OBSERVATÓRIO - GOG: Os 30 anos das “palavras proferidas pelo poeta periferia” - Por Simone Freire De São Paulo (SP) - FONTE: BRASIL DE FATO - 21/10/2015
Arte: José Bruno Lima/Brasil de Fato
Já são 30 anos que as 'palavras proferidas pelo poeta periferia' ecoam pelas quebradas brasileiras. Três décadas que "não foram 30 dias", como frisou o rapper Genival Oliveira Gonçalves, mais conhecido como GOG. Ao falar da sua caminhada, na música e na escrita, em entrevista ao Brasil de Fato durante o show em São Paulo que marcou seu aniversário de carreira, ele comemorou: "este processo foi longo, mas valeu a pena".Na primeira parte da entrevista ao Brasil de Fato, rapper falou da sua caminhada na música e na escrita e da importância das ações culturais nas periferias: "muito mais do que encontro cultural, precisamos de cultura de encontro"
Na primeira parte da entrevista, GOG falou sobre o difícil processo que a população negra e periférica precisa passar para quebrar barreiras e desconstruir esteriótipos, além da responsabilidade que adquiriu durante a carreira. "Construir para nós - negras e negros, periféricas e periféricos - é um processo de desconstrução, de derrubar paredes, reescrever livros internos. É muito dolorido, mas [tem] a liberdade disso tudo, quando você olha e se percebe livre dessas cenas e fala 'que alívio'! Mas também vem a cena da responsabilidade de falar 'gente, olha, é por aqui. É preciso discutir esses temas, se não a gente não vai se libertar'", disse GOG.
A violência física, realidade cruel do cotidiano nas periferias, sempre fez parte do repertório do poeta que fez da música seu método de enfrentamento ao extermínio da população negra. "Sete horas em ponto tá no horário do encontro / Ligo o rádio e pronto as notícias não são nada boas / Ponto final na vida de várias pessoas /E o que seria um fim de semana foi um banho de sangue", é trecho da música "Periferia Segue Sangrando".
Mas há violências muitas vezes piores, que são aquelas que "passa sem a gente ver", diz GOG, fazendo referência à violência psicológica e ao racismo institucional. "Eu nasci com vergonha do meu nome, com vergonha do meu estilo e não sabia o porquê disso. O movimento negro é importante, sim, nesta descoberta, mas a descoberta total se deu quando, mais que movimento negro, eu me descobri um negro em movimento", disse.
Além de falar de sua trajetória, GOG falou sobre a necessidade e importância das ações culturais nas periferias. "Muito mais do que encontro cultural, precisamos de cultura de encontro", pontuou.
Política é o assunto central da segunda parte da entrevista com o rapper, que será publicada nesta quinta-feira (22). Confira a primeira parte completa:
Créditos Vídeo:
Entrevista: Simone Freire
Câmeras: Ofara Fes, Avelino Regicida, Michell da Silva
Edição: Avelino Regicida e Norma Odara
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