ZUMBI MAIS
20 (1995 - 2015)
CONTRA O
GENOCÍDIO, EM DEFESA DA DEMOCRACIA, PELO DIREITO A CIDADANIA PLENA!
Nós, negras e negros do Brasil marchamos em 2015,
vinte anos após a épica Marcha Nacional Zumbi dos Palmares contra o Racismo,
pela Igualdade e a Vida, de 1995,
ocasião em que celebramos os 300 anos de Zumbi e forçamos o Estado brasileiro a
reconhecer oficialmente o racismo como problema nacional. Isto abriu espaço para a instituição de políticas
públicas específicas de combate ao racismo.
E marchamos em um momento difícil para a
população negra. Momento em que setores conservadores, com apoio da maioria dos
meios de comunicação, tramam golpes e, principalmente, forçam a instituição de
retiradas de direitos trabalhistas e sociais para favorecer os interesses do
grande capital financeiro nacional e internacional.
Clamam por corte de gastos principalmente na área social, pela extinção de espaços institucionais conquistados pelo movimento negro, como a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). Entretanto, recusam discutir mecanismos de combate a sonegação de impostos praticada pelo grande capital que, segundo o SINPROFAZ (Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional) retirou dos cofres públicos somente neste ano mais de 377 bilhões de reais, que seria suficiente para pagar mais de 5 bilhões de bolsas família ou construir quase 11 milhões de casas populares.
Clamam por corte de gastos principalmente na área social, pela extinção de espaços institucionais conquistados pelo movimento negro, como a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). Entretanto, recusam discutir mecanismos de combate a sonegação de impostos praticada pelo grande capital que, segundo o SINPROFAZ (Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional) retirou dos cofres públicos somente neste ano mais de 377 bilhões de reais, que seria suficiente para pagar mais de 5 bilhões de bolsas família ou construir quase 11 milhões de casas populares.
A solução para a desigualdade social e racial
para os setores conservadores é a violência.
A violência contra a Mulher Negra expressa em
dados e estatísticas, no feminícídio, nos 9 anos da Lei Maria da Penha sobre a
violência doméstica e o aumento da mortalidade materna.
A violência através das práticas de intolerância
religiosa contra espaços, símbolos, lideranças e seguidores das religiões de
matriz africana.
A violência contra os homens e mulheres
quilombolas em luta pela garantia do direito a propriedade de suas terras
garantida pelo Constituição Federal desde 1988.
A violência que se manifesta pelo genocídio da juventude negra prática
denunciada pelo movimento negro desde os anos 1980 e que vem se
intensificando. Relatório da Anistia
Internacional deste ano aponta que a Polícia brasileira é a que mais mata no
mundo. O Mapa da Violência mostra que
77% de jovens mortos é negra. Uma CPI instalada na Câmara Federal reconheceu,
no seu relatório final, a existência da prática do genocídio da juventude
negra.
Há uma ação dos setores conservadores para
intensificar e institucionalizar este genocídio. Foi aprovado na Câmara
Federal, depois de uma manobra antidemocrática
dos setores conservadores, liderados pelo presidente da casa
parlamentar, deputado Eduardo Cunha, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC)
171 que reduz a maioridade penal para 16 anos para crimes hediondos, apesar dos
dados mostrarem que apenas 1% destes crimes ser praticada por menores de 18
anos. A proposta está em tramitação no Senado e há uma tendência de não
aprová-la, porém com a aprovação do PLS 333/15 que altera o Estatuto da Criança
e Adolescente (ECA) de aumento do tempo de internação dos atuais três anos para
até dez anos.
Mesmo o ECA não sendo respeitado na maioria das
localidades, há um nítido ataque a esta legislação que foi fruto também de
grande pressão dos movimentos sociais e do movimento negro.
Outra ação dos setores conservadores é a
aprovação do Projeto de Lei 3722/12 que revoga o Estatuto do Desarmamento. Pela
proposta, haverá uma flexibilização tal nas exigências para o porte de arma de
fogo que possibilitará que pessoas com mais recursos poderão armar-se
fortemente e gerar verdadeiros “exércitos privados”. As pesquisas mostram que a
posse de arma não garante segurança, 46% das pessoas que foram assaltadas e
estavam armadas acabaram mortas, desmentindo a argumentação de que tal projeto
possibilitará maior segurança ao cidadão. A maioria dos deputados que apoia
este projeto tiveram suas campanhas eleitorais financiadas por indústrias de
armamentos.
