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OBSERVATÓRIO - Ensino médio tem queda de qualidade em SP e fundamental fica estagnado - O ESTADO DE SP., 27/03/2014

      

O índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), que mede a qualidade do ensino nas escolas da rede estadual, caiu em 2013 no ensino médio – depois de leve melhora no ano anterior – e ficou estagnado no 9º e último ano do fundamental. As duas fases são consideradas grandes gargalos da educação pública. Nas primeiras séries do fundamental (1ª a 5ª), o índice manteve o ritmo de melhora dos últimos anos e voltou a subir. 
Os dados foram obtidos com exclusividade pelo Estado, depois que resultados das escolas vazaram no site da Secretaria de Estado da Educação. Após questionamento de professores que tiveram acesso às informações, a pasta retirou os dados do ar. A secretaria não confirmou os números, razão pela qual não comentou o desempenho da rede. O governo não tem data para divulgação oficial dos índices do Idesp.
Os piores resultados são do ensino médio, etapa em que o maior número de escolas é de responsabilidade da rede estadual. O índice caiu de 1,91, em 2012, para 1,83 no ano passado. Praticamente no mesmo patamar há pelo menos três anos, o índice havia subido em 2012 (“veja quadro acima) – fato que foi comemorado pelo Estado e por especialistas em educação. A meta é que a nota no ensino médio chegue a 5 em 2030.
Já no ciclo 2 do Ensino Fundamental (6.° ao 9.0 ano), o Idesp permaneceu em 2,50, mesmo nível obtido no ano anterior. Apesar de não ter caído, o índice dessa etapa ainda preocupa, já que houve queda entre 2011 e 2012. A meta a longo prazo, para 2030, é alcançar nota 6 nessa etapa.
A boa notícia fica por conta dos anos iniciais do Ensino Fundamental (i.a a 5.a séries). Segundo os dados do Idesp, o ciclo manteve o ritmo de crescimento registrado nos últimos anos. Passou de 4,24, em 2012, para 4,42 em 2013 – a meta é de 7, também até 2030. Apesar da melhora, a maioria dos alunos nesse nível de ensino é de responsabilidade das prefeituras. No ciclo 2, boa parte já está em escolas estaduais.
Tendência. O Idesp é calculado a partir do fluxo escolar e das notas nas provas de Português e Matemática do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp).As notas médias das avaliações nas duas disciplinas também não foram divulgadas pela pasta (mais informações nesta página).
Para a diretora do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, o que mais preocupa não é a queda no ensino médio. “O mais grave é a oscilação do índice no patamar muito baixo há muitos anos. A gente esperava resultados melhores pela gestão que vem sendo feita”, afirma. Ela chama a atenção para a proporção ainda alta de alunos de ensino médio no período noturno. Quase metade dos estudantes da rede nessa etapa frequenta a escola à noite.
Priscila aponta o ensino integral como uma possível solução para a rede pública. “O Estado ficou durante muito tempo sem ter projeto de educação integral do ensino médio. Até que tenha um número que impacte na média, vamos precisar de muito mais escolas em tempo integral”, completa. Desde 2011, início da atual gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), o Estado de São Paulo tem um novo modelo de ensino integral voltado para o ensino médio que já atingia, no ano passado, quase $0 escolas.
A pesquisadora Paula Louzano, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), diz que sem os dados do Saresp do ano passado é difícil entender o que explica o desempenho das escolas estaduais no Idesp, mas os resultados anteriores e de avaliações federais mostram que a dificuldade não é só no ensino médio. “Como se entende a educação como ensino acumulativo, a gente observa que os problemas já aparecem fortes na última etapa do Ensino Fundamental“, diz ela. “Em termos de distância da meta, o médio é pior, mas é (nessa etapa) que as deficiências acumuladas deságuam.”
Ideb. Na última edição, de 2011, do índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador do Ministério da Educação (MEC), o Ensino Fundamental da rede estadual de São Paulo ficou estagnado nos dois ciclos em relação a 2009. Permaneceu em 5,4 no ciclo 1 e em 4,3 no ciclo 2. Já no médio, o Ideb apontou avanço da rede, passando de 3,6, em 2009, para 3,9 em 2011. Realizado a cada dois anos, o Ideb é calculado a partir da avaliação de Português e Matemática (Prova Brasil) e taxas de fluxo.
 
PARA LEMBRAR
Ensino médio é gargalo no País
A dificuldade para melhorar os índices de desempenho educacional no ensino médio não é exclusividade do Estado de São Paulo. O diagnóstico se repete em todo País e especialistas apontam problemas similares até mesmo em outros países.
O Censo da Educação Básica, divulgado mês passado pelo Ministério da Educação (MEC), mostrou que o País ainda não conseguiu avançar na barreira em que se transformou essa etapa. O levantamento mostrou queda no número de alunos matriculados no País, ao mesmo tempo em que há cerca 1,5 milhão de jovens que deveriam estar no ensino médio e estão fora da escola.
No último índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o ensino médio da rede pública do País ficou estagnado em 3,4- a meta é chegar a 5,2 em 2021.
Currículo engessado, com 13 disciplinas obrigatórias, e pouca atratividade para o jovem são apontados como os principais problemas. O MEC tenta articular mudanças com as secretariais estaduais e lançou neste ano programa de bolsas de formação para os cerca de $00 mil professores dessa etapa.
 • Gigante
5 mil escolas compõem a rede estadual de São Paulo
4 milhões de alunos estudam na rede
Estado ainda não tem data para pagar bônus
O Estado de São Paulo ainda não anunciou quando vai pagar o bônus dos servidores da rede, calculado a partir do índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). O pagamento varia de acordo com o avanço de cada escola.
Apesar de ter estagnado nos últimos anos do fundamental e ter tido queda no médio – etapas em que está a maior parte das escolas não é possível aferir que o volume de pagamentos vai diminuir. Isso porque, conforme o Estado apurou, o governo vai mudar o cálculo da bonificação, e o nível socioeconômico das escolas será levado em conta, além do Idesp.
A oficialização da mudança não foi confirmada pela secretaria, mas a informação está em boletins do Idesp das escolas que entraram no site da secretaria e depois foram retirados do ar. Como as condições socioeconômicas são preponderantes no resultado escolar, educadores se queixam do fato de esse indicador não ser levado em conta na comparação das escolas e no pagamento de bonificação. 
Segundo a legislação, o governo precisa pagar o bônus ainda neste mês. Questionada desde o início da semana, porém, a Secretaria de Educação não confirma a data do pagamento e da divulgação oficial dos dados do Idesp e do Saresp (com notas de Matemática e Português). Nas redes sociais, professores da rede reclamam da falta de informações. 
A pesquisadora da USP Paula Louzano afirma que, embora seja positivo levar em conta o nível socioeconômico, a política de bonificação não é boa. “Não há no mundo nada que indique que bônus melhore resultados educacionais. Parte do pressuposto de que os professores sabem o que fazem, poderiam fazer mais, mas não fazem porque esperam alguém pagar mais”, diz. “Em uma carreira como a da Educação, em que a motivação vai além do salário, é quase ofensivo.”
O bônus foi adotado pelo governo de São Paulo a partir de 2009, no governo José Serra (PSDB). No ano passado, o Estado pagou R$ 590 milhões aos servidores da Educação. Como o Idesp global da rede havia recuado também em 2012, a proporção de escolas que receberam o benefício havia tido queda. O bônus foi pago no ano passado a 205.869 servidores, número similar à quantidade de senadores do ano anterior.
(O ESTADO DE SP., 27/03/2014)

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