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Contexto Livre - Corte?

08/07/11


 
Amigos e colegas:

Acabo de ser demitido da Empresa Jornalística Folha Metropolitana um ano, um mês e quatro dias depois de ser contratado para ser repórter de política. Este não é meu primeiro trabalho e nunca tornei público o motivo da saída por julgar que admissão e demissão fazem parte da liturgia das empresas. Logo, jamais exporia as razões da saída, se o motivo fosse contenção de despesas, qualidade do trabalho prestado, incompatibilidade entre mim e a chefia…

Desta vez, porém, é diferente: a minha demissão ocorreu porque noticiei em primeira mão e venho acompanhando o caso de nepotismo na Secretaria de Estado da Energia, sob o deputado licenciado José Aníbal (PSDB). A notícia está na página 10 da edição desta quinta-feira do jornal Metrô News.

Na segunda-feira, fui para uma entrevista com o deputado Carlos Roberto de Campos (PSDB-SP), munido de várias perguntas, uma das quais sobre nepotismo. O Metrô News vem acompanhando o episódio da contratação de Mateus Achilles Gomes pelo secretário-adjunto da Pasta, Ricardo Achilles, desde o início de junho.

Uma das estratégias era ver a opinião de Carlos Roberto sobre o caso ocorrido na pasta comandada por José Aníbal, uma vez que o PSDB é muito veemente nas críticas contra irregularidades. Carlos Roberto não foi induzido ou coagido a falar, mas falou e criticou severamente Ricardo Achilles e o colega de ninho, José Aníbal. A matéria foi publicada hoje, claro, com o consentimento do editor-responsável.

Nesta tarde, Carlos Roberto foi à redação, conversou com a direção do jornal e exigiu que o veículo desse uma resposta. A resposta foi a minha demissão.

Acho que devo dar essa explicação a todos os que me acompanham diariamente, seja por meio das das reportagens da Folha Metropolitana e do Metrô News ou na coluna ‘Em Off’, que mantinha às quartas e sextas-feiras.

Aproveito para agradecer o carinho dos colegas e me desculpar por possíveis desencontro de ideias. Creiam, sempre coloquei a lealdade e o respeito acima dos interesses diversos que permeiam o posto que ocupava. Nunca pactuei com interesses outros que não fosse o de dar a notícia da forma mais correta. Nunca usei do cargo para fins de ética duvidosa. Nunca aceitei barganhar a notícia. Nunca ‘carlosrobertei’, nem ‘anibalizei’ meu trabalho.

Peço que me ajudem a multiplicar essa mensagem indignada. Reitero: entrar e sair de empresas é fato comum e essa não é a primeira vez que acontece. Nunca, porém, tornei público o motivo da saída, por entender que essa é uma particularidade que cabe a patrão e a empregado. Dessa vez, porém, minha saída teve motivação política. Por trabalhar de forma correta, acabei punido.

O ciclo na empresa está terminado.

Um forte abraço a todos.
Ricardo Gomez, jornalista

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