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OBSERVATÓRIO - Nota da Conen sobre a agressão de Reaja - NOTA DA CONEM - 1 de setembro de 2015

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O uso de bandeiras por parte dos movimentos sociais é um ato identitário e de grande relevância política. É através dos seus símbolos de luta que os movimentos são identificados e também transmitem as suas mensagens, os seus anseios e sonhos de um mundo melhor. A campanha Reaja ou será morto, Reaja ou será morta em seu comunicado nacional sobre a III Marcha contra o genocídio do povo negro traz uma reflexão interessante sobre o uso ou não de bandeiras, ao informar que “não aceita em suas fileiras bandeiras, panfletagem ou propaganda que não seja compatível com a construção de uma organização internacional de luta Panafricanista, Quilombista, Negro-Comunitária.”
Ou seja, enquanto organização Panafricanista, Quilombista, Negro-Comunitária, a campanha REAJA expõe a não aceitação do uso de bandeiras que não estejam compatíveis com os seus anseios, mensagens e sonhos de um mundo melhor a partir das perspectivas citadas. Respeitamos a decisão da campanha e por respeitar esta decisão, não compreendemos os fatos ocorridos durante a realização da marcha na cidade de Salvador-BA, quando militantes da Coordenação Nacional de Entidades Negras foram hostilizados e agredidos por erguerem a bandeira da referida entidade, vide que a mesma representa uma organização igualmente Panafricanista.
A CONEN participa ativamente da luta pan-africanista na diáspora, estando na construção dos congressos, estando em constante dialogo com os diversos movimentos negros na diáspora, estabelecendo relação com as nossas irmãs na América Latina e África, que esteve na organização das Marchas Zumbi, Zumbi + 10, e que agora se empenha na construção da Marcha Zumbi + 20, do Congresso Nacional dos Povos da América, e que em 2012 levou as ruas o tema “Consciência Pan-africana é preciso” com a Marcha do 20 de novembro realizada anualmente.Compreendemos que o genocídio do povo negro é a tentativa de extinção do nosso povo, levado a cabo por diversos séculos desde o processo escravocrata e que agora é levado a cabo pelo Estado, a partir do seu braço armado que quando não mata, encarcera e exclui, além de uma politica sobre drogas, que fomenta a guerra contra o nosso povo.
Pelo entendimento de que o genocídio é um processo estrutural, acreditamos que a pauta não deve possuir donos, é preciso que os diversos setores do movimento  social, os movimentos feministas, LGBT, de luta pela terra, de luta por moradia, se empenhem no combate a este mal que atinge majoritariamente a nossa juventude, a despeito do protagonismo ser dos diversos movimentos negros.
A CONEN tem estado empenhada nesta luta nos últimos anos. A construção do I ENJUNE- Encontro Nacional de Juventude Negra, que colocou este debate em um outro patamar, teve ampla participação desta entidade, integramos o Fórum Nacional de Juventude Negra, participamos da construção da CPI da Violência contra Jovens Negros e a pauta é prioritária em nossas ações.
A agressão física e verbal sofrida pela nossa militância, a ameaça de queimar a nossa bandeira, as mentiras acerca da agressão sofrida por uma mulher, a exposição de inverdades feitas no trio acerca da nossa articulação politica, são extremamente graves, não apenas pela ameaça a integridade física da nossa juventude, mas principalmente pela exposição irresponsável de uma entidade que possui 25 anos de luta pela igualdade racial e que ajudou a construir a I e a II Marcha Internacional contra o genocídio do povo negro, expondo a incapacidade de solidariedade politica da III Marcha com as entidades que foram as ruas protestar.
Jamais poderíamos ter sido expulsos da Marcha vide que a mesma é realizada na rua, e a rua é o nosso lugar, é na rua que construímos os nossos ideais, e nem a agressão sofrida poderá nos retirar dela. Repudiamos os fatos ocorridos bem como reafirmamos o nosso lugar de fala enquanto organização negra, panafricanista, reafirmamos a centralidade do debate, e reafirmamos a solidariedade politica a organização da JCONEN – juventude da CONEN-Bahia hostilizada e agredida durante a marcha.
Da rua não nos retiramos.
Da luta não sairemos.
Contra o genocídio do povo negro, nenhum passo atrás !
Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN
Executiva Nacional Agosto / 2015.

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