Mera Coincidência
mostra como a imprensa
engole os factóides
Alberto Dines
Quando a imprensa marrom americana começou a chafurdar no Mediagate, no início de fevereiro, alguns correspondentes brasileiros começaram a falar num filme que estava em cartaz naquele momento nos EUA, Wag the Dog. Seria a versão ficcional do escândalo que envolveu o presidente Bill Clinton e a estagiária Monica Lewinsky.
O filme acaba de estrear no Brasil com o título de Mera Coincidência. Além do roteiro extraordinário de David Mamet e a direção eletrizante de Barry Levinson, trouxe a evidência de que os olheiros da nossa imprensa nos EUA não haviam visto o filme. Ou - mera coincidência- recusaram-se a entender sua mensagem: o escândalo sexual é marginal, pretexto para um relato sobre mídia e manipulação. O presidente americano nem aparece.
O filme é sobre a fabricação de fatos. E cuja repetição pela mídia os torna parecidos com a verdade. O que se convencionou chamar de factóide. O enredo é inverossímil mas os ingredientes são verdadeiros. O frio marqueteiro e o genial produtor estão lá e aqui, ligando para os colunistas, armando suas jogadas.
Um espetáculo fascinante sobre a indústria do espetáculo. O novo nome do que antes chamava-se jornalismo.
mostra como a imprensa
engole os factóides
Alberto Dines
Quando a imprensa marrom americana começou a chafurdar no Mediagate, no início de fevereiro, alguns correspondentes brasileiros começaram a falar num filme que estava em cartaz naquele momento nos EUA, Wag the Dog. Seria a versão ficcional do escândalo que envolveu o presidente Bill Clinton e a estagiária Monica Lewinsky.
O filme acaba de estrear no Brasil com o título de Mera Coincidência. Além do roteiro extraordinário de David Mamet e a direção eletrizante de Barry Levinson, trouxe a evidência de que os olheiros da nossa imprensa nos EUA não haviam visto o filme. Ou - mera coincidência- recusaram-se a entender sua mensagem: o escândalo sexual é marginal, pretexto para um relato sobre mídia e manipulação. O presidente americano nem aparece.
O filme é sobre a fabricação de fatos. E cuja repetição pela mídia os torna parecidos com a verdade. O que se convencionou chamar de factóide. O enredo é inverossímil mas os ingredientes são verdadeiros. O frio marqueteiro e o genial produtor estão lá e aqui, ligando para os colunistas, armando suas jogadas.
Um espetáculo fascinante sobre a indústria do espetáculo. O novo nome do que antes chamava-se jornalismo.
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