Oficialmente, tanto no Brasil como na Espanha banco está acima da crise; mas agências de risco rebaixam suas notas; Fitch vê chance de injeção de recursos pelo governo brasileiro; e trabalhadores vão ao presidente Portela perguntar sobre venda parcial ou total; tudo bem mesmo, dom Emílio? - Brasil 247
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Oficialmente, tanto no Brasil como na Espanha banco está acima da crise; mas agências de risco rebaixam suas notas; Fitch vê chance de injeção de recursos pelo governo brasileiro; e trabalhadores vão ao presidente Portela perguntar sobre venda parcial ou total; tudo bem mesmo, dom Emílio?
Marco Damiani _247 – No mundo das notas oficiais e dos pronunciamentos públicos, tudo vai bem com o banco Santander. Não poderia ser melhor. Mas nas contas das agências de classificação de risco, nos comentários do mercado financeiro e nas preocupações dos bancários que trabalham na instituição, a impressão é bem outra. Nem tudo estaria tão bem assim.
Na quarta-feira 13, horas antes de a agência de classificação de risco Fitch ter rebaixado em um grau o rating do Santander Brasil, definindo-o como 'BBB' em lugar do anterior 'BBB+1', com troca de perspectiva 'estável' para 'negativa', uma comissão de bancários reuniu-se com o presidente da operação brasileira da instituição, Marcial Portela.
À frente a presidente do Sindicato dos Bancários, Juvandia Moreira, os trabalhadores procuraram obter uma posição oficial a respeito dos rumores de venda parcial ou total do banco, no Brasil, para outra instituição. Ocorre que, durante a visita, na semana passada, do rei Juan Carlos, da Espanha, à presidente Dilma Rousseff, o presidente do conselho mundial do Santander, Emilio Botín, integrante da comitiva, atuou para lançar a idéia de compra de 10% da instituição pelo Banco do Brasil. Assim que o assunto tomou corpo na mídia, Botín negou a intenção.
Portela, aos bancários, igualmente negou que o Santander esteja à venda. Nos últimos meses, o banco se desfez de diversos ativos no mundo, dos Estados Unidos à Colômbia, para fazer capital de modo a reforçar seus cofres na Espanha. As operações parecem ter chegado ao termo de objetivo. O Santander anunciou não ter interesse em participar do resgate de até 100 bilhões de euros que a União Européia autorizou em benefício das instituições financeiras da Espanha. Mesmo assim, porém, a agência de classificação de risco Moody´s rebaixou em três graus, de uma só vez, o rating do Santander, reclassificando-o de 'A3' para 'Baa3', na terça-feira 12.
"Temos preocupação com a situação dos 55 mil trabalhadores do banco no Brasil", registrou, em nota, após o encontro com Marcial Portela, o sindicato dos bancários. A nota prosseguiu lembrando que o lucro líquido do Grupo Santander - considerando todas as filiais ao redor do mundo - apresentou queda de 23,9% no primeiro trimestre deste ano com relação ao mesmo período de 2011, passando de 2,1 bilhões de euros para 1,6 bilhões de euros. Atualmente, segundo a nota, a América Latina representa 52% do lucro do grupo, sendo que o Brasil contribui com a maior parte do resultado, 27% do total. O presidente da instituição garantiu que o Santander no Brasil não está à venda.
Procurado por 247, o Santander Brasil divulgou a nota oficial da instituição a respeito do rebaixamento promovido pela Fitch:
"Nesta quarta-feira, agência de classificação de risco Fitch alterou a nota de crédito do Santander Brasil de BBB+ para BBB. Esse é o mesmo rating do Governo Brasileiro.
A redução do rating anunciada ontem foi em função do rebaixamento do rating do Grupo, ocorrida em 11 de junho, como conseqüência do rebaixamento do rating soberano da Espanha.
Na sua nota de ontem, a Fitch explica que o Santander Brasil continua sendo um ativo estratégico para o Grupo Santander e que contribuiu com 27% da receita líquida total.
Para a agência, o rating atribuído ao banco "reflete a saudável posição de capital e a captação independente, sustentadas por sua crescente franquia, conservadora estratégia de concessão de crédito e controles de risco".
O Santander Brasil é hoje, dentre os grandes bancos no Brasil, o mais bem capitalizado, segundo dados do Banco Central, o primeiro mais solido da America Latina e o 11º do mundo, segundo estudo da Bloomberg Markets.
Portanto, estamos prontos para continuar crescendo e oferecendo segurança e conveniência aos nossos clientes".
A redução do rating anunciada ontem foi em função do rebaixamento do rating do Grupo, ocorrida em 11 de junho, como conseqüência do rebaixamento do rating soberano da Espanha.
Na sua nota de ontem, a Fitch explica que o Santander Brasil continua sendo um ativo estratégico para o Grupo Santander e que contribuiu com 27% da receita líquida total.
Para a agência, o rating atribuído ao banco "reflete a saudável posição de capital e a captação independente, sustentadas por sua crescente franquia, conservadora estratégia de concessão de crédito e controles de risco".
O Santander Brasil é hoje, dentre os grandes bancos no Brasil, o mais bem capitalizado, segundo dados do Banco Central, o primeiro mais solido da America Latina e o 11º do mundo, segundo estudo da Bloomberg Markets.
Portanto, estamos prontos para continuar crescendo e oferecendo segurança e conveniência aos nossos clientes".
