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OBSERVATÓRIO - A Folha, suas “folhices” e o pundonor da hipocrisia

 

Folha_290913
Fernando Brito, via Tijolaço
 
A capa da Folha de S.Paulo, de domingo, dia 29, é um primor. Manchete em letras garrafais para um enorme escândalo de corrupção.
Doze pessoas, todas pobres, no Mato Grosso e no Piauí, aparecem “doando” entre R$300,00 e R$600,00 para a campanha presidencial de Dilma Rousseff quando teriam, na verdade, trabalhado como “cabos eleitorais” remunerados no segundo turno.
Jesus! Como sabemos, todas as pessoas que seguravam placas e faixas de candidatos, de sol a sol, o faziam por intensa militância e consciência política, não é?
A República está chocada com esta revelação.
Já não se trata de um escândalo de sonegação como o da Globo, coisa pouca, aí de R$1,2 bilhão, com um processo misteriosamente roubado de dentro da receita e que deu até condenação criminal para uma humilde agente administrativa apanhada para “bode expiatório”.
Nem de coisas insignificantes, como a venda da Vale por um cinquenta avos de seu valor, ou a entrega de alguma grande estatal…
Não, agora é um caso gravíssimo, que justifica mandar um “enviado especial” para o Piauí e para o Mato Grosso e abrir manchete dominical!
Claro, um jornal comprometido com a verdade como a Folha, incapaz de publicar levianamente acusações ou armações, como uma falsa ficha policial de Dilma Rousseff às vésperas da campanha eleitoral, um jornal que é o esteio da moralidade pátria, não pode concordar que dois motoboys, por terem recebido R$300,00 e uns dez litros de gasolina para encherem o tanque de seus possantes veículos, jamais poderia se calar diante de situações que, pela sua gravidade, influíram decisivamente num pleito de 120 milhões de eleitores.
Dilma_Ficha01
Jornalismo padrão Folha.
Não, a Folha não abre mão de seu papel exemplar, até porque tem compromissos com as formação de nossas crianças, expressos – vê-se como – nos 5.200 exemplares que lhe compra o governo Alckmin para distribuir nas escolas paulistas.
E, de forma exemplar assim, certamente vasculhou as contas eleitorais de Serra e Alckmin onde, é claro, não considerou relevante a senhora Ana Maria Gontijo, mulher de um dos filmados – veja aqui como ele, o “Zé Pequeno” é bonzinho com a turma do Arruda – ter doado R$8,25 milhões à campanha do tucano em 2010.
O fato de o marido desta fada madrinha ter uma empresa que prestou servições no governo Serra e Alckmin não é interessante jornalisticamente.
Afinal, são negócios, mesmo que prostituídos.
Grave, mesmo, é o motoboy do Piauí não ter trabalhado apenas por apenas por amor.

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