Surgem rumores de mudanças em alguns ministérios do governo de Dilma Rousseff. Entre as possíveis mudanças vazadas na imprensa, estaria o nome de Luiza Bairros da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).
A SEPPIR desde a sua criação em 2003, teve em seu comando Matilde Ribeiro, que devido uma série de acontecimentos, não concluiu o seu mandato, sendo substituída por Edson Santos, que se descompatibilizou para se candidatar ao legislativo no Rio de Janeiro. Em seu lugar assumiu Elói Ferreira Araújo, que permaneceu até o final do mandato do presidente Lula.
Nestes oito anos de existência, a SEPPIR desenvolveu políticas voltadas para a eliminação de todas as formas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata. Para isto, a SEPPIR buscou a valorização da sociedade civil, das entidades não governamentais e do movimento negro, através do Conselho da Promoção da Igualdade Racial (CNPIR).
Durante os dois mandatos do presidente Lula, somaram – se vários avanços, que culminaram com a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial em 2010.
Em 2003, o Brasil passou a adotar o caminho do desenvolvimento de políticas públicas como uma estratégia visando à busca da igualdade de oportunidades e a consequente diminuição das diferenças entre negros e brancos.
Durante este período, ocorreu também o reconhecimento e o fortalecimento das entidades ligadas ao movimento negro, das organizações não governamentais, sindicatos e centrais sindicais, culminando com uma grande articulação em torno dos interesses dos afrodescendentes e da pauta apontada pela capacidade de luta do movimento negro brasileiro.
O debate realizado no Supremo Tribunal Federal (STF) em torno da adoção das cotas nas universidades, assim como a aprovação e sanção do presidente à lei 12.228/10 que criou o Estatuto da Igualdade Racial, representa o ápice das lutas desenvolvidas por milhares de brasileiros e brasileiras contra o racismo no país.
Nas eleições presidenciais de 2010, elegemos Dilma Rousseff como presidenta da república. A eleição de Dilma no primeiro turno representou o acerto de todas as políticas desenvolvidas pelo governo Lula nos últimos oito anos.
O processo eleitoral permitiu ao povo brasileiro escolher entre um modelo privatista pautado nos interesses oligárquicos e o modelo representado pelo fim das desigualdades sociais, com crescimento econômico.
A nação brasileira escolheu a segunda opção, consagrando o estilo inaugurado por Luiz Inácio Lula da Silva, acreditando no compromisso de Dilma Rousseff em dar continuidade ao modelo escolhido nas urnas pela maioria dos brasileiros. Com a vitória, ocorreu um período de recomposição das forças políticas, lideranças foram remanejadas e outras assumiram novos postos.
Esta movimentação causou um período de estagnação, que todos nós esperávamos ter sido superado nestes dez meses de governo. Porém, os mais recentes rumores repercutidos na imprensa apontam que ainda não superamos esta fase e que novas mudanças poderão ocorrer.
Nós afrodescendentes, que nos acostumamos a lutar pela conquista dos nossos direitos, almejamos a retomada das metas e dos objetivos debatidos por todo o movimento negro e pelo governo, nos diversos fóruns governamentais realizados no Brasil e no exterior, visando uma sociedade mais justa, com cidadania plena, sem racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata.
Marcos Benedito
Conselheiro da CNPIR (2008/2010)
Membro da executiva do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial
Coordenador da Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial da CUT (2008/2010)
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