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Como eles lêem, ouvem, vêem

José Paulo Paes, Veja, 3.4.1996:

"Na realidade, o que me perturba é que o mundo de hoje está muito burro. Nós temos uma oferta de bens culturais que seria inimaginável para os nossos antepassados e, entretanto, pouco se usufruem esses bens. Eu acho uma graça essas pessoas que lêem o New York Times, o Times de Londres. Pra quê? No fundo, é o mesmo jornal que se pode ler aqui. O chato é que os jornais brasileiros ficaram parecidos demais entre si. O que diferencia um do outro hoje é o nome da enciclopédia que eles vendem. Já foi diferente. Você pega o Nelson Rodrigues e mesmo o Assis Chateubriand, com toda a pulhice dele, são pessoas que deixaram uma marca. Eu, de uns tempos para cá, reivindico o direito à desinformação. (...) De que me vale perder duas horas por dia para ler coisas que não vão valer nada amanhã?"

João Sayad, Folha de S. Paulo, 1.4.1996:
"(....) Podemos refletir sobre o espírito crítico do jornal [Folha] e de seus colaboradores.
O que há de errado em negociar visões e propostas diferentes entre o Executivo e o Congressso? Será que a reforma da Previdência é matéria de consenso, valor básico da nacionalidade ou da civilização ocidental?
(....) Mais gozado do que os comentários sobre a cor do saco do presidente, é o que se escreve em páginas diferentes sobre o famigerado déficit público. Congressistas são acusados de aprovarem verbas no Orçamento para a construção de pontes, barragens, estradas, viadutos, chafarizes, escolas. Tudo é déficit público aos olhos dos jornais. E, portanto, execrável, odiável, criticável.
Quem gasta melhor em pontes – o Congresso ou o engenheiro do DNER? E em barragens – o Congresso ou o DNAEE? O que há de errado em aprovar uma verba no Orçamento para esta ou aquela obra pública?
(....) Falta à imprensa espírito crítico para analisar a ideologia dos economistas da época.
(....) Mais uma vez, a imprensa e seus articulistas reclamam ranzinzamente contra gastos públicos, vida política e negociação democrática.
Continuamos a carecer de espírito crítico sobre o que importa, oscilando para lá e para cá, entre Getúlio e Dutra, Juscelino e Collor, Celso Furtado e Eugênio Gudin, Partido Liberal e Partido Conservador, como nos últimos cem anos".
Fernando Henrique Cardoso, apud Gilberto Dimenstein, Folha de S. Paulo, 13.3.1996:
"Há duas categorias perigosas: jornalistas e economistas. Os jornalistas gostam de publicar tragédia, e os economistas adoram prever tragédia. O problema mesmo é quando os dois se encontram".

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