OBSERVATÓRIO - Joaquim Barbosa diz que Brasil não está preparado para presidente negro - Da Redação de O Correio da Bahia - 28/07/2013
"Acho que ainda há bolsões de intolerância muito fortes e não declarados no Brasil", declarou o atual presidente do STF
O atual ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), Joaquim Barbosa, concedeu uma entrevista polêmica ao jornal O Globo, que
foi publicada na edição deste domingo (28). Dentre os temas abordados na
conversa com a jornalista Míriam Leitão, Barbosa afirma que o Brasil não está
preparado para um presidente da República negro e afirma que já sofreu com o
racismo em sua trajetória profissional.
"Acho que ainda há bolsões de intolerância muito fortes e não
declarados no Brasil. No momento em que um candidato negro se apresente, esses
bolsões se insurgirão de maneira violenta contra esse candidato", declarou,
citando que já existem casos deste tipo na mídia. Como exemplo, refere-se ao que
considera uma invasão de privacidade do jornal Folha de São Paulo, que expôs a
compra de um imóvel nos Estados Unidos feita por Barbosa.
O ministro também aproveitou para
criticar os gastos públicos do Brasil: "O Brasil gasta muito mal. Quem conhece a
máquina pública brasileira, sabe que há inúmeros setores que podem ser
racionalizados, podem ser diminuídos". Ele também afirmou que no dia 1º de
agosto irá anunciar a data em que serão analisados os recursos dos réus do
mensalão, mas preferiu não dizer se estes serão presos ou não.
Em relação ao preconceito racial, Barbosa acredita que há um caminho muito maior para o país percorrer. "Ainda não vejo essa ascensão dos negros como algo muito significativo. Há muito caminho pela frente. Ainda há setores em que os negros são completamente excluídos", disse. Em sua opinião, o ministro também salienta que é preciso discutir abertamente o problema, caso se queira resolvê-lo.
Em relação ao preconceito racial, Barbosa acredita que há um caminho muito maior para o país percorrer. "Ainda não vejo essa ascensão dos negros como algo muito significativo. Há muito caminho pela frente. Ainda há setores em que os negros são completamente excluídos", disse. Em sua opinião, o ministro também salienta que é preciso discutir abertamente o problema, caso se queira resolvê-lo.
O presidente do STF ainda confirmou que ele mesmo já foi alvo
de racismo em suas experiências profissionais: "Discriminado eu sempre fui em
todos os trabalhos, do momento em que comecei a galgar escalões. Nunca dei bola.
Aprendi a conviver com isso e superar. O Itamaraty é uma das instituições mais
discriminatórias do Brasil".
E, falando especificamente sobre o caso sofrido no Itamaraty,
ele aproveitou para dar uma alfinetada: "Passei nas provas escritas, fui
eliminado numa entrevista, algo que existia para eliminar indesejados. Sim, fui
discriminado, mas me prestaram um favor. Todos os diplomatas gostariam de estar
na posição que eu estou. Todos".
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