Pular para o conteúdo principal

OBSERVATÓRIO - Não Somos Macacos - Ana Carolina Pinto - Jornal Extra

 

Foto: Reprodução/Instagram
 
Apesar da grande repercussão da campanha #somostodosmacacos, em apoio ao jogador brasileiro Daniel Alves, alvo de racismo em um jogo no último domingo, muitas pessoas também estão usando a internet para criticar a iniciativa. Com a hashtag #nãosomosmacacos, brasileiros acusam a ação de ser preconceituosa e contribuir negativamente com a luta contra o racismo.
- Esta campanha #somostodosmacacos não representa a mim e nem a minha família. Uma campanha que me representaria é #somostodospretos. O melhor a se fazer com o Neymar entre outros, como o Alexandre Pires também, é de fato ter uma consciência de identidade racial legítima, porque isso é usar dos meios de comunicação para querer dizer que estão nos representando, quando não estão de forma alguma, e estão sendo utilizados como massa de manobra desconstruindo a real luta contra o racismo, apenas isso - afirmou Luciane Barros, que postou em seu perfil no Facebook uma foto ao lado dos filhos.
'É bem assim e sem massagem! Nem vem com essa tiração racista e infeliz porque aqui SOMOS TODOS PRETOS!', escreveu Luciane
'É bem assim e sem massagem! Nem vem com essa tiração racista e infeliz porque aqui SOMOS TODOS PRETOS!', escreveu Luciane Foto: Reprodução/Facebook

A livreira e estudante de Comunicação Social, Karina Vieira, de 29 anos, também achou a conotação da frase racista. Além disso, ela questionou a postura do jogador Neymar, que lançou a campanha nas redes sociais.
- Achei de um falta de respeito por nós que lutamos todos os dias contra o racismo. Não podemos reiterar e afirmar estereótipos como esses. O Neymar até pouco tempo não se reconhecia enquanto preto e agora dá uma bola fora como essa? Espero que ele esteja fazendo uma reflexão enquanto cidadão e sujeito com um lugar de fala que forma opiniões. As pessoas estão levando na brincadeira um assunto que mata, por que racismo mata! Colocar hashtag na internet afirmando preconceitos é prejudicial a toda uma luta. Quem sofre ao ser chamado de macaca, somos nós que damos a nossa cara pra bater todos os dias, são as nossas crianças que não se veem representadas e quando não estão invisíveis são chamadas por ofensas. A frase é preconceituosa porque reafirma conceitos de exclusão, de humilhação e ofensa - explicou a jovem.
Foto: Reprodução/Facebook

A educadora Ana Paula Lisboa, 26 anos, que trabalha com jovens nas periferias cariocas, considerou a ação ineficaz.
- Ninguém quer ser um animal, independente de qual for. E não dá pra achar que postar uma foto com uma banana vá ser eficiente para discutir o racismo. E tem muita gente achando que isso é fazer a sua parte. A discussão tem que rolar todos os dias, não só quando um jovem morre ou quando uma banana é jogada no campo.
Para o presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro, Marcelo Dias, a campanha foi "extremamente infeliz". Ele ainda deu um "puxão de orelha" em Neymar.
- Eu não macaco, eu sou humano! Sou descendente de africano, minha etnia é negra. O Neymar já declarou uma vez que nao é negro. Ele precisa conversar urgentemente com a comunidade negra para não dizer essas coisas idiotas. Ele tem uma voz global! Somos mortos e discriminados todos os dias. É um caldo de cultura muito perigoso que está sendo alimentado no país.Essa campanha deseduca, é uma campanha retrógrada, que não ajuda o combate ao racismo no Brasil e no mundo - declarou Dias, que apontou ainda um desacordo entre a ação e as diretrizes contra o racismo programadas pela Fifa e pelo Governo Federal para a Copa do Mundo.

