OBSERVATÓRIO - Nota do Santander replicou texto de análise do Banco Fator Corretora - Do G1, em São Paulo
Reprodução de frases idênticas foi apontada pelo jornal 'Valor'.
Fator diz que texto foi enviado em maio a grandes clientes como Santander.
O polêmico informe do banco Santander enviado a clientes de alta renda, o qual sugeria que a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) tende a piorar a economia, replicou trechos praticamente idênticos de um relatório de análise macroeconômica do Banco Fator Corretora.
As semelhanças foram apontadas nesta sexta-feira (8) pelo jornal "Valor Econômico". A reportagem afirma que a cópia parcial ou na íntegra de frases mostra que o texto do Santander sequer era uma produção própria e já havia circulado pelo mercado financeiro.
Procurado pelo G1, o Fator informou que o texto, assinado pelo estrategista Paulo Gala, foi elaborado no dia 9 de maio (veja reprodução mais abaixo) e encaminhado a grandes clientes institucionais, tesourarias de bancos, investidores e fundos de pensão. A corretora confirmou que o Santander está entre os clientes que receberam o relatório, mas disse que não tomará nenhuma medida sobre o caso.
O Santander, por meio da sua assessoria de imprensa, se limitou a dizer que "o banco já esclareceu todos os pontos" em relação ao episódio. O banco não informou, entretanto, os nomes ou os números de funcionários demitidos após a polêmica.
A reportagem do "Valor" afirma que 4 pessoas foram demitidas, dentre as quais a superintendente de Investimentos Sinara Polycarpo Figueiredo. O G1 não conseguiu localizá-la.
Demissões
Ao jornal, o Santander disse desconhecer a semelhança dos relatórios. "As pessoas responsáveis pela elaboração do texto, publicado no extrato de conta Select de junho, foram desligadas, pois descumpriram o código de conduta, que veda explicitamente a elaboração de qualquer análise e posicionamento político ou partidário", afirmou o banco, em nota encaminhada ao "Valor".
O caso veio a público no dia 25 de julho. Em extrato encaminhado aos clientes na categoria “Select”, segmento com renda mensal superior a R$ 10 mil. Apesar do conteúdo ser analítico, o texto não é assinado e acabou sendo interpretado por muitos como uma campanha contra a presidente Dilma.
Veja trechos do extrato do Santander enviado aos clientes no inicio de julho:
"A quebra de confiança e pessimismo crescente em relação ao Brasil pode derrubar ainda mais a popularidade da presidente nas pesquisas e impulsionar o cenário de segundo turno ou até mesmo a não reeleição...
...Difícil saber até quando dura esse cenário e qual será o desdobramento final de uma queda ainda mais pronunciada de Dilma nas pesquisas. Se Dilma se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas."
...Difícil saber até quando dura esse cenário e qual será o desdobramento final de uma queda ainda mais pronunciada de Dilma nas pesquisas. Se Dilma se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas."
Reações
O Santander publicou em seu site um pedido de desculpas aos clientes e disse que o "texto feriu a diretriz interna que estabelece que toda e qualquer análise econômica enviada aos clientes restrinja-se à discussão de variáveis que possam afetar a vida financeira dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário".
O Santander publicou em seu site um pedido de desculpas aos clientes e disse que o "texto feriu a diretriz interna que estabelece que toda e qualquer análise econômica enviada aos clientes restrinja-se à discussão de variáveis que possam afetar a vida financeira dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário".
Apesar do pedido de desculpas, a presidente Dilma lamentou o episódio e disse que adotaria uma atitude "bastante clara" em relação ao banco. "É inadmissível para qualquer país aceitar qualquer nível de interferência de qualquer integrante de forma institucional. É inadmissível", disse.
Na quinta-feira (7), a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) criticou as medidas tomadas pelo Santander. Para a entidade sindical, o banco tenta se eximir de sua responsabilidade no caso
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