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OBSERVATÓRIO - A TRAJETÓRIA DE MARCOS BENEDITO


Em 1978, com 20 anos de idade, começava a minha trajetória profissional como bancário. 

Em 1981, convidado por Robertinho do Itaú, que era uma das lideranças da corrente petista, “O Trabalho”, que naquela época era conhecida como “Libelú”, devido o nome do jornal que nós recebiamos para vender para arrecadar fundos para a luta, ingressei nas fileiras da corrente revolucionária.

Logo que cheguei adotei o codinome de Lúcio, pois de acordo com os meus companheiros nós não deveriamos utilizar em hipótese nenhuma os nossos nomes verdadeisros.

As reuniões de células, eram riquíssimas em informações, pois não havia ainda o acesso à internet, como nos dias de hoje.

Eramos orientandos a não ler os nossos materiais em lugares públicos pois poderiamos ser detidos pela polícia.

Em 1983, preparavamos a realização do CONCLAT. Eu fiquei responsável pela coordenação da segurança no Pavilhão Vera Cruz, juntamente com outros companheiros.

Fui incumbido também de coordenar um colégio em São Bernardo, que recebeu uma grande delegação de professores de Porto Alegre.

Numa destas noites recebemos a visita do companheiro Lula, que se colocou à nossa disposição, ajudando-nos inclusive a providenciar alguns mantimentos que estavam faltando.

No dia 28 de Agosto lá estávamos no Pavilhão Vera Cruz, depois de algumas noites dormidas em finos colchonetes, alimentando-se com uma comida bem, simples servida em marmitex de papel alumínio.

Mais na verdade nada disto importava, pois os mais de 5.000 delegados estavam ansiosos pela criação da Central, objetivo alcançado por completo naquele dia histórico.

Naquela mesma semana fui demitido do Itaú, ficando oito mêses desempregado. Afastei-me da “Libelú”, devido as dificuldades financeiras e pela sensação que eu tinha de estar sendo monitorado pelas forças do regime.

Em 1984, após muitas tentativas infrutiferas, fui contratado pelo Banco Noroeste.
Após seis anos trabalhados, inscrevi-me para disputar a eleição para a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), fui eleito suplente.

Na época do Itaú eu havia lido quatro obras de Abdias do Nascimento, entre elas “O Quilombola”, que despertou a minha negritude e a minha revolta em relação aos crimes cometidos contra os negros no Brasil.

Colaborei na organização do coletivo de raça do sindicato. 

Comecei a participar das reuniões do Departamento Nacional dos Bancários (DNB) e  também das discussões na CUT.

Participei dos encontros nacionais anti-racismo promovidos pela central.
Neste interím, eu exercia duas funções importantes, na suplência da executiva da CONTRAF/CUT e na secretaria geral da Associação dos Funcionários do Grupo Santander Banespa (AFUBESP), na administração Cido Sério.

Em 2007, fui indicado pela corrente política Articulação Negra (ArtNegra) e eleito unanimemente pelas demais forças presentes no VI ENSAR, assumindo a coordenação nacional da temática racial no interior da CUT.

Fomos muito bem recepcionados pela direção da CUT. 

Desde o primeiro momento recebemos todo o apoio para desenvolver o nosso trabalho.

A CNCDR/CUT, não estava instalada no prédio da central, não tinha uma sala, telefone, computador. 

Já nos primeiros quinze dias estávamos devidamente acomodados, com todas as condições necessárias.

A CNCDR/CUT era parte integrante da Secretaria Nacional de Políticas Sociais.
Os companheiros da SNPS desde o primeiro momento se colocaram à disposição, liberando a sua assessoria para nos ajudar em tudo que precisássemos.

Este esforço, unido á colaboração da Executiva da CUT e mais exatamente do então tesoureiro da Central, fez com que a CNCDR/CUT passasse a ocupar um espaço físico, facilitando imensamente os encaminhamentos das demandas existentes.

Este mesmo clima de cooperação, fez com que a nossa participação revertesse o possível fechamento do Instituto Sindical Interamericano Pela igualdade racial, que estava sem presidente agosto de 2007, acarretando uma dívida imensa e a falta de perspectiva política. 

Com o esforço da CUT e da AFL-CIO, foi possível buscar-se o envolvimento das demais centrais na recuperação do instituto.

A parceria com a Fundação Friedrich Ebert (FES), foi fundamental para a realização do planejamento e das ações da CNCDR/CUT.

Realizamos várias reuniões, curso de formação, seminários e encontros nacionais nacionais num período de dois anos. 

Como sindicalista, oriundo do banco Noroeste, que foi adquirido pelo banco Santander da Espanha, tivemos a oportunidade de participar de reuniões, seminários, oficinas em mais de 12 países na Europa e América Latina

Participamos também de vários fóruns em diversas cidades brasileiras, onde existem a organização dos trabalhadores bancários do Grupo Santander.

No 10º Congresso Nacional da CUT (CONCUT), foi criada a Secretaria Nacional de Combate ao Racismo (SNCDR/CUT), fruto da mobilização dos (as) militantes anti-racismo, de sensibilidade da direção da CUT e das condições favoráveis para esta conquista.

Estabelecemos uma parceria de luta com todas as entidades voltadas para o combate do preconceito, do racismo e da intolerância, culminando com a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial em 2010 e a nossa participação na representação de todos os sindicatos brasileiros na Revisão do Tratado de Durban em Genebra/Suiça. 


Em Araçatuba, criamos o Fórum da Construção da Consciência Negra, aprovamos o feriado do dia 20 de novembro e implementamos a Lei 10.639/03 nas escolas municipais. Agora estamos criando o Conselho do Negro e muitas outras conquistas., juntamente com o movimento negro local, selando com chave de ouro o trabalho iniciado pelo Prefeito Cido Sério em 2010, com a criação da Secretaria Municipal de Participação Cidadã (SMPC).

Através deste texto homenageamos à todos (as) os (as) dirigentes, que militam contra o racismo e que fazem parte deste exército valoroso composto por guerreiros e guerreiras por este Brasil afora e que lamentavelmente ainda preserva arraigado em suas entranhas grande parte do seu preconceito.




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