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O jornalismo impresso vai morrer. E ainda bem - Por Cleyton Carlos Torres em 06/12/2011 na edição 671

O mundo caminha a passos largos para uma digitalização total, pelos menos uma virtualização de documentos, filmes, livros, sons, imagens e, principalmente, a concretização dos jornais no mundo online. O jornal impresso vai morrer e isso não é nenhuma previsão apocalíptica, apenas um consenso do que já era esperado. O jornalismo impresso vai morrer, mas isso não significa que ele irá desaparecer. Em muitos cantos do planeta, mesmo nos países mais desenvolvidos, o jornal de papel será, digamos, eterno. O que irá desaparecer será a sua essência limitada, seu engessamento e sua visão retrógrada de como enxergar o próprio contexto que narra.

E isso será extremamente positivo. O jornalismo impresso se acomodou, se instalou em um uma zona de conforto concretada com velhos padrões e argumentos que já não fazem mais sentido atualmente. Não há nada mais primitivo do que criar alardes e decretar seu fim inúmeras vezes. Se não progrediu, por que continuar a existir como mídia?
Quando todos já analisavam apenas quantas visitas um portal recebia, novos padrões quantitativos e qualitativos, como reputação e referência, começam a vigorar como métricas mais eficientes na internet. E o jornal? O jornal impresso se contentou com o número de tiragens para medir sua abrangência, reportagens sensacionalistas para justificar suas vendas e análises batidas para corroborar seu formato físico limitativo.
Luta irracional com o nada
O jornalismo digital é, na prática, o formato 2.0 do jornalismo primitivo. Não minimizando sua importância ímpar para com o progresso da sociedade, mas o impresso não conseguiu acompanhar os passos dessa própria sociedade. Não buscou modelos inovadores eficientes e insistiu demais em sua existência, ferindo ainda mais sua real significância no mundo atual. Qualidade, ética, investigação, análises profundas e profissionalismo serão mantras eternos da imprensa. O que se extinguirá será seu formato passivo de concepção. O jornalismo atual requer multimidialidade, participação do usuário e atualizações em tempo real do mundo que nos cerca. Não há mais espaços para uma mídia que se preocupa mais com uma crise existencial do que com sua renovação.
Em uma sociedade pós-moderna, altamente conectada e cada vez mais familiarizada com as redes sociais digitais interligadas em rede, manter um padrão de pensamento que vigora exatamente da mesma maneira há séculos chega a soar de forma patética. Se diversos campos profissionais se reinventam a cada dia, por qual motivo o jornalismo ainda insiste na não renovação?
Peço desculpas aos apaixonados pelo jornalismo impresso, mas quem decretou sua morte foi o próprio impresso. Ao se recusar em adentrar o universo digital e explorar suas infinitas possibilidades, o jornalismo impresso optou, no lugar de uma migração indolor e eficiente, por uma luta irracional com o nada. E, pior: perdeu a briga.
[Cleyton Carlos Torres é jornalista, pós-graduado em assessoria de imprensa, gestão da comunicação e marketing e pós-graduando em política e sociedade no Brasil contemporâneo

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