Pular para o conteúdo principal

Analfabetismo entre negros é o dobro

- A taxa de analfabetismo das pessoas negras no Brasil, segue sendo maior que o dobro do que ocorre entre as pessoas brancas, correspondendo a 71,6% do 6,8 milhões considerados analfabetos. Esse é um dos indicadores constantes do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil – 2009/2010.

Veja os outros principais indicadores

1. Afrodescendentes têm menor chance de acesso ao sistema de saúde. Taxa de não cobertura ao sistema chega a quase 27% (brancos, no entorno de 14%)

2. Entre 1986 e 2008 a Taxa de Fecundidade Total (TFT) de mulheres negras (48,8%) cai de forma mais acelerada que das mulheres brancas (36,7%), mas as negras se sujeitam com mais intensidade às laqueaduras. Quase 30% em idade fértil estão esterilizadas; brancas, 21,7%)

3. Mulheres negras têm menor acesso aos exames ginecológicos preventivos: 37,5% nunca fizeram exame de mamas (brancas, 22,9%), 40,9% nunca fizeram mamografia (brancas, 26,4%), 15,5% jamais fizeram o Papanicolau (brancas, 13,2%)

4. Cresce o peso relativo de Aids junto à população negra, especialmente no sexo feminino. Desde 2006, a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes das negras é superior à das brancas. Letalidade da Aids é maior entre os negros

5. A população negra é mais acometida pela infecção e morte por sífilis. No ano de 2008, do total de bebês infectados por sífilis congênita, 54,2% eram negros.

6. Mães de crianças negras têm menor acesso ao exame pré-natal (somente 42,6% fizeram mais de sete exames; no caso das brancas, 71%) e recebem atendimento menos cuidadoso no sistema de saúde, sugerindo a presença do racismo institucional. Por exemplo, mães que fizeram exame ginecológico até dois meses depois do parto: 46,0%, entre as gestantes brancas; 34,7%, entre as gestantes pretas & pardas.

7. Mães de crianças negras têm maior probabilidade de falecer por mortalidade materna. Morrem por dia cerca de 2,6 mulheres afrodescendentes por causas maternas (mulheres brancas, 1,5 por dia)

8. Negros são os mais beneficiados pelo Programa Bolsa-Família. Uma em cada quatro famílias chefiadas por afrodescendentes recebia o PBF (brancos, 9,8%). Peso deste Programa junto a esta população tem maior efeito no alívio das situações de Insegurança Alimentar extremadas. Por exemplo, o PBF permitiu a elevação do consumo de arroz por parte dos pretos & pardos em 68,5%, ao passo que entre os brancos o aumento foi de 31,5%. No caso do feijão ocorreu elevação no consumo pelos pretos & pardos de 68,0%, frente a 32,0% no aumento do consumo entre os brancos

9. Crianças e adolescentes afrodescendentes entre 4 e 17 anos são mais dependentes da merenda escolar para sobreviver: 60,6% são usuários deste tipo de recurso (brancas: 48,1%)

10. População negra tem menor probabilidade de acesso à Previdência Social. Em 2008, peso relativo dos trabalhadores pretos & pardos com acesso ao sistema era dez pontos percentuais menor em relação aos brancos. No caso das mulheres negras 20% das seguradas o eram na condição de Segurada Especial (entre as mulheres brancas, 10%)

11. Estudo especial da Unicamp feito para o Relatório mostra que negros tem menor esperança de sobrevida no conjunto das faixas de idade selecionadas. Fator Previdenciário aprofunda desigualdades raciais

12. Relatório revela que a Constituição de 1988 não é cumprida quando se trata do acesso da população negra ao sistema escolar. Descumprimento é generalizado. Entre as crianças negras entre 11 e 14 anos nem metade estudava na série esperada.

13. Crianças e adolescentes negros têm pior desempenho escolar e sofrem com condições de ensino mais precárias. Taxa de crianças negras estudando em escolas públicas é de 90% (brancas 80%). Mais de um terço das escolas públicas frequentadas por alunos negros tem ou nenhuma ou pouca condição de adequação de infraestrutura. Nem 20% têm condições de segurança boa ou muito boa


14. Jovens afrodescendentes são mais expostos ao abandono escolar e à frequência à escola em idade superior à desejada. Um em cada quatro jovens negros que fizeram o ENEM tiveram relatos de ter sofrido discriminação racial

15. Vinte anos depois da Constituição de 1988, a taxa de analfabetismo das pessoas negras segue sendo mais que o dobro do que a das pessoas brancas. 6,8 milhões de pessoas em todo país que frequentam ou tinham frequentado a escola são analfabetos, os pretos & pardos correspondem a 71,6% deste total.