Interessante, em especial, na nota, a admissão, pelo Santander, do exercício de uma "conservadora estratégia de concessão de crédito", na contramão dos apelos da presidente Dilma Rousseff e do ministro Guido Mantega, da Fazenda, em favor de uma política de empréstimos mais dinâmica pelas grandes bancos. Como diz o texto, o rebaixamento foi um reflexo direto da perda de rating do Santander na Espanha e da queda da nota do próprio país. Uma consequência direta da perda de pontos nas classificações de agências de risco é, em tese, a elevação dos custos de captação de recursos. A Fitch frisou, porém, que acredita que o governo brasileirio terá de promover, em breve, uma ajuda financeira ao Santander Brasil.
Abaixo, notícias da agência Reuters e do Jornal do Brasil sobre a perda de posições do Santander Brasil e do Santander Espanha nos ratings das agências Fitch e Moody´s, respectivamente:
RIO DE JANEIRO, 13 Jun (Reuters) - A Fitch Ratings rebaixou nesta quarta-feira os ratings de emissor de longo prazo em moeda estrangeira do Santander Brasil (SANB11.SA) de 'BBB+' para 'BBB', além de revisar a perspectiva de 'estável' para 'negativa'.
A agência de classificação de risco também reduziu o rating de longo prazo em moeda local do banco, de 'A-' para 'BBB', com perspectiva negativa. Da mesma forma, o rating de curto prazo em moeda local passou de 'F1' para 'F2'.
"A Fitch considera que, tendo em vista sua importância sistêmica (...), é altamente provável que o governo brasileiro proporcione suporte (ao Santander), se necessário. Assim, foi atribuído o piso de rating de suporte 'BBB-'", disse a Fitch.
A Fitch realizou ações de ratings em subsidiárias do Banco Santander na América Latina, depois do rebaixamento da controladora, há dois dias.
"As perspectivas de crescimento nos mercados emergentes foram revisadas para baixo e não estão totalmente imunes às tendências da economia global, mas a expectativa é de que os resultados destes mercados continuarão contribuindo significativamente para os ganhos do grupo", disse a Fitch.
Segundo o documento, a América Latina continua sendo estrategicamente importante para o Santander. Além disso, o banco se beneficia por sua diversificação geográfica, o que ajuda a compensar os fracos resultados na Espanha.
"Sua liquidez tem o auxílio das subsidiárias internacionais, que contam com captação própria, minimizando o risco de contágio e proporcionando a elas a capacidade de emitir dívida a partir de diferentes jurisdições", afirmou a agência.
Moody's rebaixa rating da Espanha e crise pode se aprofundar
Agência também reduziu avaliação dos bancos do país
Jornal do Brasil
Jornal do Brasil _ A agência de análise de risco Moody's Investor Service rebaixou o rating soberano da Espanha em três níveis (de "A3" para "Baa3") e agora o país está apenas um nível acima do nível especulativo (chamado de "junk").
Além disso, a agência, que espera concluir a revisão da nota em, no máximo, três meses, ainda colocou o rating em revisão para um possível rebaixamento adicional.
A agência apontou que, "ao tomar empréstimo de até 100 bilhões de euros para recapitalizar o seu sistema bancário" (que foi anunciado oficialmente no último sábado), a Espanha vai aumentar ainda mais o encargo da sua dívida, que já vem crescendo desde o início da crise financeira.
O fato do governo do país ter "acesso muito limitado ao mercado financeiro" para financiar e se recapitalizar, aliada a uma contínua decadência da economia nacional e o enfraquecimento financeiro com "maior vulnerabilidade a uma parada brusca no financiamento", contribuíram para a queda na nota do país.
Bancos
A Moody's também rebaixou o rating do Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB) da Espanha de "A3" para "Baa3" e colocou o rating em revisão para possível novo corte, em linha com a ação sobre o rating soberano.
Na última terça-feira (12), a agência classificadora Fitch já havia rebaixado a nota de mais 18 bancos do país, apenas um dia depois de ter diminuído também a avaliação do Santander e do BBVA, o que aumentou as suspeitas do problema de liquidez do setor como um todo.
Segundo a Moody's, a revisão para novo rebaixamento vai se concentrar no resultado das auditorias externas em andamento do sistema bancário da Espanha, as condicionalidades e detalhes do acordo de empréstimo do EFSF/ESM e a estratégia de execução desenvolvida especificamente para a recapitalização do sistema bancário.
Consequências
Em coletiva de imprensa após o anúncio da ajuda de € 100 bilhões, o ministro das finanças da Espanha, Luis de Guindos, afirmou que o aporte não está condicionado a mudanças, já que não se trata de um resgate. No entanto, o economista Paulo Gala, da Faculdade Getúlio Vargas (FGV-SP) aposta que a Zona do Euro vá exigir mudanças na política econômica do país.
"O eurogrupo deve estar condicionando sim algumas contrapartidas que a Espanha não vai ter como cumprir, e o próprio mercado não está acreditando muito nesta ajuda", analisa.
Uma das grandes preocupações é que a liberação do dinheiro possa fazer com que outros países também peçam ajuda, aprofundando a crise ainda mais. O economista acredita que a Itália deve ser a próxima nação a aderir aos empréstimos. E enfatiza: se as políticas econômicas atuais persistirem, o futuro do velho continente será "sombrio".
"Estas medidas são apenas paliativas. A volta do crescimento só será atingida com gastos públicos, investimento, que não é a política econômica atual da zona. O aumento do salário na Alemanha para gerar demanda também pode ser importante", conclui.
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