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OBSERVATÓRIO - 'Daniel Alves fez a gente soltar antes', diz criador da #somostodosmacacos - Darlan Alvarenga Do G1, em São Paulo

Guga Ketzer, sócio da Loducca, idealizou a campanha a pedido de Neymar.

Segundo publicitário, foto de Neymar comendo banana já estava prevista.


Agência também desenvolveu um vídeo para a campanha (Foto: Reprodução/YouTube)

Agência também desenvolveu um vídeo para a campanha
(Foto: Reprodução/YouTube)

O publicitário Guga Ketzer, sócio e vice-presidente de criação da Loducca, diz que a campanha #somostodosmacacos foi desenvolvida pela agência a pedido de Neymar. Segundo Ketzer, o gesto do jogador Daniel Alves, que comeu uma banana jogada em campo por torcedor em jogo na Espanha, criou o "timing perfeito" para a publicação do post de Neymar comendo uma banana ao lado do filho e do vídeo We are all Monkeys (Somos todos macacos).
O gesto de Daniel Alves, ele afirma, foi espontâneo e não foi combinado para a campanha.
No domingo, o lateral-direito provocou uma reação mundial após mais um ato de racismo no futebol. Um torcedor atirou uma banana perto do jogador, durante a partida entre Barcelona e Villareal, pelo Campeonato Espanhol, e, em resposta, o atleta comeu a fruta. Na sequência, manifestações de apoio foram registradas nas redes sociais em todo o mundo. Entre elas, a do companheiro de clube.
"O Neymar também comeria a banana se tivesse vindo para ele. Poderia ter sido o Neymar como qualquer outro. Mas jamais iríamos esperar acontecer algo tão ofensivo para soltar a campanha. O Dani Alves fez a gente soltar antes, poderíamos ter soltado só nesta semana, de maneira independente, mas o timing ficou perfeito", disse o publicitário, em entrevista ao G1.
Segundo ele, a campanha já estava pronta, "maturando". "Só estávamos esperando o melhor momento. Mas a foto foi feita na hora, na casa do Neymar, e já estava previsto o "somos todos macacos", e a foto dele comendo banana", explica.

A agência diz que foi procurada há algumas semanas por Neymar e pelo pai do jogador, que queriam dar uma resposta ao racismo após o atleta também ser alvo de ofensas na Espanha. Na volta de um jogo do Barcelona no começo do mês, torcedores imitaram macacos para  Neymar quando ele saiu do ônibus.
"Ele decidiu que não dava para ficar quieto. O que fizemos foi dar uma ajuda profissional para formatar um desejo e necessidade do Neymar de dar uma resposta a essa coisa idiota que é o racismo", afirma Ketzer.

'Banana' para os críticos da campanha
O publicitário classificou de "preconceituosas" as reações daqueles que criticaram o fato de uma agência de publicidade estar por trás da campanha.


Post de Neymar já tinha recebido mais de 55 mil compartilhamentos até esta terça (Foto: Reprodução)

Post de Neymar já tinha recebido mais de 55 mil
compartilhamentos até esta terça (Foto: Reprodução)

"Não é uma campanha publicitária. Não se está vendendo nada. Desmerecer o fato da ação ter recebido uma ajuda profissional é tão preconceito quanto jogar uma banana. O que importa aqui é a discussão. Vamos responder a estas críticas devolvendo também uma banana", disse Ketzer.
O publicitário destacou que a Loducca mantém uma parceria com Neymar há mais de 2 anos e que já desenvolveu outras campanhas para o jogador e seu instituto, como a "Sede de Vencer", lançada durante a Copa das Confederações, que levou água potável para cerca de 85 mil pessoas.
Com relação ao uso comercial da hashtag #somostodosmacacos, Ketzer preferiu não opinar, mas fez questão de dizer que a agência não participa. "Não temos absolutamente nada com isso. Nem quero aparecer. Nossa parte já foi feita. O que fizemos foi o post, a hashtag e o vídeo", disse. Assista ao vídeo
Sobre o tema da campanha, que também foi alvo de alguma críticas, o publicitário explica que partiu-se da ideia de que a melhor maneira de acabar com preconceito é tirar o seu peso e fazer com que a pessoa não repita o ato. "Se você me chama de macaco, então somos todos macacos", explica Ketzer. "O mais importante é ter conseguido engajar de uma maneira positiva. Abriu-se uma discussão contra o racismo que não se via há muitos anos", completa.

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