Ana Maria Baeta Valadares Gontijo doou R$ 8 milhões e 250 mil para a campanha tucana de 2010, como pessoa física. O valor é comparável a doações de grandes bancos e grandes empreiteiras. Trata-se de um recorde entre as pessoas físicas. Porém, a lei diz que as pessoas físicas podem doar no máximo 10% de seu rendimento bruto no ano anterior. Isso significa que Ana Gontijo precisaria ter auferido cerca de R$ 7 milhões por mês de salário ou renda em 2009 (pelo menos R$ 82,5 milhões de renda anual). Partindo-se do pressuposto de que o Brasil é capitalista, o dinheiro é dela e a lei permite, ninguém teria nada a ver com isso, ok? Não teria, caso seu marido José Celso Valadares Gontijo não tivesse sido gravado por Durval Barbosa, entregando pacotes de dinheiro no mensalão do DEM (Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal). O relatório da CPI sobre o mensalão do DEM, feito na Câmara Legislativa do Distrito Federal, dedica um tópico inteiro a Celso Gontijo (esposo da milionária doadora de campanha tucana). De fato, chama a atenção o trecho desse relatório que trata de uma de suas empresas - de telemarketing:
O Sr.
JOSÉ CELSO GONTIJO figura ainda como proprietário da empresa
CALL TECNOLOGIA E SERVICOS LTDA, de CNPJ no 05003257/0001-10, empresa citada no Inquérito n° 650/STJ como financiadora do esquema de corrupção, e que possui contratos com a CODEPLAN e o DEFRAN, totalizando repasses no valor de R$ 109.347.709,17 (cento e nove milhões, trezentos e quarenta e sete milhões, setecentos e nove reais e dezessete centavos) entre os anos de 2000 a 2010.
O Sr. JOSÉ CELSO GONTIJO aparece em gravação feita pelo Sr. DURVAL BARBOSA, entregando-lhe dois pacotes contendo diversas notas de R$ 100,00 (cem reais). Esse vídeo compõe o inquérito nº 650/STJ e foi gravado na gestão do governador José Roberto Arruda, conforme foto do ex-governador disposta na parede oposta da gravação. Segundo o Sr. DURVAL BARBOSA, esse encontro ocorreu no dia 21 de outubro de 2009 na Secretaria de Assuntos Institucionais (v. 4, p. 528). Ainda segundo o declarante esse encontro tinha como objetivo fazer um “acerto” do recurso arrecadado como propina de um contrato com a empresa CALL TECNOLOGIA E SERVICOS LTDA (v. 4, p. 529). A propina era entregue diretamente pelo Sr. JOSÉ CELSO GONTIJO, por seus funcionários, e em uma ocasião pelo Sr. LUIS PAULO DA COSTA SAMPAIO. Ressalta ainda o delator que essa propina era paga desde o governo passado, equivalendo a um percentual entre 7% (sete por cento) e 8% (oito por cento) do total pago à empresa, já descontado o valor dos impostos. Esse dinheiro era inclusive arrecadado à época da campanha do Sr. JOSÉ ROBERTO ARRUDA ao governo do DF.
Relações perigosas
Meses antes do mensalão (verdadeiro!) do DEM vir a público, o
blog NaMariaNews já mostrava o fato da empresa citada ter conquistado um contrato milionário com a Prefeitura de São Paulo, em abril de 2006 (no apagar das luzes da gestão tucana de
José Serra, antes de passar a faixa ao vice
Gilberto Kassab). Em abril de 2009, a
CALL TECNOLOGIA conquistou outro contrato, desta vez com o governo estadual de São Paulo, mas o governador era o mesmo José Serra, que fora prefeito em 2006 e candidato a presidente em 2010, através do partido que recebeu os R$ 8,25 milhões da mulher do dono da CALL TECNOLOGIA (
PSDB). Não é preciso fazer ilações para o leitor perceber os miasmas que exalam desse sistema de financiamento privado de campanha, e porque seus defensores são a mesma corriola da privataria tucana: José Serra, FHC, Aécio Neves, Álvaro Dias, José Roberto Arruda, etc.
Cachoeira está ligado à doação suspeita
Vejam o relatório da PF (Polícia Federal) referente à Operação Monte Carlo
Um diálogo entre dois altos membros da organização de Carlinhos Cachoeira mostra que ele teve negócios em parceria com o grupo empresarial de JC Gontijo. A empresa é de José Celso Valadares Gontijo, que surgiu em vídeo gravado no caso do mensalão do DEM, entregando pacotes de dinheiro.
Como já visto, ele é casado com Ana Maria Baeta Valadares Gontijo, a pessoa física que fez a maior doação de campanha em toda a história política do Brasil (nas eleições de 2010 doou R$ 8,25 milhões). Toda essa importância foi cedida exclusivamente à direção nacional do PSDB, óbvio. Vejam a página do
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de consulta aos doadores e fornecedores de campanha em 2010.
Agora, resta saber o que os tucanos José Serra (que foi candidato a presidente) e Sérgio Guerra (deputado e presidente do partido) têm a dizer a respeito do caso. A CPI do Cachoeira precisa investigar a natureza desse “negócio” com o grupo de JC Gontijo e seguir o rastro do dinheiro.
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