlos Lacerda de dias anteriores em número de participantes e também da sua composição étnica.
Na verdade, o que preocupa nas grandes passeatas não é o numero de participantes, mas sim, as idéias (ideologia) dos que as mobilizam.
Grandes e massivos comícios, marchas e passeatas com diferentes objetivos, sempre existiram. Porém duas passeatas foram as maiores do mundo que até hoje se tem conhecimento. Ambas tinham como objetivo a destituição de governos legalmente instalados. Aconteceram. Uma com o fascismo, na Itália de Mussolini. A outra, com o nazismo na Alemanha de Hitler.
As idéias dos que as mobilizaram, hoje todos nós conhecemos os seus resultados.
A democracia é, regra geral, golpeada por aqueles que se ocultam sob ela. O DEM partido de direita é um exemplo.
Com este relato espero que a juventude negra entre para a história na luta pela democracia e pela eliminação de vez, do espírito golpista da elite brasileira e de seus prepostos.
Yedo Ferreira, decano militante do Movimento Negro brasileiro, Coordenador do Comitê Nacional e da Campanha pelo Plip-Projeto legislativo de Iniciativa Popular das Reparações Historicas e da OLPN - Organização para a Libertação do Povo Negro.

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