Por sua vez, o movimento negro tem propostas para
este tema. Defendemos a aprovação da PEC
51/13 que desmilitariza as polícias. É uma excrescência a existência da
Polícia Militar, uma herança da ditadura não revogada.
A concepção militar implica em combater um inimigo. Para a PM, o inimigo é o homem negro, a mulher negra, o jovem negra e o jovem negro. São os “tipos suspeitos”. A PM impõe um verdadeiro estado de sítio nas periferias das grandes cidades, com prisões arbitrárias, execuções extrajudiciais, invasões de domicílios sem mandado judicial, além da prática de torturas. O primeiro passo para acabar com isto é que a polícia seja desmilitariza e sob controle da sociedade, a quem deve defender.
A concepção militar implica em combater um inimigo. Para a PM, o inimigo é o homem negro, a mulher negra, o jovem negra e o jovem negro. São os “tipos suspeitos”. A PM impõe um verdadeiro estado de sítio nas periferias das grandes cidades, com prisões arbitrárias, execuções extrajudiciais, invasões de domicílios sem mandado judicial, além da prática de torturas. O primeiro passo para acabar com isto é que a polícia seja desmilitariza e sob controle da sociedade, a quem deve defender.
Além disto, é preciso acabar com o famigerado
instrumento dos autos de resistência. Por isto, defendemos também a aprovação do Projeto de Lei 4471/12 que põe fim
a este instrumento que tem sido utilizado fartamente pela PM para justificar as
execuções realizadas na periferia e fugir de qualquer apuração ou julgamento.
Os autos de resistência possibilitam a PM a atuar como uma força autônoma,
acima das leis e da Justiça.
O racismo tem se manifestado também na
disseminação de ideias xenófobas contra nossos irmãos imigrantes de países
africanos e do Haiti. Em busca de oportunidades, estes irmãos nossos são
costumeiramente agredidos.
O racismo fica mais que nítido neste comportamento: o Brasil recebeu diversas outras comunidades de imigrantes europeus e asiáticas e elas foram plenamente integradas na vida social do país, obtendo, graças a várias políticas de apoio por parte do governo, uma ascensão social significativa. Esta mesma situação não se verifica no caso dos imigrantes africanos e haitianos: são hostilizados, agredidos, excluídos e sofrem toda sorte de bloqueios a sua integração à sociedade brasileira.
O racismo fica mais que nítido neste comportamento: o Brasil recebeu diversas outras comunidades de imigrantes europeus e asiáticas e elas foram plenamente integradas na vida social do país, obtendo, graças a várias políticas de apoio por parte do governo, uma ascensão social significativa. Esta mesma situação não se verifica no caso dos imigrantes africanos e haitianos: são hostilizados, agredidos, excluídos e sofrem toda sorte de bloqueios a sua integração à sociedade brasileira.
Trinta anos após o fim da ditadura militar, o
povo negro ainda não tem sua cidadania plenamente respeitada, a periferia ainda
vive em uma situação típica da ditadura. Por isto, a democracia precisa chegar
plenamente à periferia e ao povo negro!
Zumbi mais 20!
- Não a redução dos direitos sociais e
ao ajuste fiscal, os ricos que devem pagar a conta da crise
- Contra a redução da maioridade penal,
ao aumento do tempo de internação e em defesa do Estatuto da Criança e
Adolescente (ECA)
- Contra o Projeto de Lei 3722/12 que
revoga o Estatuto do Desarmamento.
- Pela aprovação da PEC 51/13 que
desmilitariza as polícias.
- Pela aprovação do Projeto de Lei
4471/12 que põe fim aos autos de resistência
- Pelo respeito as religiões de matriz
africana e combate a intolerância religiosa
- Apoio às bandeiras de
luta da Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem
Viver do dia 18 de Novembro em Brasília.
- Combate a intolerância e xenofobia
praticadas contra os refugiados e imigrantes africanos e haitianos.
Coordenação
da Marcha da Consciência Negra
20 de
novembro de 2015
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