OBSERVATÓRIO - Capas atribuídas a VEJA tentam confundir o leitor - 17/01/2013 - Vida Digital (Revista Veja)
Quem divulga imagens que simulam a revista quer
brincar, elogiar, criticar – ou, eventualmente, confundir. No último caso, a
escolha é infeliz. Para dirimir dúvidas, o leitor deve recorrer a endereços
oficiais de VEJA na rede.
Capas
falsas: episódios são reconhecimento tácito da presença da revista na vida
brasileira (Arte/VEJA)
VEJA já
entrevistou Darth Vader, o senhor das trevas da saga Guerra nas Estrelas?
É desnecessário dizer que não. Mas circula pela internet a imagem de uma capa
da revista com a tal entrevista: "O rei do pedaço – Conheça a fascinante
trajetória de Darth Vader e saiba porque (sic) ele é o mais preparado
para suceder o imperador." São divertidas a falsa edição e seu tropeço
gramatical. Outras "capas" que correm a rede foram criadas a partir
de edições autênticas de VEJA. São paródias (ácidas, por vezes) que atraem
atenção a ponto de se tornarem memes, replicados centenas de vezes. Em outubro
de 2012, a revista publicou uma reportagem acerca de descobertas médicas sobre
os malefícios da maconha, estampando na capa uma folha de cannabis. Os
clones substituíram a erva por cheeseburguer, chocolate e até pela mistura de
leite com manga, transferindo para esses alimentos os alertas acerca da
maconha. O pastiche invade uma zona nebulosa, contudo, quando a
"capa" tenta vender como informação jornalística uma invenção emoldurada
pelo layout de VEJA.
Na última
semana, circulou pela rede uma "capa" que estampa uma foto em que o
ex-presidente Lula leva um lenço ao rosto, como se tivesse sido golpeado. O
texto da chamada principal: "Interpol descobre – Desvio de mais de US (sic)
500 bilhões em paraíso fiscal em nome de 18 integrantes do PT." O leitor
que não percebesse o erro na representação da moeda americana ("US"
em lugar de "US$") poderia ser enganado pela imagem que em quase tudo
se parece com uma capa autêntica: o logotipo da Editora Abril, que publica a
revista, o destaque para outros assuntos no topo da página, a chamada principal
revelando mais uma falcatrua envolvendo políticos. Muita gente, nas ruas e nas
redes, se indagou: seria verídica a informação? Não, não se trata de uma
reportagem de VEJA.
Não é a
primeira vez que o Photoshop é mal-usado. Uma edição de VEJA que circulou em
setembro de 2012 destacou na capa reportagem que revelava que o publicitário
Marcos Valério, o operador condenado do mensalão, confidenciou a interlocutores
detalhes do esquema de desvio de verbas públicas para compra de parlamentares.
A imagem: uma foto avermelhada de Valério. Dias depois, circulou – na internet,
mas também numa versão impressa entregue clandestinamente a jornalistas e blogueiros
de São Paulo – uma "capa" semelhante, tendo Lula como personagem. O
texto dizia: "Ih, Lula – O Ki-suco ferveu." A chamada absurda
entregava o jogo. Ainda assim, é possível que muita gente tenha se assustado.
Muitas
capas de VEJA se tornaram registros históricos. É o caso, entre várias outras,
da edição que tratou da promulgação do AI-5, em dezembro de 1968, ilustrada
pela foto do general Costa e Silva em um Congresso literalmente esvaziado. É
também o caso da revista que resumiu o afastamento de Fernando Collor de Mello
da Presidência, em outubro de 1992, com uma palavra: “CAIU!” (assim, em letras
maiúsculas seguidas de exclamação). Os episódios de imagens que simulam capas
são, portanto, um reconhecimento tácito da presença da revista na vida brasileira.
Quem replica a capa de VEJA tem um ou vários objetivos: brincar, opinar,
elogiar, criticar – além de, eventualmente, confundir. No último caso, é uma
escolha infeliz.
Para dirimir dúvidas, o leitor deve recorrer aos
endereços oficiais de VEJA na rede, como o site ou seu perfil no Facebook: ali, estão as informações autênticas
Capas falsas: episódios são reconhecimento tácito da presença da revista na vida brasileira (Arte/VEJA).
A opinião do Observatório da Imprensa de Araçatuba:
A Veja deveria ter uma preocupação maior com a sua imagem. Em epsódios como estes, deveria haver um acionamento dos órgãos competentes, para a realização de uma investigação minuciosa.
Por outro lado, sabemos que a revista defende o monopólio da informação, a manutenção do "status quo" e a preservação dos privilégios da classe dominante, contra os avanços sociais e políticos que estão em curso no Brasil.
A Veja condiciona ao leitor o ataque aos movimentos sociais e aos partidos de esquerda, e muitas vezes este comportamento "beligerante" confundem-se com os interesses manifestados pelos falsificadores da revista e a sua própria linha editorial.
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