O diário norte-americano The New York Times anunciou que vai diminuir o acesso gratuito aos artigos de seu portal de 20 para 10 por mês. A medida, que ocorre um ano depois de o jornal ter iniciado a cobrança por seu conteúdo online, não surpreende. Na verdade, é uma política cada vez mais comum na mídia dos Estados Unidos e em outras partes do mundo.
Segundo dados do Anuário Internacional de Editores & Publishers, citados pelo diário Wall Street Journal, entre 1999 e 2009 houve uma queda de 10 milhões de exemplares na circulação semanal dos jornais nos EUA, ou seja, 17% do total.
O período coincide com a massificação da internet no país, e também no mundo. Um cenário que “despejou” no mundo digital uma infinidade de portais de notícias com informações de qualidade e gratuitas, o que derrubou as receitas da mídia impressa pela metade no mesmo intervalo de tempo.
Neste contexto, a atitude é uma tentativa de aumentar os lucros da The New York Times Company, administradora do NYT, e superar as perdas em vendas em banca e anúncios impressos. Evidencia também o aumento da dependência da receita do grupo em sua plataforma digital, passando de 13,8% do faturamento total em 2009 para 16,2% em 2010.
Vivendo tempos de aperto, o jornal informou ter registrado uma queda de 12,2% em seu lucro no quarto trimestre de 2011, mesmo com o aumento de assinantes digitais e da publicidade online, que crescem de forma mais lenta a compensar as demais perdas.
Ainda assim, um dos melhores resultados expostos nos balanços da companhia vem do grupo de mídia online, composto pelo NYT, The Boston Globe e The International Herald Tribune, que registrou aumento de publicidade digital de 5,3% no período.
Por outro lado, houve queda de 8,2% na receita de publicidade dos jornais regionais associados ao NYT, já em negociações avançadas para se livrar dos veículos com maior prejuízo.
O modelo de cobrança adotado pelo jornal também é visto como um atrativo para valorizar o conteúdo ao permitir visualização de “amostras”. Mas o acesso gratuito continua válido para links abertos nas redes sociais, como Facebook e Twitter, buscadores online e artigos da homepage.
Nos últimos anos, a cobrança por conteúdo online tem se espalhado pelo país. Segundo o WSJ, apenas em 2011, 10 grandes jornais decidiram tarifar o acesso a alguns artigos em seus sites.
Entre eles está o BG, que conseguiu amealhar 16 mil assinaturas digitais nos três meses após restringir o acesso de conteúdos de seu site em novembro de 2011. Pouco, se comparado à tiragem média de 200 mil unidades por dia durante a semana.
O mais recente gigante a entrar nesta lista foi o Los Angeles Times. Mas há exemplos no Reino Unido, com o The Times, e também na Austrália.
Alguns críticos acreditam, porém, que esse padrão não tenha, a princípio, a intenção de transformar as assinaturas digitais na maior fonte de renda dos veículos. O objetivo seria estancar a perda de assinantes e compradores em banca, estimulados a obter informação gratuita nos portais.
Entre veículos que cobram pelo conteúdo online, o WSJ – que o faz desde anos 90 – possui cerca de 537 mil assinante digitais. O NYT somava 380 mil no ano passado, vindo em segundo lugar.
Mas o modelo pode não alcançar esses resultados nos demais jornais, pois estes não contariam com a mesma base de acessos a seus sites. Quando lançou o projeto de cobrança, o site do NYT registrava cerca de 30 milhões de acessos mensais únicos.
Por outro lado, os veículos menores, como o Star Tribune, que atingiu 14 mil assinantes digitais a pagar cerca de 100 dólares pelo acesso anual, começam a enxergar vantagens na estratégia.
A renda do ST com este tipo de assinatura seria de 14 milhões de dólares por ano. Um valor considerável e sem descontos dos custos de impressão e distribuição de uma versão impressa.
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