Pular para o conteúdo principal

Negros sem escolaridade têm 4 vezes mais chances de morrer por Covid-19 no Brasil, mostra estudo - POR: BEM ESTAR (G1)

26 de maio: menino da comunidade ribeirinha Educandos, em Manaus, usa máscara em meio a lixo jogado no rio durante a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. — Foto: Michael Dantas/AFP

26 de maio: menino da comunidade ribeirinha Educandos, em Manaus, usa máscara em meio a lixo jogado no rio durante a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. — Foto: Michael Dantas/AFP

As chances de um paciente preto ou pardo e analfabeto morrer em decorrência do novo coronavírus no Brasil são 3,8 vezes maiores do que de um paciente branco e com nível superior, apontou uma análise de quase 30 mil casos de internações pela Covid-19 feita pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde da PUC-Rio, destacando o impacto das desigualdades sociais na letalidade da doença no país.

A comparação feita pelos pesquisadores mostra que, entre os pacientes internados de cor branca, 62,07% se recuperaram, enquanto 37,93% morreram. Entre pretos e pardos, a situação se inverte: são 54,78% de mortes e 45,22% de recuperados.

Quando a análise é feita pela escolaridade, pessoas com nível superior representavam 22% das mortes analisadas, enquanto os sem escolaridade chegavam a 71,31%.

"Quanto maior o nível de escolaridade, menor a letalidade. Este efeito pode ser resultado de diferenças de renda, que geram disparidades no acesso aos serviços básicos sanitários e de saúde", aponta o estudo.

A soma dos dois índices mostra uma letalidade muito maior para negros sem escolaridade, de acordo com os pesquisadores, acrescentando que o estudo evidencia "as enormes disparidades no acesso e qualidade do tratamento no Brasil."

"Observa-se que pretos e pardos apresentaram maior percentagem de óbitos em relação aos brancos, em todos os níveis de escolaridade. Desta forma, pretos e pardos sem escolaridade mostraram uma proporção 4 vezes maior de morte do que brancos com nível superior (80,35% contra 19,65%)", mostra a análise do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois).

Mesmo que tenham a mesma faixa de escolaridade, pretos e pardos apresentaram uma proporção de mortes em média 37% maior do que brancos, sendo que entre pessoas de nível superior essa diferença é maior ainda, chegando a 50%.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, brancos representavam 51,4% do total de internados por Covid-19 no país até 18 de maio, enquanto pretos e pardos eram 46,7%. Em termos de óbitos, pretos e pardos representavam 54,8% e brancos 43,1%.

Na terça-feira o Brasil chegou a 391 mil casos confirmados do novo coronavírus, com mais de 24.500 óbitos. O país é o segundo do mundo com mais casos da Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos.

O estudo do Nois analisou ainda o Índice de Desenvolvimento Humanos dos Municípios onde ocorreram os casos. Segundo os pesquisadores, o IDH também parece ser um fator relevante para o desfecho dos pacientes com COVID-19.

"A chance de morte num município com baixo ou médio IDH é quase o dobro num município com IDHM muito alto", diz o documento.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Carta das Centrais Sindicais ao Presidente Bolsonaro

“EXMO. SR. JAIR MESSIAS BOLSONARO MD. PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL BRASÍLIA – DF Senhor Presidente, As Centrais Sindicais que firmam a presente vem, respeitosamente, apresentar-se à Vossa Excelência com a disposição de construir um diálogo em benefício dos trabalhadores e do povo brasileiro. Neste diálogo representamos os trabalhadores, penalizados pelo desemprego que atinge cerca de 12,4 milhões de pessoas, 11,7% da população economicamente ativa (IBGE/PNAD, novembro de 2018) e pelo aumento da informalidade e consequente precarização do trabalho. Temos assistido ao desmonte de direitos historicamente conquistados, sendo as maiores expressões desse desmonte a reforma trabalhista de 2017, os intentos de reduzir direitos à aposentadoria decente e outros benefícios previdenciários, o congelamento da política de valorização do salário mínimo e os ataques à organização sindical, as maiores expressões deste desmonte. Preocupa-nos sobremaneira o destino da pol

19 Exemplos de publicidade social que nos fazem pensar em problemas urgentes - POR: INCRÍVEL.CLUB

Criadores de propagandas de cunho social têm um grande desafio: as pessoas precisam não apenas notar a mensagem, mas também lembrar dela. Você deve admitir que, mesmo passados vários anos, não consegue tirar da cabeça algumas peças publicitárias desse tipo, que fizeram com que passasse a enxergar determinadas situações sob uma outra ótica. Se antes as propagandas sociais abordavam tmas como a poluição do meio ambiente com plástico e o aquecimento global, hoje existem campanhas sobre os perigos do sedentarismo, os riscos que o tabagismo representa aos animais em decorrência do aumento de incêndios florestais e até sobre a importância das férias para a saúde humana. São, portanto, peças que abordam problemas atuais e familiares para muita gente. Neste post, o  Incrível.club  mostra a você o que de melhor foi criado recentemente no campo das propagandas de cunho social. Fumar não é prejudicial apenas à sua saúde, mas também aos animais que vivem em áreas que sofrem com incênd

Empresas impõem regras para jornalistas

REDE SOCIAIS Por Natalia Mazotte em 24/5/2011 Reproduzido do Jornalismo nas Américas http://knightcenter.utexas.edu/pt-br/ , 19/5/2011, título original: "Site de notícias brasileiro adota regras para o uso das redes sociais por jornalistas"; intertítulo do OI Seguindo a tendência de veículos internacionais , o site de notícias UOL divulgou aos seus jornalistas normas para o uso de redes sociais , de acordo com o blog Liberdade Digital. As recomendações se assemelham às já adotadas por empresas de notícias como Bloomberg , Washington Post e Reuters : os jornalistas devem evitar manifestações partidárias e políticas, antecipar reportagens ainda não publicadas ou divulgar bastidores da redação e emitir juízos que comprometam a independência ou prejudiquem a imagem do site. Segundo um repórter do UOL, os jornalistas estão tuitando menos desde que as diretrizes foram divulgadas . "As pessoas estão tuitando bem menos. Alguns cogitam deletar seus p