Pular para o conteúdo principal

New York Times vai diminuir acessos gratuitos em seu site - Revista Carta Capital - 21.03.2012


O diário norte-americano The New York Times anunciou que vai diminuir o acesso gratuito aos artigos de seu portal de 20 para 10 por mês. A medida, que ocorre um ano depois de o jornal ter iniciado a cobrança por seu conteúdo online, não surpreende. Na verdade, é uma política cada vez mais comum na mídia dos Estados Unidos e em outras partes do mundo.

Segundo dados do Anuário Internacional de Editores & Publishers, citados pelo diário Wall Street Journal, entre 1999 e 2009 houve uma queda de 10 milhões de exemplares na circulação semanal dos jornais nos EUA, ou seja, 17% do total.
O período coincide com a massificação da internet no país, e também no mundo. Um cenário que “despejou” no mundo digital uma infinidade de portais de notícias com informações de qualidade e gratuitas, o que derrubou as receitas da mídia impressa pela metade no mesmo intervalo de tempo.
Desde 1999, mídia impressa norte-americana registrou queda de 10 milhões de exemplares na circulação semanal, 17% do total. Foto: AdKinn/Flickr

Neste contexto, a atitude é uma tentativa de aumentar os lucros da The New York Times Company, administradora do NYT, e superar as perdas em vendas em banca e anúncios impressos. Evidencia também o aumento da dependência da receita do grupo em sua plataforma digital, passando de 13,8% do faturamento total em 2009 para 16,2% em 2010.
Vivendo tempos de aperto, o jornal informou ter registrado uma queda de 12,2% em seu lucro no quarto trimestre de 2011, mesmo com o aumento de assinantes digitais e da publicidade online, que crescem de forma mais lenta a compensar as demais perdas.
Ainda assim, um dos melhores resultados expostos nos balanços da companhia vem do grupo de mídia online, composto pelo NYT, The Boston Globe e The International Herald Tribune, que registrou aumento de publicidade digital de 5,3% no período.
Por outro lado, houve queda de 8,2% na receita de publicidade dos jornais regionais associados ao NYT, já em negociações avançadas para se livrar dos veículos com maior prejuízo.
O modelo de cobrança adotado pelo jornal também é visto como um atrativo para valorizar o conteúdo ao permitir visualização de “amostras”. Mas o acesso gratuito continua válido para links abertos nas redes sociais, como Facebook e Twitter, buscadores online e artigos da homepage.
Nos últimos anos, a cobrança por conteúdo online tem se espalhado pelo país. Segundo o WSJ, apenas em 2011, 10 grandes jornais decidiram tarifar o acesso a alguns artigos em seus sites.
Entre eles está o BG, que conseguiu amealhar 16 mil assinaturas digitais nos três meses após restringir o acesso de conteúdos de seu site em novembro de 2011. Pouco, se comparado à tiragem média de 200 mil unidades por dia durante a semana.
O mais recente gigante a entrar nesta lista foi o Los Angeles Times. Mas há exemplos no Reino Unido, com o The Times, e também na Austrália.

Alguns críticos acreditam, porém, que esse padrão não tenha, a princípio, a intenção de transformar as assinaturas digitais na maior fonte de renda dos veículos. O objetivo seria estancar a perda de assinantes e compradores em banca, estimulados a obter informação gratuita nos portais.
Entre veículos que cobram pelo conteúdo online, o WSJ – que o faz desde anos 90 – possui cerca de 537 mil assinante digitais. O NYT somava 380 mil no ano passado, vindo em segundo lugar.
Mas o modelo pode não alcançar esses resultados nos demais jornais, pois estes não contariam com a mesma base de acessos a seus sites. Quando lançou o projeto de cobrança, o site do NYT registrava cerca de 30 milhões de acessos mensais únicos.
Por outro lado, os veículos menores, como o Star Tribune, que atingiu 14 mil assinantes digitais a pagar cerca de 100 dólares pelo acesso anual, começam a enxergar vantagens na estratégia.
A renda do ST com este tipo de assinatura seria de 14 milhões de dólares por ano. Um valor considerável e sem descontos dos custos de impressão e distribuição de uma versão impressa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Roberto Carlos - Disco Louco Por Você 1961 - Completo) - Antonio Alves (Tony )

