Obrigada a falar sobre "A Privataria Tucana", Folha ataca obra e sai em defesa de acusados - Publicado em 15-Dez-2011 - Blog do Zé Dirceu
A Folha de S.Paulo muda completamente hoje a forma como vem tratando as denúncias de irregularidades e corrupção. Dá tratamento inédito a "A Privataria Tucana", o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., considerado o mais completo levantamento das falcatruas e desvios de dinheiro ocorridos nos anos de privatização tucana (1995-2002) e que envolveriam parentes, contra parentes e amigos de José Serra. Reconhece a existência de provas, mas diz que elas não estão, necessariamente, ligadas a benefícios em dinheiro resultantes da privataria promovida pelos tucanos. A se considerar a postura que o PSDB e o Folhão adotam até agora - desde que os envolvidos sejam do governo - as denúncias relacionadas em "A Privataria Tucana" deveriam ser investigadas e os denunciados afastados de suas funções. Ou os métodos do jornal e do partido, de denúncia e linchamento público, só valem para os adversários?
A Folha de S.Paulo muda completamente hoje a forma como vem tratando todas as denúncias de irregularidades e corrupção. Dá, assim, um tratamento inédito a "A Privataria Tucana", o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., lançado desde o fim de semana passado e considerado o mais completo levantamento das falcatruas e desvios de dinheiro ocorridos nos anos de privatização tucana (1995-2002).
Especialmente nos casos relacionados a parentes, contra parentes e amigos de José Serra, o presidenciável da oposição duas vezes derrotado na disputa pelo Planalto (2002-2010). O jornalão de Barão de Limeira, além de mudar a forma como trata denúncias desse tipo, questiona a credibilidade e os antecedentes do jornalista Amaury Ribeiro Jr., o que não faz com nenhum outro denunciante dos casos recentes envolvendo ministros do governo federal.
Lembremo-nos, por exemplo, só de casos recentes, como os do ex-ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), denunciado por um ex-policial investigado e processado, e do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), vítima de uma campanha articulada em sua maior parte por grupos ligados a deputadas e a pessoas a elas ligadas que atuam nos subterrâneos da política de Brasília.
Jornal reconhece que as provas existem e procura desqualificá-las
O Folhão, quando falou disso o fez en passant. Já no caso de Amaury Ribeiro Jr... Ao publicar a matéria sobre "A Privataria Tucana", hoje, o jornalão dá o espaço de direito aos acusados (para resposta). Mais do que natural. Chega, inclusive, a reproduzir declarações de 2002 de um deles se defendendo, o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio Oliveira. Ricardo, ligado a José Serra, é apontado no livro como beneficiário de depósito em paraísos fiscais feito pelo empresário Carlos Jereissati quando da privatização das teles.
Ao mesmo tempo em que recorre a declarações de nove anos atrás de Ricardo, como elas e as dos demais acusados não conseguem contestar as provas, o próprio jornal assume a defesa dos acusados. Diz que, de fato, há documentos de que houve depósito de Carlos Jereissati em nome de Ricardo Sérgio, mas que o livro não apresenta prova de que isso tenha a ver com privatização; e confirma que entrou dinheiro na conta de Verônica Serra (filha de José) na sociedade com Verônica Dantas, mas que não há evidências que esses recursos tenham origem ilícita.
Mesmo defendendo-os por conta própria, de forma editorializada, o jornal dá aos acusados, registre-se, o espaço de defesa que costuma negar aos demais. O centro da argumentação da matéria do jornal é a falta de provas. Isto é esgrimido pelo Folhão de forma direta e clara, contrastando com todas as matérias que fez nestes últimos meses, quando jamais usou esse critério da ausência ou não de provas.
Ajuda ao eterno candidato do Folhão à presidência da República
Na prática, com seu material de hoje, o jornal procurou desqualificar o livro e as denúncias. Mais do que isso, desqualificar o jornalista, que não denunciou nada, apenas faz uma reportagem, reconta a história como o próprio jornal avalia. Na realidade, a matéria de hoje da Folha apenas serve de gancho para que o jornal ouvisse e desse espaço ao seu político predileto e eterno candidato a presidente da República, José Serra.
Predileção, aliás, que ela nunca escondeu ou fez questão de esconder. Tanto que o material publicado não é assinado, quer dizer, é o próprio jornal deixando claro que ele, numa posição editorial, assume a defesa de José Serra e cia. Pela própria prática recente e reiterada do PSDB e da própria Folha, a se considerar a postura que adotam diante do assunto - desde que os envolvidos sejam do governo - as denúncias relacionadas em "A Privataria Tucana" deveriam ser investigadas e os denunciados afastados de suas funções.
Ou os métodos do jornal e do PSDB, de denúncia e linchamento público, só valem para os adversários?
Lembremo-nos, por exemplo, só de casos recentes, como os do ex-ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), denunciado por um ex-policial investigado e processado, e do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), vítima de uma campanha articulada em sua maior parte por grupos ligados a deputadas e a pessoas a elas ligadas que atuam nos subterrâneos da política de Brasília.
Jornal reconhece que as provas existem e procura desqualificá-las
O Folhão, quando falou disso o fez en passant. Já no caso de Amaury Ribeiro Jr... Ao publicar a matéria sobre "A Privataria Tucana", hoje, o jornalão dá o espaço de direito aos acusados (para resposta). Mais do que natural. Chega, inclusive, a reproduzir declarações de 2002 de um deles se defendendo, o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio Oliveira. Ricardo, ligado a José Serra, é apontado no livro como beneficiário de depósito em paraísos fiscais feito pelo empresário Carlos Jereissati quando da privatização das teles.
Ao mesmo tempo em que recorre a declarações de nove anos atrás de Ricardo, como elas e as dos demais acusados não conseguem contestar as provas, o próprio jornal assume a defesa dos acusados. Diz que, de fato, há documentos de que houve depósito de Carlos Jereissati em nome de Ricardo Sérgio, mas que o livro não apresenta prova de que isso tenha a ver com privatização; e confirma que entrou dinheiro na conta de Verônica Serra (filha de José) na sociedade com Verônica Dantas, mas que não há evidências que esses recursos tenham origem ilícita.
Mesmo defendendo-os por conta própria, de forma editorializada, o jornal dá aos acusados, registre-se, o espaço de defesa que costuma negar aos demais. O centro da argumentação da matéria do jornal é a falta de provas. Isto é esgrimido pelo Folhão de forma direta e clara, contrastando com todas as matérias que fez nestes últimos meses, quando jamais usou esse critério da ausência ou não de provas.
Ajuda ao eterno candidato do Folhão à presidência da República
Na prática, com seu material de hoje, o jornal procurou desqualificar o livro e as denúncias. Mais do que isso, desqualificar o jornalista, que não denunciou nada, apenas faz uma reportagem, reconta a história como o próprio jornal avalia. Na realidade, a matéria de hoje da Folha apenas serve de gancho para que o jornal ouvisse e desse espaço ao seu político predileto e eterno candidato a presidente da República, José Serra.
Predileção, aliás, que ela nunca escondeu ou fez questão de esconder. Tanto que o material publicado não é assinado, quer dizer, é o próprio jornal deixando claro que ele, numa posição editorial, assume a defesa de José Serra e cia. Pela própria prática recente e reiterada do PSDB e da própria Folha, a se considerar a postura que adotam diante do assunto - desde que os envolvidos sejam do governo - as denúncias relacionadas em "A Privataria Tucana" deveriam ser investigadas e os denunciados afastados de suas funções.
Ou os métodos do jornal e do PSDB, de denúncia e linchamento público, só valem para os adversários?
Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
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