De olho em 2014, PSDB paulista cria núcleo sindical
Tucanos querem aproveitar “má fase” na relação entre as centrais e o governo.
Daniel Teixeira/01.05.2011/AE
Os tucanos Aécio (à esq.) e Alckmin (à dir.), com o ministro Carlos Lupi (Trabalho) na comemoração de 1º de Maio
O diagnóstico de lideranças da sigla é de que o momento é propício para uma aproximação com as entidades, principalmente após a presidente Dilma Rousseff ter enfrentado turbulências no diálogo com as centrais sindicais no início de seu governo, em especial durante a votação do reajuste do salário mínimo.
Na avaliação dos tucanos, sem o apoio das centrais sindicais, o partido encontrará dificuldades em derrotar o PT na sucessão ao Palácio do Planalto. É o que avalia também o coordenador da nova estrutura, Antonio de Sousa Ramalho, vice-presidente da Força Sindical.
- Para as próximas eleições, ninguém se elegerá presidente sem o apoio dos sindicatos. E se quisermos fazer o próximo presidente da República, em 2014, nós vamos ter de conquistar o movimento sindical.
O dirigente da entidade, que é também 1º suplente na Assembleia Legislativa de São Paulo, considera que chegou a hora de o PSDB criar espaços dentro da estrutura partidária para os movimentos sindicais. Segundo ele, a ausência de canais de diálogo talvez seja um dos motivos que levaram os sindicatos a se distanciar da legenda.
- A grande luta é trazer um grande número de sindicalistas para o PSDB para fazer política.
Atualmente, o núcleo sindical tucano é formado por 26 integrantes, provenientes dos ramos do comércio, alimentação, transporte e construção civil, entre outros. Além da Força Sindical, a nova estrutura compreende membros de sindicatos ligados à UGT (União Geral dos Trabalhadores), à CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e à Nova Central.
O estatuto da nova organização ainda está sendo finalizado, mas a ideia é atender as demandas do setor para o governo estadual, bem como acompanhar de perto o andamento de projetos no Estado de São Paulo. A primeira reunião do grupo com o presidente do PSDB em São Paulo, Pedro Tobias, está marcada para a próxima segunda-feira, quando devem ser traçados os primeiros passos do grupo.
Núcleo nacional
Na próxima semana, o núcleo sindical tucano deve também encontrar-se com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A proposta da organização é de promover encontros com o governador de dois em dois meses. O coordenador da nova estrutura explica que a proposta é instituir núcleos sindicais em todos os Estados do Brasil.
O presidente do PSDB em São Paulo, um dos entusiastas da nova estrutura, tem defendido a criação de uma espécie de Conselho Sindical Tucano, um núcleo de âmbito nacional.
- Eu apresentei a ideia ao atual presidente nacional, na segunda-feira passada, e ele gostou. Vamos ver se a gente consegue levar isso para o nível nacional. Nós vamos tentar reconstituir o vínculo do PSDB com os sindicatos.
Desde a derrota nas últimas eleições presidenciais, em 2010, o PSDB tem trabalhado para uma maior aproximação com o movimento sindical. Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin tem promovido o diálogo com as entidades, como na negociação do piso salarial paulista, e escalou um dirigente da UGT, o deputado estadual Davi Zaia (PPS), para assumir a Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho.
Em Minas Gerais, o governador Antonio Anastasia já anunciou a criação de um Comitê de Assuntos Sindicais, no qual o próprio tucano deve coordenar as reuniões com membros de entidades da área. Uma outra frente de aproximação tem sido capitaneada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que ganhou o apoio de dirigentes de centrais sindicais ao defender um salário mínimo de R$ 560, valor que era defendido pelas entidades.
Com o pretexto de criar pontes com o movimento sindical, Alckmin e Aécio também têm feito questão de participar.
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