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Santander e "A Batalha Espanhola" - Blog do Gilmar Carneiro

Para um jornal como a Folha fazer um Editorial sobre a situação da Espanha, é por que eles estão sabendo a situação delicada que ficam as empresas espanholas no exterior. Além de já ter vendidos vários Bancos Santander nos países da América Latina, temos agora o Governo Argentino atacando a empresa de Petróleo que a Espanha tem com os portenhos.

Na época do Império Espanhol, a Inglaterra e os Estados Unidos invadiram as colônias espanholas e passaram a ser os novos imperadores destes povos e países. Os predadores continuam soltos, mesmo mudando de nome e de endereço.

Milhares de pessoas estão acessando este blog querendo saber se a notícia da venda do Santander Brasil procede ou não. Eu já escrevi que a notícia partiu do Estadão e de Sonia Racy, duas autoridades jornalísticas. Ninguém desmentiu. Portanto, está valendo. Quem cala, consente!

Alguns funcionários estão com casamento marcado e querem saber se podem fazer dívidas ou não, outros querem trocar de carro ou entrar numa faculdade particular e querem saber se correm risco de ficar desempregados. Enquanto o Santander e os interessados não se posicionarem, a incerteza vai preponderar. Ainda mais com este editorial da Folha de São Paulo.

A Batalha Espanhola


EDITORIAL da Folha de São Paulo – 18/04/2012

Capacidade da Espanha de superar agravamento da crise econômica com austeridade e reformas será decisiva para o destino da Europa e do euro. Depois de três meses de trégua, a crise europeia voltou à cena. A ação do Banco Central Europeu no início do ano -€ 500 bilhões injetados no mercado- foi suficiente, por certo, para conter o risco de iminente colapso dos bancos. Não resolveu os problemas, mas comprou tempo para que os países pudessem realizar seus ajustes.

Desde então se tornou comum considerar que o estado da crise passou de agudo para crônico -o que tem um fundo de verdade. Os desequilíbrios, no entanto, permanecem, e a recessão que se abate sobre a maior parte da zona do euro mantém vivos os riscos de ruptura financeira.

O principal foco de problemas no momento é a Espanha,
que vive as consequências do estouro da bolha imobiliária. Em relação ao tamanho de sua riqueza, os problemas são maiores que os vividos nos últimos anos pelos norte-americanos. No auge da euforia, a construção civil chegou a representar 13% da economia espanhola, enquanto nos EUA esse setor nunca passou de 6,5%.

As perdas bancárias estão longe de terminar. Até o ano passado, a suposição era a de que a limpeza dos bancos custaria 5% do PIB espanhol, mas esse número já se aproxima de 10% (cerca de € 100 bilhões). Será difícil escapar de aportes adicionais do governo e, provavelmente, também da União Europeia (UE).

O bloco reforçou no mês passado os fundos de resgate. Nesta semana, o encontro dos ministros das Finanças dos países do G20 e a reunião do FMI talvez resultem em um acordo global para aumentar os recursos deste último.
Mas muitos não estão seguros -e com razão- de que a Europa já tenha colocado o suficiente de seu próprio dinheiro para credenciar-se a pedir contribuições alheias.

A economia espanhola, por sua vez, continua a contrair. A última projeção do FMI aponta para uma queda do PIB de 1,8% neste ano. A taxa de desemprego já supera 24%. Neste ambiente, cortes de gastos tornam-se mais difíceis. No ano passado, a meta de deficit fiscal de 6% do PIB foi estourada em 40%. A dívida pública, que era das mais baixas da Europa antes da crise, já ameaça superar a marca de 90% do PIB.

Para a Europa, a batalha da Espanha -pela dimensão de sua economia e de seus problemas- decidirá a guerra. Se a receita de austeridade e reformas estruturais mostrar-se eficaz para restaurar o crescimento, será possível falar num ponto de inflexão da crise. Do contrário, o futuro do euro permanecerá indefinido.

O curto prazo não autoriza otimismo.

O segundo trimestre será difícil. As eleições na França podem comprometer temporariamente a capacidade decisória da UE, e o risco de aprofundamento da recessão ainda não foi afastado.

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