  Depois de muitos pedidos estou disponibilizando para todos vocês o Disco completo mais raro de Roberto Carlos de 1961 com excelente áudio e com duas faixas bônus "Cazone Per Te" e L' ultima Cosa " versão em Stereo de 1968 . Sobre esse Disco : Dois anos depois do lançamento do compacto simples "João e Maria/Fora do Tom" em 1959, Roberto Carlos estreava "Louco por Você", primeiro LP do cantor. O disco expressa a fase inicial da carreira de Roberto, fã da bossa nova e da música romântica. Boa parte das canções do álbum tem composição de Carlos Imperial. Sem sucesso comercial , dizem que vendeu apenas 512 copias ,Louco por Você" acabou renegado por Roberto até hoje e se tornou o segundo LP mais caro no Brasil. Lista das músicas 01- Não é Por Mim-Autores: (Carlos Imperial-Fernando Cesar) 02- Olhando Estrelas (Look For a Star)-(Look for a star) De Mark Antony(vs. Paulo Rogério) Bolero 03- Só Você-Autores: Edson Ribeiro e Renato Corte Real...

Madame Satã, o transformista visto como herói da contracultura e vilão pelo governo Bolsonaro - Daniel Salomão Roque De São Paulo para a BBC News Brasil 26 junho 2021

  bibliOTECA NACIONAL Legenda da foto, Manchete sobre a participação de João Francisco numa fuga penitenciária em 1955. O transformista nutria grande admiração por Carmen Miranda e procurava imitá-la sempre que possível Ao abaixar a cabeça, João Francisco dos Santos, então com 28 anos, viu duas poças se avolumarem no chão de seu quarto — de um lado, as gotas de sangue pingando através de um rasgo em sua sobrancelha direita; do outro, as lágrimas que lhe escorriam pelos cantos dos olhos. Não demorou muito para que ambos os fluidos se misturassem numa poça maior. "A minha pessoa estava feliz demais naquela noite. Eu devia ter desconfiado", recordaria quatro décadas depois, em depoimento ao escritor Sylvan Paezzo (1938-2000). "Já tinha apanhado tanto da danada da vida, que pensei ter chegado a minha boa hora. Aquela demagogia de que não há mal que sempre dure e que depois da tempestade vem a bonança." Corria o ano de 1928, e João Francisco acreditava ter realizado o so...

A melhor lista dos 10 melhores filmes de todos os tempos? - POR: PRAGMATISMO POLÍTICO

Quais são os 10 melhores filmes de todos os tempos? Pergunte a qualquer pessoa, e dificilmente as escolhas serão as mesmas. Mas, se diferentes listas começam a repetir os mesmos itens, talvez isso signifique algo. A seguir, confira uma lista dos 'top10' com os filmes mais citados por críticos Melhores filmes (Imagem: Pragmatismo Político) Escolha um conhecido qualquer e pergunte: quais são os 10 melhores   filmes   de todos os tempos? Anote as respostas num papel, e faça a mesma pergunta para outra pessoa. Dificilmente as escolhas serão as mesmas. Mas, se diferentes listas começam a repetir os mesmos itens, talvez isso signifique algo. Esse é o raciocínio seguido pelo  Metacritic , site que reúne a opinião de críticos de cinema. O site computa e faz média das notas dadas por especialistas, fornecendo uma ideia geral se aquele filme é bem aceito, ou não, pela imprensa. De acordo com o site, a lista média dos críticos é bem eclética, com longas com mais de 70 ...