16. Crianças afrodescendentes com idade inferior a 6 anos têm mais dificuldade para ingressar nas creches e no sistema regular de ensino. 84,5% das crianças negras de até 3 anos não frequentavam creches; 7,5% das crianças negras de 6 anos estavam fora de qualquer tipo de escola e apenas 41,6% estavam no sistema de ensino seriado

17. Réus vencem causas nos tribunais com maior frequência diante dos casos de denúncia de racismo. 66,9% nos Superiores Tribunais de Justiça. 58,5% nos Tribunais Regionais do Trabalho de 2ª instância

18. O Relatório Anual das Desigualdades Raciais traz, ainda, dados inéditos sobre desigualdades raciais contra pessoas afrodescendentes nos EUA, Cuba, Equador, Colômbia, Uruguai e Comunidade Europeia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Carta das Centrais Sindicais ao Presidente Bolsonaro

“EXMO. SR. JAIR MESSIAS BOLSONARO MD. PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL BRASÍLIA – DF Senhor Presidente, As Centrais Sindicais que firmam a presente vem, respeitosamente, apresentar-se à Vossa Excelência com a disposição de construir um diálogo em benefício dos trabalhadores e do povo brasileiro. Neste diálogo representamos os trabalhadores, penalizados pelo desemprego que atinge cerca de 12,4 milhões de pessoas, 11,7% da população economicamente ativa (IBGE/PNAD, novembro de 2018) e pelo aumento da informalidade e consequente precarização do trabalho. Temos assistido ao desmonte de direitos historicamente conquistados, sendo as maiores expressões desse desmonte a reforma trabalhista de 2017, os intentos de reduzir direitos à aposentadoria decente e outros benefícios previdenciários, o congelamento da política de valorização do salário mínimo e os ataques à organização sindical, as maiores expressões deste desmonte. Preocupa-nos sobremaneira o destino da pol

19 Exemplos de publicidade social que nos fazem pensar em problemas urgentes - POR: INCRÍVEL.CLUB

Criadores de propagandas de cunho social têm um grande desafio: as pessoas precisam não apenas notar a mensagem, mas também lembrar dela. Você deve admitir que, mesmo passados vários anos, não consegue tirar da cabeça algumas peças publicitárias desse tipo, que fizeram com que passasse a enxergar determinadas situações sob uma outra ótica. Se antes as propagandas sociais abordavam tmas como a poluição do meio ambiente com plástico e o aquecimento global, hoje existem campanhas sobre os perigos do sedentarismo, os riscos que o tabagismo representa aos animais em decorrência do aumento de incêndios florestais e até sobre a importância das férias para a saúde humana. São, portanto, peças que abordam problemas atuais e familiares para muita gente. Neste post, o  Incrível.club  mostra a você o que de melhor foi criado recentemente no campo das propagandas de cunho social. Fumar não é prejudicial apenas à sua saúde, mas também aos animais que vivem em áreas que sofrem com incênd

Empresas impõem regras para jornalistas

REDE SOCIAIS Por Natalia Mazotte em 24/5/2011 Reproduzido do Jornalismo nas Américas http://knightcenter.utexas.edu/pt-br/ , 19/5/2011, título original: "Site de notícias brasileiro adota regras para o uso das redes sociais por jornalistas"; intertítulo do OI Seguindo a tendência de veículos internacionais , o site de notícias UOL divulgou aos seus jornalistas normas para o uso de redes sociais , de acordo com o blog Liberdade Digital. As recomendações se assemelham às já adotadas por empresas de notícias como Bloomberg , Washington Post e Reuters : os jornalistas devem evitar manifestações partidárias e políticas, antecipar reportagens ainda não publicadas ou divulgar bastidores da redação e emitir juízos que comprometam a independência ou prejudiquem a imagem do site. Segundo um repórter do UOL, os jornalistas estão tuitando menos desde que as diretrizes foram divulgadas . "As pessoas estão tuitando bem menos. Alguns cogitam deletar seus p