Foto: Reprodução/Twitter

Campanha foi criada por agência de publicidade
No Twitter e no Facebook, a hashtag #nãosomosmacacos tem ganhado força nesta tarde. De acordo com o portal “Meio e Mensagem”, especializado em Comunicação, a campanha foi idealizada por uma agência de Publicidade e Propaganda de São Paulo, a Loducca.
"Em parceria com o jogador e com a equipe dele, fizemos essa ação por uma necessidade. Há algumas semanas, o Neymar e o Daniel Alves foram afetados por manifestações racistas. Na volta do jogo, torcedores imitaram macacos para o Neymar quando ele saiu do ônibus. E ele entendeu que havia a necessidade de se criar uma campanha para essa causa", declarou Guga Ketzer, sócio e vice-presidente de criação da empresa para a publicação.
Ainda segundo Ketzer, as celebridades que aderiram à campanha o fizeram de forma espontânea. Ele explicou ainda que a ideia da propaganda era dar uma resposta de um jeito brasileiro, “agindo de forma natural, mastigando o problema e tirando um sarro".
A marca Huck, do apresentador Luciano Huck, que também aderiu à campanha, lançou uma camiseta com o slogan da ação. A peça já está à venda no site, por R$69.
Foto: Reprodução/Internet

No último domingo, durante o jogo entre Barcelona e Villarreal, Daniel Alves teve uma banana atirada na sua direção. Numa atitude surpreendente, o baiano pegou a fruta e a comeu antes de cobrar um escanteio e continuar jogando. Ele agradeceu ao apoio recebido, através de seu perfil no Instagram. O Villarreal já identificou o torcedor que atirou a fruta no campo. Ele será banido dos estádio para sempre.


Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/brasil/campanha-de-apoio-daniel-alves-recebe-criticas-nao-somos-macacos-12324289.html#ixzz30EhQJInL

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Carta das Centrais Sindicais ao Presidente Bolsonaro

“EXMO. SR. JAIR MESSIAS BOLSONARO MD. PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL BRASÍLIA – DF Senhor Presidente, As Centrais Sindicais que firmam a presente vem, respeitosamente, apresentar-se à Vossa Excelência com a disposição de construir um diálogo em benefício dos trabalhadores e do povo brasileiro. Neste diálogo representamos os trabalhadores, penalizados pelo desemprego que atinge cerca de 12,4 milhões de pessoas, 11,7% da população economicamente ativa (IBGE/PNAD, novembro de 2018) e pelo aumento da informalidade e consequente precarização do trabalho. Temos assistido ao desmonte de direitos historicamente conquistados, sendo as maiores expressões desse desmonte a reforma trabalhista de 2017, os intentos de reduzir direitos à aposentadoria decente e outros benefícios previdenciários, o congelamento da política de valorização do salário mínimo e os ataques à organização sindical, as maiores expressões deste desmonte. Preocupa-nos sobremaneira o destino da pol

19 Exemplos de publicidade social que nos fazem pensar em problemas urgentes - POR: INCRÍVEL.CLUB

Criadores de propagandas de cunho social têm um grande desafio: as pessoas precisam não apenas notar a mensagem, mas também lembrar dela. Você deve admitir que, mesmo passados vários anos, não consegue tirar da cabeça algumas peças publicitárias desse tipo, que fizeram com que passasse a enxergar determinadas situações sob uma outra ótica. Se antes as propagandas sociais abordavam tmas como a poluição do meio ambiente com plástico e o aquecimento global, hoje existem campanhas sobre os perigos do sedentarismo, os riscos que o tabagismo representa aos animais em decorrência do aumento de incêndios florestais e até sobre a importância das férias para a saúde humana. São, portanto, peças que abordam problemas atuais e familiares para muita gente. Neste post, o  Incrível.club  mostra a você o que de melhor foi criado recentemente no campo das propagandas de cunho social. Fumar não é prejudicial apenas à sua saúde, mas também aos animais que vivem em áreas que sofrem com incênd

Empresas impõem regras para jornalistas

REDE SOCIAIS Por Natalia Mazotte em 24/5/2011 Reproduzido do Jornalismo nas Américas http://knightcenter.utexas.edu/pt-br/ , 19/5/2011, título original: "Site de notícias brasileiro adota regras para o uso das redes sociais por jornalistas"; intertítulo do OI Seguindo a tendência de veículos internacionais , o site de notícias UOL divulgou aos seus jornalistas normas para o uso de redes sociais , de acordo com o blog Liberdade Digital. As recomendações se assemelham às já adotadas por empresas de notícias como Bloomberg , Washington Post e Reuters : os jornalistas devem evitar manifestações partidárias e políticas, antecipar reportagens ainda não publicadas ou divulgar bastidores da redação e emitir juízos que comprometam a independência ou prejudiquem a imagem do site. Segundo um repórter do UOL, os jornalistas estão tuitando menos desde que as diretrizes foram divulgadas . "As pessoas estão tuitando bem menos. Alguns cogitam deletar seus p