Hélio Consolaro*
Quem milita na política percebe claramente que ela trabalha com a unilateralidade, por isso que dela brotam as guerras. A humanidade tentou amenizar os conflitos, transferindo-os para o esporte, para o voto, mas o sucesso ainda não foi total.
Um jogo de futebol entre nações é uma guerra simulada. Saem lá algumas botinadas, às vezes degringola em pancadaria. Surgem até as torcidas organizadas, como legiões antigas de mercenários, etc. É a manifestação de nosso lado animal. Tudo para por aí, mas as verdadeiras guerras continuam como se as nações fossem gangues.
Numa democracia, se o interlocutor discordar, surge uma discussão. Acalorado debate, até com a presença da televisão. Antigamente havia os duelos. A civilização arrumou jeitos de mascarar o conflito ou deixá-lo menos violento, mas ele nunca foi eliminado, por isso sempre há tiroteios.
Numa democracia, onde não se conquista o poder pela força, não há necessidade de uma revolução, briga de grupos para se chegar ao poder. O povo vai às urnas e diz quem quer para governá-lo.
Até chegar o momento sagrado do voto, há uma guerra chamada campanha eleitoral. E nem todos são éticos na disputa. Embora a eleição seja apenas em 2012, em Araçatuba a “guerra eleitoral” já começou.
Em 2008, a Folha da Região se meteu numa pesquisa eleitoral em que dava a vitória ao atual prefeito Cido Sério. Era uma ação registrada no cartório eleitoral, com método científico. O outro lado reagiu, alegando manipulação, organizou boicote ao jornal, etc. Nessa época eu prestava serviço à FR.
Em 2011, nesta semana, a Folha da Região promoveu uma enquete em seu portal. Cada internauta entrava lá e clicava apenas uma vez no seu candidato preferido. Era até uma forma saudável de o portal conseguir ibope. Num momento, Cido Sério (PT) liderava, noutra, Dilador Borges (PSDB). As enquetes da FR sempre duram pouco, essa foi longa, mais de semana. E o site saiu do ar pelo menos uma vez, e voltou com uma votação estrondosa.
Não se sabe se foi algum hacker ou algum malandro que manipulou o provedor do jornal, a votação ganhou contornos inacreditáveis que comprometem a sua correspondência com realidade. O resultado da enquete não vai servir para nada, nem para o eleitor e nem para os candidatos, a não ser para deixar o jornal desacreditado.
A saída honrosa proposta por esse croniqueiro é cancelar tal enquete. Afinal, jornalismo escrito se faz com credibilidade que é construída ao longo do tempo. E não se joga isso na lata do lixo com atitudes tresloucadas.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário da Cultura de Araçatuba-SP
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