Carta a um apaniguado da iniciativa privada - Publicado no http://www.cadernodoanderson.blogspot.com/
Caro Adalberto,
Tive outros ofícios e neles me dei bem, trabalhei de forma autônoma e na iniciativa privada. Aconteceu de eu ser convidado a trabalhar na Administração Municipal em virtude da afinidade com o prefeito, pela formação universitária e pelo apoio de pessoas que me julgam competente. Eu sabia que algumas mentes divinas acusar-me-iam de coisas que não sou. Mas a vida é feita de desafios e de debates.
Nossos posicionamentos dizem muito do que somos. Pois bem, recentemente você me mandou um e-mail e me chamou de “puxa-saco”, “babaca”, “xarope”, disse que sou um “merda”, e insinuou que não tenho competência para exercer o cargo de assessor de imprensa na prefeitura. Ofendeu-me apenas por um motivo: porque critiquei, com textos publicados na internet, o jornal Folha da Régia Opinião, onde você trabalha.
Minha divergência com o periódico é política e moral. É uma questão de honra, de princípios também. O jornal atacou-me debilmente e tentou censurar-me. Age de forma ardilosa e engana a população. No desespero, chegou até a buscar o caminho da intimidação, mas acabou me dando mais força e oportunidade de escancarar os maus procedimentos jornalísticos que partem da redação por onde você vaga.
E a Folha também ataca o prefeito e deixa claro o lado político em que está, que é o da oposição. Eu defendo sim o prefeito, pela proximidade e por acreditar nele e no trabalho que ele tem feito. Fora da minha atividade de assessor de imprensa, na minha vida particular, defendo-o como pessoa e como figura pública. É um direito que eu tenho, é uma vontade minha.
No expediente da prefeitura, divulgo e defendo a Administração por ele conduzida temporariamente, e pelos secretários municipais. É meu dever profissional. Logo, eu, como assessor e pessoa de afinidade política com essa autoridade, evidentemente que sou parcial por lógica e profissão, é natural. Está claro de que lado estou pela aproximação com a figura política e por ser da assessoria.
Não sei se você sabe, Adalberto, mas assessores de imprensa do mundo todo são parciais. Agora, jornais têm o dever de serem isentos. Em tese, a Folha seria um periódico, mas age com parcialidade e com critérios bastante duvidosos. E, ainda por cima, é extremamente antiética, conforme já apontei em outras oportunidades.
Observo que você tem muito talento em dizer abobrinhas e não tem capacidade intelectual para refutar argumentos. Já que insiste em me ofender, também passo a usar palavras mais desenvoltas, por uma questão de igualdade. Há quanto tempo mesmo você trabalha na Folha, cabeça de abacate podre? Pois é, há 20 anos você está puxando o saco dos patrões do jornal, não é?
Ou você é muito competente na bajulação ou, por solidariedade, eles precisam te aguentar. Sim, porque teu texto é fraquíssimo e a revisão também não ajuda. Mas, fique tranquilo, quando se aposentar não haverá candidato mais forte que você para receber o grande prêmio de “Puxa-saco do século”. Por que não tentou refutar o que eu disse?
Mostre que estou errado nas minhas argüições, filhinho. Se não puder, não se exponha ao ridículo. O jornalismo tem caráter social, precisa ser feito para o interesse público. E isso não está sendo feito pelo jornaleco em que você trabalha. Não fique bravo porque observo isso. Muitas outras pessoas também observam a mesma coisa. E tem mais.
Entre apaniguados da iniciativa privada e apaniguados do poder público, fico com aqueles que, de fato, trabalham pelo interesse público. Você é uma dessas figuras que tem medo de largar a zona de conforto do puxa-saquismo (há 20 anos, como pode!), trabalhando para interesses particulares, muitos dos quais escusos. Então, antes de criticar quem você julga apaniguado, olhe para si próprio e para seu entorno.
Há tanto apaniguado na iniciativa privada quanto formigas no formigueiro. Sim, hipopótamo do jornalismo, sou servidor não-concursado, assim como o foram Carlos Drummond de Andrade e Machado de Assis – intelectuais respeitáveis que deram a sua contribuição para o serviço público. Também tenho procurado, guardadas as proporções, dar a minha contribuição.
Não ficarei por muito tempo na Administração, talvez não chegue a quatro anos. Ao contrário de você, Adalberto, que se acomodou na bajulação e no conformismo, penso mais alto e “tenho uma porção de coisas grandes para conquistar”. Por ora, vou continuar no combate a esse jornalismo antiético e babaca que vocês praticam.
Tomou, papudo?
Demóstenes Vieira Barbosa
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