Passados 316 anos do assassinato de Zumbi dos Palmares, muitas pessoas perguntam, qual é o lugar de Ganga Zumba na história. Documentos históricos comprovam que o governador de Pernambuco o chamava - o de “Grande Lorde”, numa clara e inequívoca estratégia de cooptação.
Já naquela época, qualquer negro mais ousado e inteligente podia representar um grande perigo para o poder vigente, e no caso dos negros fugidos e organizados nos quilombos este perigo era exponencial.
Ganga Zumba, presidia o Conselho dos Mocambos, era respeitado como um príncipe mantinha um complexo com mais de 1.500 pessoas composta por familiares, súditos e guardas que constituíam a nobreza real.
O Quilombo dos Palmares foi constituído com o ajuntamento de vários mocambos, tornando – se uma grande nação.
Em 1677, houve um grande ataque desferido pelo exército da coroa, onde foram capturados dezenas de quilombolas, inclusive alguns filhos de Ganga Zumba.
Em 1678, o governador Pedro Almeida convenceu Ganga Zumba a realizar um acordo, onde os quilombolas se mudariam para o Vale do Cacau.
Isto provocou a revolta de Zumbi que não aceitava esta capitulação de seu líder e tio.
Na disputa que se deu, Ganga Zumba acabou sendo envenenado por um homem leal a Zumbi.
Ganga Zumba descendente direto da realeza africana, poderia ter um lugar de honra na história, entanto, o seu nome está associado à inveja e a traição.
Diferentemente de Zumbi, que hoje é o símbolo da luta e de resistência do Quilombo dos Palmares. A história registra que Ganga Zumba tentou negociar com os portugueses a rendição de Palmares em troca de benefícios próprios. Ganga Zumba era individualista e centralizador não se preocupando com o interesse coletivo e identificava em Zumbi a ameaça a sua liderança, Ganga Zumba alimentava diariamente a “fogueira das vaidades” numa tentativa desesperada de manter a sua realeza.
Os poucos Quilombolas que aceitaram a oferta do governador e que foram convencidos por Ganga Zumba, posteriormente foram assassinados e aprisionados pelas tropas portuguesas.
O limbo da história reserva o lugar merecido a Ganga Zumba e a todos aqueles que priorizam o seu projeto pessoal em detrimento do interesse coletivo.
Passados mais de três séculos, aquele ”negrinho ousado, esperto, rebelde e fujão” chamado Zumbi, tornou – se o símbolo de resistência do quilombo.
Zumbi que era um pequeno líder diante do poderio bélico exercido por Ganga Zumba, no entanto, buscava constantemente desenvolver estratégias de luta, criava armas e armadilhas que pudessem impedir o avanço das tropas comandadas pelos escravagistas.
Em 1695, depois de duas tentativas mal sucedidas, Domingos Jorge Velho, o Bandeirante, com um grande poder de fogo, bombardeou e saqueou o Quilombo dos Palmares assassinando o líder Zumbi dos Palmares.
O ”Grande Rei Ganga Zumba” foi jogado na vala do esquecimento, que é o lugar mais apropriado para todos aqueles que elegem os seus interesses pessoais e desrespeitando a vontade coletiva.
Na história mundial são conhecidos casos de diversos “Gangas Zumbas” que sucumbiram em seus projetos pessoais.
Zumbi foi reconhecido como herói nacional, sendo lembrado no dia 20 de novembro como o homem que através da sua existência representa a “consciência negra coletiva” necessária para que verdadeiramente sejamos libertos do jugo do preconceito, da discriminação e do racismo.
Palmares é considerada a primeira experiência de socialismo no Brasil. Ganga Zumba é um exemplo de líder ganancioso, centralizador e autoritário, tendo o seu nome escrito nas entrelinhas da história brasileira.
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