-
-
EmailShare
“Não levo a sério o que o Paulinho diz e não quero misturar as coisas. Esse tipo de gente nem é ouvida. Não vim ao palanque por causa dele. Democracia é isso”, disse Gilberto Carvalho.
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força e principal líder do SDD, transformou o ato da Força Sindical em homenagem ao dia do trabalho nesta quinta em São Paulo em ofensas a presidente Dilma Rousseff. Por dois momentos distintos – quando os pré-candidatos a presidência Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) estavam no palanque -, disse que a presidente pode ir parar no presídio da Papuda (que abriga os condenados do mensalão, em Brasília) e instigou o público a mandar uma banana à candidata do PT.
“Se tiver que investigar a fundo o caso da Petrobras a Dilma vai parar na Papuda”, disse o deputado, que até março do ano passado, ainda no PDT, na gestão do ex-ministro Brizola Neto, era um dos políticos que mais cargos controlavam no Ministério do Trabalho e Emprego.
Depois, numa comparação infeliz, lembrando o caso do jogador Daniel Alves, vítima de racismo na Espanha, fez uma demonstração sobre o gesto de mandar uma banana e instigou a multidão a imitá-lo. Presentes ao palanque, os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) e Manoel Dias (Trabalho) ficaram visivelmente constrangidos.
“O Paulinho não precisava ter ofendido a presidente”, afirmou Manoel Dias, que se preocupou em informar, no seu discurso, os ganhos acima de 70% da inflação e do salário mínimo que a classe trabalhadora obteve na gestão do PT. “Esta reunião não é para ofender ninguém”, disse o ministro.
“Não levo a sério o que o Paulinho diz e não quero misturar as coisas. Esse tipo de gente nem é ouvida. Não vim ao palanque por causa dele. Democracia é isso”, disse Gilberto Carvalho. Paulinho, que apoia ostensivamente Aécio Neves, disse que, sem coragem para comparecer ao ato, a presidente mandou “representantes subalternos” e elogiou os dois principais adversários de Dilma.
No momento em que Aécio Neves estava no palanque, o deputado pegou o microfone, disse que convidou todos os candidatos, mas que só apareceu a “Dilma do Pânico”, referindo-se ao ator Marvio Lucio, que no programa Pânico da Band (TV Bandeirantes) faz uma imitação humorística da presidente. Paulinho então chamou o ator, que fez um breve discurso como a “Dilma Ducheff” e perguntou se o público votaria nele, ouvindo “não” e vaias.
Perguntado sobre a referência a Papuda, Campos defendeu uma campanha em torno de ideias e prometeu não fazer ataques a presidente Dilma. “Farei uma campanha respeitosa, um debate de ideias”, disse.
Embora em momentos diferentes, este foi o primeiro evento em que Aécio Neves e Eduardo Campos, subiram juntos, como uma prévia do que pode ser um eventual segundo turno contra Dilma Rousseff. Ambos criticaram o discurso da presidente na quarta à noite em homenagem aos trabalhadores e pregaram a manutenção das conquistas trabalhistas – sem a flexibilização das leis -, estímulos ao crescimento, a indústria, ao emprego e combate cerrado a inflação.
Campos criticou o tom da presidente e o uso de espaço institucional para falar de temas não relacionadas com o Dia do Trabalho. Aécio afirmou que a presidente usou um instrumento de Estado para atacar a oposição.
A Força Sindical estima que cerca de 1 milhão de pessoas passaram pela Praça Campo de Bagatelle, em Santana, zona norte da capital paulista cujo palanque foi formado, em diferentes momentos, também por dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de vários partidos, entre eles, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ) e o senador Eduardo Suplicy (PT).
Comentários
Postar um comentário