O inferno astral da News International parece não ter fim. O magnata Rupert Murdoch esteve em Londres no fim da semana passada para tentar acalmar a equipe do tabloide Sun, depois da prisão de cinco jornalistas. Os profissionais haviam sido detidos na semana anterior, junto com um policial, uma funcionária do Ministério da Defesa e um militar, em uma investigação sobre o suborno a policiais e membros do governo – ainda por conta do escândalo dos grampos telefônicos ilegais que tiveram início no tabloide News of the World. Foram presos o subeditor Geoff Webster, o editor de fotografia John Edwards, o correspondente Nick Parker e os repórteres John Kay e John Sturgis. Todos foram liberados sob fiança.
Na sexta-feira (17/2), Murdoch anunciou o lançamento de um novo tabloide, o Sun on Sunday, e afirmou que funcionários que foram detidos ou suspensos já poderiam voltar ao trabalho. Desde o fechamento do News of the World, tabloide dominical do grupo, fala-se da criação do Sun on Sunday. Agora, Murdoch disse que o lançamento do jornal dominical está “próximo”. Em visita à redação do Sun, o empresário conversou com jornalistas e afirmou que aqueles presos “são inocentes até que se prove o contrário”. Ele revelou ainda que pretende ficar em Londres nas próximas semanas para mostrar seu apoio ao jornal.
Revolta
Durante a semana passada, muitos jornalistas do Sun ficaram revoltados com as prisões, que foram feitas a partir de informações fornecidas à polícia pela própria News Corporation. Em um email à redação, Murdoch afirmou que a situação foi de grande dor para ele, mas ressaltou que “atividades ilegais simplesmente não podem ser e não serão toleradas”, em um sinal de que a atuação do comitê interno cuja cooperação com a polícia levou às detenções deverá continuar.
Jornalistas do Sun chegaram a descrever as prisões como uma “caça às bruxas”. Em artigo no New Statesman [13/2], o advogado e escritor David Allen Green refuta a alegação. “No caso do Sun”, diz ele, a revolta ocorreu “porque policiais, operando sob a lei, prenderam suspeitos como parte de uma investigação. Estes suspeitos têm o direito à presunção de inocência até que se prove que são culpados. Isso não é uma ‘caça às bruxas’. É apenas uma ação normal da polícia diante de suspeitos de crimes”.
Outros quatro jornalistas ligados ao Sun já haviam sido detidos em janeiro, por conta do mesmo inquérito sobre suborno. Segundo a polícia, 21 pessoas foram presas no total, incluindo três policiais. Nenhuma recebeu acusações formais. No ano passado, foram detidos o ex-editor do News of the World Andy Coulson, que depois trabalhou como diretor de comunicação do primeiro-ministro David Cameron, e Rebekah Brooks, ex-executiva-chefe da News International.
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